Aviões da Air Canada permanecem parados

A Air Canada cancelou centenas de voos e suspendeu as operações no sábado, em resposta à greve de seus comissários de bordo que reivindicam melhores salários durante a alta temporada turística. Cerca de 130.000 passageiros por dia sofrerão as consequências, segundo a empresa.

No Aeroporto Internacional Pearson de Toronto, um dos principais hubs da Air Canada e sua subsidiária Air Canada Rouge, o Terminal 1 estava excepcionalmente deserto na manhã de sábado, de acordo com um jornalista da AFP no local, já que os viajantes antecipavam o fechamento.

"Estamos oficialmente em greve", anunciou em comunicado o Sindicato Canadense de Funcionários Públicos (CUPE), que representa cerca de 10.000 comissários de bordo. Em resposta, a Air Canada anunciou em comunicado que estava "bloqueando os 10.000 comissários de bordo da Air Canada Rouge representados pelo Sindicato Canadense de Funcionários Públicos (CUPE)". Um lockout é o fechamento temporário de uma empresa decidido pelo empregador em resposta a uma disputa trabalhista. A greve durará 72 horas, informou a Air Canada, observando que 700 voos programados para sábado foram "suspensos".

A Air Canada, que voa diretamente para 180 cidades em todo o mundo, "recomenda veementemente aos clientes afetados que não se dirijam ao aeroporto", acrescentando que "lamenta profundamente o impacto da greve sobre os clientes". A greve começou por volta da 1h (7h na Suíça) da noite de sexta-feira, após o término do aviso prévio de 72 horas fornecido pelo CUPE. Mesmo antes do início oficial da greve, a empresa já havia reduzido gradualmente suas operações. Até a noite de sexta-feira, a empresa anunciou que já havia cancelado 623 voos, afetando mais de 100.000 passageiros, nos últimos dias.

Além do aumento salarial, a tripulação de cabine também exige pagamento pelas horas trabalhadas em solo, inclusive durante o embarque, o que não ocorreu até agora. A Air Canada detalhou uma proposta final de compromisso na quinta-feira que aumentaria o salário médio anual de um comissário de bordo sênior para 87.000 dólares canadenses (cerca de 50.800 francos suíços) até 2027, mas o CUPE considerou as propostas insuficientes, principalmente em vista da inflação.

O sindicato também rejeitou os pedidos da empresa e do governo canadense para tentar resolver as disputas por meio de arbitragem independente. A disputa, que ocorreu em meados do verão, está pressionando a Air Canada, principal companhia aérea do país, com sede em Montreal.

Rafael Gomez, diretor do Centro de Relações Industriais e Recursos Humanos da Universidade de Toronto e especialista em relações trabalhistas, disse à AFP que não esperava uma greve longa. "É alta temporada. A empresa não quer perder centenas de milhões de dólares em receita", disse ele.

A economia canadense, embora mostre sinais de resiliência, começa a sentir os efeitos da guerra comercial lançada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, com tarifas que afetam setores cruciais para o país. Em um comunicado emitido antes do início da greve, o Conselho Empresarial Canadense, que representa executivos de mais de 100 grandes empresas, alertou para o risco de as dificuldades serem agravadas por uma greve na Air Canada.