Barreiras regulatórias excessivas estão afetando o crescimento econômico.

Burocracia e procedimentos nas empresas.
Imagem gerada com Inteligência Artificial - ChatGPT
Atualmente, existem diversos fatores que afetam o crescimento sustentado e mais robusto da economia colombiana. De acordo com projeções de mercado, espera-se que este ano termine com um crescimento do PIB entre 2,5% e 2,6%, indicador que está sendo limitado por variáveis macroeconômicas como produtividade, inflação, desemprego e investimento, entre outras.
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De acordo com um relatório da equipe de pesquisa da Corficolombiana, barreiras regulatórias excessivas estão se somando à situação atual que mantém a economia apegada ao consumo, principalmente de acordo com os dados mais recentes do PIB.
Isso se deve principalmente ao fato de que essa condição limita o dinamismo dos negócios, reduz a concorrência e distorce a alocação eficiente de recursos.
"Encontramos uma relação direta entre os índices de qualidade regulatória e o PIB per capita, demonstrando que países com um ambiente de negócios mais eficiente geram maiores rendas para suas populações", observou a empresa.

Notas colombianas
Fonte: Canva
De acordo com a análise, ao analisar os números em nível micro, em média uma empresa na Colômbia deve dedicar 2.620 horas por ano a procedimentos administrativos, o equivalente ao trabalho de mais de um funcionário em tempo integral.
E dada a prevalência de microempresas no país, essa situação ocorre com empresas com 10 ou menos funcionários, o que significa que elas dedicam quase 15% de seus funcionários exclusivamente a essas atividades.
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"A complexidade de fazer negócios na Colômbia se deve à falta de coordenação entre as entidades responsáveis pelos trâmites empresariais, aos altos custos administrativos e burocráticos e ao tempo necessário para criar e operar empresas, além das dificuldades operacionais para concluir esses trâmites, entre outros fatores", afirma o documento.
Somam-se a isso as lacunas de logística e infraestrutura e os altos custos de exportação, dificultando a integração das empresas colombianas aos mercados internacionais.
Por exemplo, segundo o Conselho de Competitividade Privada, entre 2010 e 2022, apenas 5% das empresas registradas no país realizaram atividades de exportação e, destas, apenas 11% exportaram de forma recorrente.
“A regulamentação complexa tem efeitos claros sobre o investimento: a falta de clareza nos padrões cria incerteza, enquanto a burocracia excessiva aumenta os custos de conformidade e reduz a lucratividade dos projetos, tornando-os menos atraentes para os investidores”, destaca o relatório.
Segundo a Confecámaras (Câmara Nacional de Comércio), 297.475 novas empresas foram criadas em 2024, o que representa uma queda de 2,8% em relação a 2023 e de 4,2% em relação a 2022. Ao mesmo tempo, a taxa de sobrevivência de cinco anos é de apenas 33,5%, e a mobilidade empresarial é limitada a 18%.
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Além disso, o ambiente de negócios é identificado como o principal obstáculo à sustentabilidade das empresas. Da mesma forma, a pesquisa "A Voz dos Negócios na Colômbia", realizada pela Universidade del Rosario, revela que 58% dos empresários consideram a Colômbia um dos países mais difíceis para iniciar e expandir um negócio.
Na mesma linha, o Banco Mundial, por meio de seus Indicadores Globais de Governança, mede a qualidade regulatória, entendida como a capacidade do Estado de formular e implementar políticas que promovam o setor privado.
O estudo da organização internacional destacou que, em 2014, a Colômbia alcançou sua maior pontuação neste indicador . No entanto, em termos absolutos, a pontuação foi baixa e tem se deteriorado constantemente desde então, ficando abaixo de países como Chile e Peru .
Somado a isso, o Índice de Complexidade Empresarial de 2025 do TMF Group classifica a Colômbia como o quinto país mais complexo do mundo em termos de empreendedorismo e operações. A combinação de instabilidade política, burocracia arraigada e procedimentos presenciais continua a prejudicar a atividade empresarial, reduzindo a competitividade em comparação com outros países da região.
De acordo com informações do Banco Mundial, a Colômbia fica atrás apenas do México em termos de ambiente de negócios mais complexo na América Latina, devido às suas regras e regulamentações rígidas.
O Brasil ocupa apenas uma posição atrás da Colômbia, com complexidades tributárias e contábeis que dificultam as operações comerciais. Em contraste, o Chile se destaca como um dos países mais favoráveis para se fazer negócios na América Latina, graças ao seu desempenho superior em operações internacionais.

Edifício Corficolombiana.
Arquivo EL TIEMPO
Outro ponto destacado pela equipe de pesquisa da Corficolombiana é que uma das principais causas dessas deficiências é a falta de coordenação entre as entidades responsáveis pelos procedimentos empresariais. Atualmente, a criação e o funcionamento de empresas envolvem múltiplas instituições que operam de forma fragmentada .
Segundo a OCDE, o número de procedimentos e o custo de abertura de empresas na Colômbia são quase o dobro da média de seus pares. Somado a isso, há a falta de um repositório único, claro e acessível das regulamentações vigentes, o que obriga as empresas a recorrer a fontes múltiplas e desconexas.
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“Essa fragmentação institucional, sem mecanismos de interoperabilidade, agrava a complexidade regulatória e reforça as ineficiências apontadas por Mejía (2020). Soma-se a isso o fato de que os custos regulatórios na Colômbia permanecem elevados; segundo a DNP (Agência Nacional de Desenvolvimento), os custos marginais de operação formal durante o primeiro ano equivalem a aproximadamente 5% do lucro bruto de uma microempresa. Além disso, Colômbia e Brasil são os únicos países da LAC5 que exigem renovação anual dos registros comerciais, com taxas definidas por cada Câmara de Comércio, o que aumenta os custos em comparação com outros países da região”, acrescenta o estudo.
Em relação à criação de empresas, o Banco Mundial indica que o tempo médio na Colômbia é de 11 dias, sendo que os trâmites ainda são presenciais, como a notarização dos estatutos sociais .
Isso contrasta com o Chile, onde o processo leva menos de 24 horas e é totalmente virtual, ou com o México e o Peru, onde é concluído em 8 e 9 dias, respectivamente. Apenas o Brasil fica atrás, com 17 dias.
LEIDY JULIETH RUIZ CLAVIJO, jornalista de portfólio
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