Tropas da Guarda Nacional controladas por Trump chegam a Washington

Tropas da Guarda Nacional começaram a agir na noite desta terça-feira (12) em Washington, após o presidente Donald Trump anunciar que mobilizaria os militares e que o governo federal tomaria o controle da polícia local com o objetivo de combater o que ele considera ser uma criminalidade excessiva na capital americana.
Trump declarou, na segunda, situação de emergência em segurança pública para justificar as iniciativas federais na cidade, que vão durar, inicialmente, 30 dias. No total, 800 homens da força federal trabalharão na capital.

Segundo autoridades de defesa ouvidas pelo jornal The Washington Post, alguns desses oficiais já estão na cidade desde o início desta terça, e outros são esperados nos próximos dias.
A medida é mais uma no sentido de "tomar controle" de Washington, como o republicano vem ameaçando fazer desde o início do mandato. A capital dos EUA integra o Distrito de Columbia e não fica em um estado americano. A cidade é parcialmente autônoma, com algumas partes da administração compartilhadas com o governo federal, e de tradição democrata, partido da atual prefeita, Muriel Bowser.
Bowser pediu aos líderes comunitários da capital que "se engajem" no apoio à cidade em resposta às ações de Trump que classificou de "pressão autoritária".
"O que você não deve fazer é esperar que eu diga o que fazer", afirmou. "Este é um momento em que a comunidade precisa intervir, e todos nós precisamos fazer o que pudermos em nosso espaço, em nossa área, para proteger nossa cidade, proteger nossa autonomia e superar essa situação."
Quando questionada sobre a atuação dos militares na cidade, a prefeita afirmou não ter conhecimento exato dos planos. "Minha expectativa, embora possa mudar, é que eles posicionem a guarda em propriedades federais —isso inclui parques, monumentos e prédios federais", disse.
De acordo com o jornal The New York Times, soldados foram posicionados na área do Monumento a Washington. A publicação diz que os militares ficaram, no máximo, duas horas no local. "Fizemos apenas uma patrulha de presença para ficar entre as pessoas, para sermos vistos", disse o sargento Cory Boroff.
Manifestantes estão convocando moradores a fazerem barulho todos os dias às 20h (horário local) enquanto durar a intervenção. Em pelo menos um bairro de DC, Adams Morgan, foi possível ouvir o "panelaço" nesta terça.
Ao anunciar a decisão, Trump declarou que este era o dia da libertação de Washington. "Nós vamos limpar a cidade", disse. O presidente afirmou que limpará os parques da capital, referindo-se à retirada de pessoas em situação de rua, e que as ajudará "na medida que puder", sem detalhar o que fará para auxiliar essa população.
A Casa Branca informou ainda nesta terça que as pessoas que estão nessa situação podem ser presas se não colaborarem com as medidas impostas por Trump. "Indivíduos em situação de rua terão a opção de deixar seus lugares, serem levados para um abrigo para moradores de rua, receber serviços de tratamento de dependência química ou saúde mental e, caso se recusem, estarão sujeitos a multas ou pena de prisão", disse a porta-voz Karoline Leavitt.
Ela ainda afirmou que o governo está buscando estratégias para realocar moradores de rua "para longe da capital". Segundo a porta-voz, a Polícia de Parques dos EUA removeu 70 acampamentos de moradores de rua de parques federais desde março e deve desocupar os dois acampamentos restantes na cidade ainda esta semana.
No domingo (10), Trump publicou em sua rede, a Truth Social, mensagem no qual falava que "os sem-teto têm que sair, IMEDIATAMENTE". "Vamos oferecer lugares para ficar, mas LONGE da capital", escreveu, com suas habituais maiúsculas.
Ao contrário da ideia que o presidente americano tenta passar, de aumento na insegurança da cidade, a taxa de crimes violentos em Washington recuou no último ano.
O presidente dos EUA tem a prerrogativa de tomar iniciativas ligadas a prédios federais, mas não para agir em relação à segurança da cidade, exceto em caso de emergência, que foi a justificativa de Trump para tomar conta da polícia local. A decisão de convocar a Guarda Nacional em Washington compete à Presidência, enquanto em outros estados o próprio governador pode decidir sobre o uso dessas tropas.
Trump disse que caberá à secretária de Justiça, Pam Bondi, gerir a polícia metropolitana. "Deixe-me ser clara: o crime em DC vai acabar. E vai acabar hoje", afirmou Bondi.
A Guarda Nacional é formada por militares da reserva. Seu uso é acionado geralmente em situações de emergência, caso de catástrofes naturais.
uol