O quebra-cabeça mais difícil do mundo: imagens romanas incomuns encontradas

Arqueólogos montaram o "quebra-cabeça mais complexo do mundo" para revelar enormes afrescos que adornavam uma luxuosa vila na época romana no que hoje é Londres.
Fragmentos de gesso em ruínas descobertos durante escavações realizadas por especialistas do Museu de Arqueologia de Londres (MOLA) foram meticulosamente reunidos para revelar afrescos que cobriam cerca de 20 paredes internas do edifício.
Como observa a CNN, a importância dos fragmentos de gesso não ficou imediatamente evidente quando foram descobertos pela primeira vez em um sítio arqueológico em Southwark. Milhares de fragmentos foram encontrados em um grande poço, provavelmente resultado de trabalhos de demolição realizados pelos romanos antes de 200 d.C., afirma o museu.
Han Li, especialista sênior em materiais de construção do Museu de Arqueologia de Londres, passou três meses organizando cuidadosamente os fragmentos para reconstruir a enorme obra de arte, que não é vista há mais de 1.800 anos. Ela retrata frutas, flores, pássaros, candelabros e instrumentos de corda populares na época. Outro fragmento mostra uma mulher chorando, usando um penteado do período Flaviano (69-96 d.C.).
"Este é um momento único na vida, então senti uma mistura de entusiasmo e nervosismo quando comecei a aplicar o gesso", disse Han Li em um comunicado de imprensa da MOLA enviado à CNN. "Muitas das peças eram muito finas, e pedaços de diferentes paredes foram misturados quando o prédio foi demolido, então foi como montar o quebra-cabeça mais difícil do mundo."
Arqueólogos, que continuam realizando análises aprofundadas do gesso, acreditam que as pinturas foram inspiradas em exemplos de outras partes do mundo romano.
“Alguns dos fragmentos imitam azulejos de parede de alta qualidade, como pórfiro egípcio vermelho (uma pedra vulcânica com inclusões de cristal) emoldurando veios intrincados de giallo antico africano (mármore amarelo). Exemplos semelhantes foram encontrados ao norte do rio em Londinium, Colchester e Pompeia”, afirma o comunicado à imprensa.
A identidade de um dos artistas também é sugerida por uma "tabula ansata", uma placa decorativa esculpida que era então usada para assinar obras de arte. Um pedaço de gesso está gravado com a palavra latina "fecit", que significa "quem fez isto". Infelizmente, o mistério sobre quem foi essa pessoa permanece, já que a peça onde seu nome estaria está desaparecida, segundo a CNN.
Em outro local, a equipe encontrou uma gravura com escrita grega quase completa que parecia ter sido "habilmente composta" por um "escriba habilidoso", de acordo com um comunicado à imprensa. É o único exemplar conhecido desse tipo da Grã-Bretanha romana, mas exemplares semelhantes foram encontrados na Itália.
Os romanos invadiram a Grã-Bretanha em 43 d.C. e fundaram Londinium, a base da Londres moderna, logo depois. A ocupação romana durou quase 400 anos, terminando em 410 d.C., lembra a CNN.
Não é a primeira descoberta no local, que está sendo remodelado para se tornar um complexo de escritórios, casas e lojas. Mosaicos bem preservados que outrora decoravam o chão de uma grande sala foram encontrados lá em 2022, e um raro mausoléu romano foi descoberto no ano seguinte.
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