Abusadores diplomáticos: ministro dos BRICS comenta revogação do visto de sua filha de 10 anos

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Abusadores diplomáticos: ministro dos BRICS comenta revogação do visto de sua filha de 10 anos

Abusadores diplomáticos: ministro dos BRICS comenta revogação do visto de sua filha de 10 anos

O Ministro da Saúde do Brasil comentou sobre a revogação do visto americano de sua filha de 10 anos. O pai de Alexandre Padilha fugiu da ditadura para os EUA — agora, a família do Ministro da Saúde brasileiro se tornou alvo das táticas de intimidação de Trump.

Quando o pai de Alexandre Padilha mais precisou de ajuda, os Estados Unidos o acolheram, relata o The Guardian. Era 1971, no auge da brutal ditadura brasileira de duas décadas, e um jovem ativista chamado Anivaldo Padilha foi forçado a fugir de sua terra natal após passar 11 meses em um dos centros de tortura mais notórios do país, em São Paulo.

Contrabandeado para fora do país por um grupo religioso para evitar a morte, ele seguiu para o Uruguai e o Chile antes de finalmente fugir para os Estados Unidos. "Lá, ele pôde viver uma vida de liberdade que não poderia ter no Brasil", disse seu filho, Alexandre Padilha, que nasceu depois que seu pai partiu e só o conheceu oito anos depois, quando o clima político brasileiro começou a melhorar.

Então, foi uma surpresa desagradável, mais de cinco décadas depois, quando a filha de 10 anos de Padilha — neta de Anivaldo — se tornou a vítima mais jovem da campanha de pressão de Donald Trump contra o governo brasileiro, relata o The Guardian.

Ela e sua mãe tiveram seus vistos americanos revogados no mês passado, quando o governo Trump visou pessoas ligadas ao governo brasileiro e à Suprema Corte em uma tentativa frustrada de ajudar o ex-presidente Jair Bolsonaro a escapar da justiça por planejar uma tentativa de golpe em 2022. Bolsonaro foi condenado na quinta-feira a 27 anos de prisão pela tentativa frustrada de golpe.

“Gostaria de entender qual o risco que minha filha de 10 anos representa para o governo dos Estados Unidos se isso significar que ela não poderá visitar os Estados Unidos”, disse Alexandre Padilha, ministro da saúde do Brasil e um importante aliado do presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.

Em entrevista ao The Guardian no Rio, Padilha chamou a decisão de atacar seu filho de "um absurdo impressionante" e "um abuso diplomático".

Antes do julgamento de Bolsonaro, Trump impôs “sanções Magnitsky” a Alexandre de Moraes, o juiz da Suprema Corte que presidia o caso; revogou os vistos de oito dos 11 juízes da Suprema Corte do Brasil, incluindo Moraes; e impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.

Após a condenação de Bolsonaro na quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, deu a entender que os EUA puniriam ainda mais o Brasil e "responderiam apropriadamente a essa caça às bruxas".

No mês passado, Rubio anunciou que os vistos de dois funcionários do governo envolvidos na criação do programa de saúde Mais Médicos do Brasil haviam sido revogados, supostamente porque eles usavam médicos cubanos no programa. Padilla acreditava ter escapado da perda do visto porque o seu havia expirado. Ele ainda não obteve um visto para participar da Assembleia Geral da ONU na próxima semana, em Nova York.

Rubio alegou que as autoridades foram alvos porque um programa brasileiro que levou assistência médica a áreas remotas ajudou a enriquecer "um regime cubano corrupto e privou o povo cubano de assistência médica essencial". Mas Padilla, que disse que os médicos cubanos não estavam mais participando de um programa que ele creditava por salvar milhões de vidas, descartou isso como um pretexto.

Na verdade, o ministro disse que a decisão de Trump de atingir pessoas associadas ao programa, incluindo, indiretamente, sua filha, foi um reflexo dos ataques duplos do presidente dos EUA à assistência médica e à democracia.

A tentativa de Trump de forçar Lula a "interferir" no Judiciário independente do Brasil por causa da decisão de Bolsonaro foi um insulto antidemocrático. "Nada disso vai nos intimidar", prometeu Padilha. "Não desistiremos de defender a nossa democracia."

Enquanto isso, o ministro acredita que as ações de Trump em relação ao projeto de saúde brasileiro são reflexo de uma política que tem lançado um ataque implacável à saúde pública e à ciência — nos EUA e no mundo — desde que voltou ao poder em janeiro.

“Desde o início do governo Trump, ele lançou uma série de ataques à saúde pública nos Estados Unidos e em todo o mundo”, disse Padilla, observando que Trump cortou o financiamento para vacinas de mRNA, demitiu o chefe dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e expurgou os chefes dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH).

Padilla disse que seu pai ficou perplexo com a decisão "impensável" dos EUA de punir seu neto. "Nunca imaginei que o país que me deu asilo, que salvou minha vida... trataria minha neta com tanta crueldade", disse o homem de 85 anos, segundo ele.

Mas o ministro expressou esperança de que a campanha de Trump contra o sistema de saúde abra novas oportunidades para seu país. Enquanto o Secretário de Saúde dos EUA, Robert Kennedy Jr., reduziu os investimentos em vacinas de mRNA, o governo brasileiro investiu dezenas de milhões de dólares em instituições de saúde que estão avançando no desenvolvimento dessas vacinas que salvam vidas.

mk.ru

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