Os candidatos, as lebres e os desejados à esquerda e à direita

As últimas sondagens deram um novo alento aos candidatos presidenciais que já estão no terreno, mas também a outros, à esquerda e à direita que admitem agora ponderar candidaturas. Se no início de 2025 o almirante Gouveia e Melo parecia ser um candidato imbatível, a verdade é que os vários estudos que têm vindo a ser divulgados na comunicação social mostram que o antigo Chefe de Estado Maior da Armada está em perda constante desde que anunciou formalmente a candidatura.
«Toda a gente achou que isto estava ganho e agora perceberam que isto está em aberto. Agora perceberam que podem ser candidatos», diz-nos um apoiante de Marques Mendes. De acordo com esta fonte, «começa agora a perceber-se o óbvio, não há candidatos imbatíveis e quando começam a falar começam a perceber-se as fragilidades».
Nos bastidores da candidatura de Marques Mendes, o candidato apoiado pelo PSD e o primeiro a apresentar uma candidatura a Belém, não há receios com as candidaturas pré-anunciadas de Cotrim de Figueiredo e de Rui Moreira. «Ser candidato presidencial dá estatuto», dizem-nos, «durante alguns tempos as pessoas são recebidas como se fossem já presidentes». A chuva de candidatos no espaço centro-direita não preocupa para já a máquina de campanha do ex-líder do PSD, agora candidato presidencial.
Cotrim e Moreira
Se o anúncio de Cotrim de Figueiredo foi levado a sério no espaço do centro e da direita, o mesmo não aconteceu com o de Rui Moreira.
Várias vozes ouvidas pelo Nascer do SOL veem na disponibilidade anunciada pelo antigo líder e atual deputado europeu da Iniciativa Liberal, uma oportunidade para o partido fazer uma prova de força, depois de um resultado nas legislativas que ficou muito aquém das expectativas. Em sentido contrário, há no interior do partido quem ache que é um esforço que pode não compensar e criar novas divisões internas, numa altura em que a nova liderança de Mariana Leitão se procura afirmar. Porquê? Porque os ex-dirigentes do partido, Carla Castro, Paulo Carmona e Miguel Ferreira da Silva já tornaram público o seu apoio à candidatura de Marques Mendes.
Já a reflexão anunciada por Rui Moreira é vista como menos credível. Os que têm acompanhado mais de perto as ações do ainda Presidente da Câmara do Porto referem que Moreira está apenas a posicionar-se «por estratégia pessoal» e lembram que «nos últimos meses colocou alguns dos seus mais próximos nos estados gerais das candidaturas que já estão no terreno». Na opinião de várias vozes ouvidas pelo nosso jornal, a candidatura de Rui Moreira não vai chegar à estrada.
Centeno e Portas
São dois nomes que sempre surgem quando se fala em candidatos presidenciais. Centeno já disse não estar interessado e Portas mantém o tabu. Apesar de parecerem neste momento duas cartas fora do baralho, a verdade é que os acontecimentos das últimas semanas e a persistência de vozes que, à esquerda e à direita, continuam a dizer que não se reveem em nenhuma das candidaturas anunciadas, pode mudar o panorama.
Se já depois de se saber que Centeno não iria ser reconduzido como governador do Banco de Portugal, foram poucos os socialistas que arriscaram considerar que o antigo ministro poderia reconsiderar uma candidatura, a verdade é que essa possibilidade era bem vista por todos. Ferro Rodrigues terá dado o passo em frente para a reabertura de uma hipotética candidatura, ao dizer em entrevista à Agência Lusa que «é necessária e urgente uma candidatura democrática e humanista» e lançou o apelo, «há um desafio global que é colocado a toda a esquerda, mesmo às pessoas que já disseram ‘não, nunca, jamais’». Houve quem lesse nestas afirmações um apelo direto a Mário Centeno. Paulo Portas é o desejado para um setor à direita, mas são cada vez menos os que acreditam numa candidatura. Porque mantém então o tabu? «Como disse alguém, temem-nos por aquilo que podemos ser, não por aquilo que somos», diz-nos quem o conhece bem, «o passe dele vale mais do que os outros».
Jornal Sol