Políticas públicas para melhor transporte urbano

O transporte público urbano é extremamente necessário para os 70% da população mexicana que não possuem carro. As pessoas o utilizam para ir ao trabalho, buscar os filhos, ir à escola e tudo mais. O Metrobús ajudou, assim como os teleféricos. No entanto, ainda há muito a ser feito, especialmente no transporte público terrestre.
Na Cidade do México, caminhões velhos e/ou mal operados ainda são comuns, especialmente aqueles que operam sob o modelo de concessão. Em alguns casos, as autoridades tentaram, sem sucesso, revogar suas concessões, como no caso da Rota 57.
Os ônibus públicos geralmente estão em melhores condições e seguem regras mais rigorosas, mas há poucas linhas e, em muitas delas, há tão poucos ônibus que não há mais ônibus disponíveis. Muitas vezes, as pessoas não conseguem embarcar no ônibus que estão esperando porque ele está lotado. Também é comum esperar por um ônibus por muito tempo, sem saber quando ou mesmo se ele chegará. Em algumas linhas, há apenas dois ou três ônibus operando ao longo do dia.
Que ações regulatórias poderiam ser exploradas para melhorar a prestação desses serviços? Proponho algumas aqui. Elas se baseiam no meu conhecimento do serviço na Cidade do México, mas não tenho dúvidas de que algumas também poderiam ser aplicadas a outras cidades do país.
1. Fiscalize as paradas designadas. Isso se aplica especialmente a ônibus licenciados, pois é comum vê-los parar onde quer que estejam, muitas vezes sem encostar, o que gera trânsito intenso, especialmente em ruas com poucas faixas. É comum ver filas de carros atrás de um ônibus parado esperando alguém entrar. Embora existam paradas designadas, ninguém as fiscaliza, o que é necessário para cidades mais organizadas.
2. Estabelecer uma velocidade mínima e/ou tarifas diferenciadas. Os ônibus com concessão costumam circular muito lentamente quando vazios, esperando que os ônibus encham gradualmente. Embora isso seja justificável do ponto de vista da lucratividade da operadora, gera muito tráfego e externalidades negativas para outros motoristas. Novas possibilidades devem ser exploradas para ajudar a operadora a compensar seus custos e lucratividade sem afetar os outros. Isso inclui a imposição de uma velocidade mínima ou mesmo tarifas diferenciadas para idosos, pessoas com deficiência, estudantes e famílias numerosas. Isso permite uma maior lucratividade da operadora sem prejudicar o bolso daqueles que não podem pagar muito.
3. Possibilidade de pagamento eletrônico em ônibus com franquia. Embora essa opção já exista em ônibus públicos, um grande número de pessoas ainda viaja em ônibus com franquia. É comum que a operadora não tenha troco, e os passageiros acabam pagando a mais só para fazer a viagem.
4. Emitir um sinal de GPS para que os usuários possam prever com mais precisão o tempo de espera. Isso pode parecer caro ou difícil de implementar, mas atualmente os sinais de GPS podem ser transmitidos até mesmo com um celular e um plano de dados relativamente barato. O governo poderia envolver empresas de telecomunicações em um projeto desse tipo, o que resultaria em uma economia significativa de horas-homem, já que os usuários tomariam melhores decisões sobre quando sair de sua localização atual e chegar ao seu transporte sem ter que esperar tanto tempo. Embora já existam aplicativos que podem rastrear transporte público (mas não concessionado), esses aplicativos exigem uma assinatura paga.
5. Implementar um sistema de horários de partida em cada estação de ônibus. Na Cidade do México, é muito difícil estabelecer horários de chegada em cada ponto devido ao trânsito intenso. No entanto, estabelecer horários de partida pode fornecer uma referência para os usuários que aguardam em uma estação intermediária.
Além dessas recomendações simples, precisamos de uma polícia de trânsito mais presente e bem treinada, cujos objetivos estejam sempre voltados para as necessidades da população. Sem a autoridade para impor sanções, estabelecer regulamentações melhores é inútil.
Eleconomista