Com foco nas marcas chinesas, o aumento das tarifas automotivas

A proposta do governo, em análise no Congresso, de aumentar a tarifa sobre carros chineses para 50% é destinada "apenas a marcas chinesas que vendem seus produtos no México", como BYD, MG, GAC, Chirey, Changan, Jetour, Baic, JMC, DFSK, SERES, Great Wall Motor, Foton, Geely, entre outras; no entanto, o aumento acentuado ameaça os investimentos e empregos gerados por essas empresas asiáticas.
Guillermo Rosales, presidente da Associação Mexicana de Concessionárias de Automóveis (AMDA), afirmou que o aumento proposto "é muito significativo", colocando em risco os mais de 800 pontos de venda que as marcas chinesas estabeleceram no México, nos quais investiram 60 bilhões de pesos e geraram 32.000 empregos diretos.
Segundo informações da consultoria Urban Science Latam, a medida não se aplicará às montadoras tradicionais (independentemente de sua origem) que importam da China e vendem no mercado mexicano. É o caso da General Motors, que importa 74% de seus veículos da China; da Ford, que importa 23%, também da China; ou da Volkswagen, que importa 25% de suas vendas da Índia. Também não afetará a KIA, que importa 25% de suas vendas no México da China, ou a Stellantis, que importa 10% daquele país.
Este grupo de fabricantes tradicionais continuará importando sob o decreto para apoiar a competitividade da indústria automotiva e impulsionar o desenvolvimento do mercado interno. Este decreto permite que as marcas que fabricam no México continuem importando até 10% do seu volume de exportação isento de tarifas, disse Eric Ramírez, diretor geral da Urban Science Latam.
No entanto, o analista automotivo comentou que o aspecto positivo da proposta tarifária é o reconhecimento pelas autoridades de que os carros de marcas chinesas são artificialmente baixos e que os preços devem ser "equalizados" para evitar práticas predatórias, como guerras de preços. Isso significaria que, ao aumentar o custo de venda no México, o investimento local seria incentivado.
Preferências?
A realidade é que um certo grau de "discriminação" é percebido no decreto. Marcas chinesas pagariam tarifas, enquanto marcas tradicionais não. Isso não incentiva a produção "Made in Mexico" que o governo de Claudia Sheinbaum está buscando, nem garante que as marcas tradicionais reduzirão os preços dos carros chineses vendidos em nosso país, afirmou uma das fontes da indústria automotiva, que preferiu permanecer anônima.
"Metade dos carros chineses que chegam ao México vem de fabricantes tradicionais, que vendem veículos chineses a um preço mais alto do que os veículos chineses vendidos por fabricantes chineses. E os carros chineses comprados por marcas tradicionais têm os mesmos benefícios que o governo alega estarem eliminando empregos e promovendo o dumping, então quem fica com essa margem de lucro que não está sendo repassada ao consumidor?", questionou o analista automotivo.
A chinesa SAIC (controladora da marca MG) fabrica para a General Motors, e os carros que a gigante de Detroit importa estão uma geração atrás dos que a MG vende no México, embora venham da mesma fábrica, comentou, lembrando que “os benefícios fiscais são os mesmos quando o governo chinês coloca o selo GM como quando coloca o selo MG, mas há uma grande diferença de preços no México, porque a GM fica com os lucros e quem perde é o consumidor”, disse o analista.
Ele acrescentou que as marcas tradicionais aproveitaram a oportunidade de negócios, incentivada pelo próprio governo de Andrés Manuel López Obrador ao implementar um benefício de tarifa zero para veículos elétricos em 2020, logo após a chegada das marcas chinesas. Essa foi a porta de entrada para as marcas chinesas.
Entre janeiro e agosto de 2025, as vendas internas de produtos fabricados na China representaram 18,5% das vendas no México, e as vendas de marcas chinesas representaram 8,2% do mercado interno durante o período de referência.
Eleconomista