Cancelamentos e atrasos obscurecem o ambiente do Orçamento de 2026.

O PGN de 2026 deve ser aprovado no primeiro debate antes de 15 de setembro.
Imagem ChatGPT
A discussão do Orçamento Geral da União de 2026, um dos projetos de lei mais importantes do ano, continua em meio a contratempos, após a sessão da Comissão Econômica Mista marcada para esta quarta-feira, 10 de setembro, ter sido cancelada sem explicação oficial pelas Secretarias-Gerais do Senado e da Câmara dos Deputados.
A decisão caiu como um balde de água fria em um clima político já tenso e foi um fato que não passou despercebido. O Congresso esperava que esta reunião adiantasse a submissão da proposta, um passo essencial para o início dos debates formais. No entanto, o adiamento deixa o cronograma em aberto e aumenta a incerteza quanto ao valor final do orçamento, que já tem sido fonte de controvérsia entre o governo e o legislativo.
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A reunião fracassada na Casa de NariñoO descontentamento se agravou na última terça-feira, 9 de setembro, quando uma reunião agendada na Casa de Nariño entre o presidente Gustavo Petro e membros das Comissões Econômicas foi cancelada . Inicialmente, estava marcada para as 18h e depois foi adiada para as 21h. No entanto, o atraso foi considerado desrespeitoso por vários congressistas, que decidiram não comparecer.
Para vários congressistas que conversaram com o Portafolio, a suspensão da reunião evidenciou a falta de coordenação política em torno de um projeto de lei que exige amplo consenso. Para outros, o governo não só carece de uma estratégia para garantir apoio, como também está enviando sinais de improvisação que dificultam a formação de acordos.

O PGN de 2026 deve ser aprovado no primeiro debate antes de 15 de setembro.
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Assim, os cancelamentos tanto da sessão do Congresso quanto da reunião no Palácio do Planalto alimentaram a percepção de um clima tenso em torno do Orçamento de 2026; enquanto a falta de explicações oficiais e de um cronograma claro levanta suspeitas. Alguns setores parlamentares sustentam que essas manobras podem refletir uma intenção deliberada do Poder Executivo de adiar o início dos debates, com o objetivo de empurrar o processo para o prazo legal e, assim, manter o controle sobre o valor final.
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A insatisfação do Partido UEm meio a essa situação, o Partido U expressou seu descontentamento com o que considera interferência governamental em assuntos de sua jurisdição política. De acordo com informações vazadas nos corredores do Capitólio, a insatisfação decorre do fato de altos funcionários do executivo terem assumido responsabilidades relacionadas ao Ministério das TIC, pasta que tem mantido estreita relação com o partido nos últimos anos.
O descontentamento aumentou a tal ponto que o Partido U (Esquerda Unida) considerou não comparecer à reunião com o presidente Petro, o que complicaria ainda mais o cenário político. Embora a reunião não tenha ocorrido, o gesto reflete o distanciamento crescente entre esse grupo e o governo em um momento crucial para a aprovação do orçamento.

O PGN de 2026 deve ser aprovado no primeiro debate antes de 15 de setembro.
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Enquanto isso, embora a proposta orçamentária estivesse prevista para ser entregue esta semana, a verdade é que ainda não se conhece um texto oficial e, consequentemente, o risco imediato é que o valor seja levado a votação sem um documento de apresentação que organize as discussões.
Não se deve esquecer que a ausência de um relatório também abre caminho para cortes orçamentários superiores aos US$ 7 bilhões propostos anteriormente como ponto de equilíbrio. No entanto, sem uma proposta clara sobre a mesa, cada setor político mantém seus próprios cálculos, e a possibilidade de cortes mais drásticos aumenta à medida que os dias passam sem acordos.
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O relógio está correndoA lei estabelece que o valor do orçamento deve ser aprovado pelas Comissões Econômicas antes de 15 de setembro. Embora ainda haja tempo, a sucessão de atrasos e cancelamentos complica a situação.
Se o Congresso não aprovar o valor até a data estabelecida, o risco é que o governo acabe editando o orçamento por decreto, uma solução legal, mas politicamente custosa. Por isso, já se ouvem vozes no Legislativo alertando para essa possibilidade, o que aumentou a desconfiança em relação ao Executivo.

O PGN de 2026 deve ser aprovado no primeiro debate antes de 15 de setembro.
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Nesse contexto, ganha força a possibilidade de o orçamento ser cortado em mais de US$ 7 trilhões; enquanto congressistas críticos argumentam que o déficit projetado e a falta de fontes claras de financiamento exigem um ajuste mais profundo.
Da mesma forma, o fato de nenhuma proposta ter sido protocolada reforça a incerteza; na melhor das hipóteses, um acordo seria alcançado nos próximos dias, mas o precedente de cancelamentos e atrasos coloca em dúvida a real disposição do governo de chegar a um consenso com o legislativo.
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Vale lembrar que o Orçamento Nacional de 2026 não é apenas um documento contábil, mas representa as prioridades de gastos e investimentos da reta final do governo Petro. Quaisquer cortes, sejam de US$ 7 trilhões ou mais, forçariam uma reavaliação de programas sociais, projetos de infraestrutura e compromissos setoriais.
Embora o Congresso, ciente dessa responsabilidade, tenha expressado sua disposição de votar, a falta de progresso concreto ameaça minar essa vontade e empurrar a discussão para um campo de confronto político, em vez de análise técnica. Por isso, a questão que paira no Capitólio é se os cancelamentos e atrasos são uma estratégia governamental calculada ou mera improvisação.

O PGN de 2026 deve ser aprovado no primeiro debate antes de 15 de setembro.
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Assim, o início conturbado da discussão do Orçamento Geral da Nação (OGN) de 2026 deixa mais perguntas do que respostas, já que o cancelamento de sessões importantes, o descontentamento de partidos como o Partido U e a ausência de uma proposta apresentada pintam um quadro complexo para a aprovação do valor final. Com o tempo correndo, o desafio do governo será demonstrar que consegue construir um consenso real e dissipar as suspeitas de que busca atrasar o processo para impor seus próprios valores. Caso contrário, o país poderá enfrentar um cenário de novos cortes, tensão política e um orçamento aprovado por decreto, com todas as consequências que isso acarretaria para a governabilidade e a estabilidade fiscal. DANIEL HERNÁNDEZ NARANJO
Jornalista de Portfólio
Portafolio