Os perigos ocultos nos piercings, brincos e anéis de metal

Um piercing no umbigo é uma causa frequente de infertilidade e outros problemas de saúde. É esta a convicção de vários especialistas em Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que relataram ao Nascer do SOL diversos casos de mulheres que só engravidaram depois de retirarem esse adorno do corpo.
Na atualidade, os praticantes da medicina fundada há mais de 2.500 anos, na bacia fértil do Rio Amarelo, espetam agulhas terapêuticas em pelo menos 361 pontos principais do corpo humano. No entanto, abstêm-se, ao máximo, de estimular o umbigo com agulhas, devido aos efeitos secundários, para ambos os sexos.
A cicatriz formada, à nascença, pelo corte do cordão umbilical, é considerada o ‘Portão do Espírito’. Espetada em permanência, bloqueia um dos meridianos energéticos principais do organismo, chamado ‘Vaso da Conceção’. «Quando uma pessoa se vem tratar de infertilidade, se tiver um piercing no umbigo, nós recomendamos que o retire», declara Pedro Choy, precursor da MTC em Portugal.
Este filho de mãe chinesa e pai ribatejano, que se doutorou na Universidade de Chengdu, garante que a perfuração permanente do ‘shenque’, como lhe chamam os chineses, é um perigo para os dois sexos. Para as mulheres, aumenta o risco de infertilidade, menstruações irregulares, complicações hormonais e perturbações do sistema endócrino. Quanto aos homens, podem tornar-se mais agressivos. Todos se expõem a perturbações da líbido: na maioria dos casos, uma diminuição drástica do desejo sexual. E a problemas do tubo digestivo e emocionais, como depressão ansiosa. «As pessoas com piercings no umbigo devem ficar atentas a uma emotividade lábil, a mudanças rápidas e intensas de sentimentos ao longo do dia», expõe Pedro Choy.
Na medicina ocidental, ginecologistas e obstetras também recomendam frequentemente às mulheres a remoção de piercings, mas por outras razões: evitar feridas e infeções durante a gravidez. A literatura científica tem vindo a chamar a atenção para estes riscos, em especial no caso dos piercings nos genitais. As recomendações, em regra, não os ‘proíbem’: focam-se antes na necessidade de vigilância e higiene rigorosas. A segurança começa, claro, na escolha de profissionais com padrões elevados de assepsia para a implantação. Para a medicina convencional, nem os piercings do mamilo são incompatíveis com a amamentação.
CORPOS LIVRES DE METAIS
No Centro de Medicina Integrativa Ana Moreira, no Porto, trabalha um médico argentino famoso por insistir com toda a gente para retirar piercings, brincos, colares, relógios e quaisquer outros adornos metálicos do contacto com o corpo. Quando as pacientes do sexo feminino resistem, chama-lhes a atenção para a beleza de bijuteria elaborada a partir de outros materiais, como pérolas ou corais.
Gonzalo Andina somou especializações no campo de medicina ocidental: Pediatria e Cirurgia Infantil, na Universidade de Buenos Aires; Urologia Pediátrica, na Universidade de Montpellier, Cirurgia Pediátrica de Alto Risco e de Queimaduras na Universidade de Tours. Depois, apaixonou-se pela Terapia Neural, disciplina da Medicina Integrativa que concebe o corpo como um ‘eletroma’, uma rede bioelétrica sensível a interferências.
«Há um órgão elétrico que funciona no nosso corpo. Ora, se você introduzir qualquer tipo de metal, arame ou parafuso numa tomada, vai seguramente ocorrer um choque», antecipa Gonzalo Andina, que trocou o bisturi por injeções de anestésicos diluídos, com o objetivo de regenerar o equilíbrio do ‘eletroma’ humano.
A TVI filmou um facto espantoso na sua consulta à psicóloga Patrícia Ferreira, realizada no dia 20 de junho. Com piercing, colar e brincos de metal, a paciente apresentava um desnível, entre os dois pés, na casa dos cinco centímetros, como se tivesse uma perna maior do que a outra. Assim que os tirava, esse sintoma desaparecia. Fez esse teste três vezes.
A doente deitou o piercing no lixo e guardou na mala os outros artefactos metálicos. Quase quatro meses depois, mostra-se satisfeita. «Fui movida sobretudo pela curiosidade, sem imaginar o impacto que iria ter na minha vida. Senti-me imediatamente mais leve, com mais vitalidade e uma energia renovada. O mais impressionante é que esta melhoria não foi passageira: até hoje sinto-me mais equilibrada, com mais clareza e disposição», relata Patrícia Ferreira, com cédula ativa na Ordem dos Psicólogos. Agora, só usa uns brincos de ouro, por poucas horas, em ocasiões de festa.
Há alguns estudos favoráveis a estas terapias, mas sem a ‘robustez’ necessária a estabelecer ‘evidências’ ou ‘verdades’ científicas aceites no mundo ocidental. Isso implica reunir milhares de pessoas e dezenas ou centenas de investigadores, em centros de diversos países. Esses ensaios exigem protocolos rigorosos, comissões de ética e o consentimento escrito informado de todos os participantes. A experimentação tem de ser ‘cega’ e ‘randomizada’: o grupo tratado é comparado com outro, que recebe um placebo. Tudo isto requer financiamentos elevados, difíceis de reunir se não derem origem a patentes industriais rentáveis, como os medicamentos de sucesso.
Jornal Sol