Luxuosa casa de banhos de famosa figura histórica é encontrada em 'cidade do vício' submersa

Arqueólogos acreditam ter encontrado uma casa de banhos que pertenceu ao advogado e estadista romano Cícero. Os restos das antigas termas foram descobertos debaixo d'água na cidade submersa de Baias, na costa do Golfo de Nápoles.
Mergulhadores descobriram um mosaico ricamente decorado a três metros da superfície da água na área onde ficava Portus Julius, relata o Daily Mail. Fontes antigas afirmam que foi lá que a vila de Cícero se situava antes de desabar no mar por volta do século IV d.C.
Situada ao sul da capital, Baiae já foi uma próspera cidade termal, onde os cidadãos mais ricos e poderosos de Roma vinham para escapar do calor do verão e aproveitar as águas ricas em minerais da região.
Em uma publicação nas redes sociais, o Parque Arqueológico dos Campos Flegreus escreveu: "A hipótese atualmente explorada é que podemos estar olhando para os banhos da Vila de Cícero, conhecidos por fontes."
O piso de mosaico provavelmente foi instalado com um sistema de aquecimento romano aprimorado que transformava o ambiente em uma sauna, ou laconicum.
Arqueólogos descobriram que a rede de canos e colunas que bombeavam ar quente uniformemente para o banho ainda estava intacta depois de quase dois milênios debaixo d'água.
Baias já era um destino de férias popular para a elite romana desde o século II a.C., com o poeta Lívio elogiando as propriedades curativas de suas águas, relata o Daily Mail. No século I a.C., Baias havia se tornado o equivalente antigo de Monte Carlo e era um renomado centro de prazer e vício. Pessoas como Júlio César, Augusto e Nero afluíam à cidade para ostentar sua riqueza, ter casos extraconjugais e se entregar a festas decadentes sem fim. Baias logo se tornou tão sinônimo de indulgência e pecado que o poeta Sexto Propércio a descreveu como um "redemoinho de luxo" e um "refúgio de vício".
Em um episódio infame, o louco imperador Calígula ordenou que uma ponte flutuante de 5 km de comprimento fosse construída para que ele pudesse atravessar a baía a cavalo, relata o Daily Mail.
No entanto, a cidade começou a afundar por meio de um processo chamado bradisseísmo vulcânico, em que a atividade vulcânica faz com que o solo suba ou desça, fazendo com que a baía afunde abaixo do nível do mar. No século IV d.C., grande parte da cidade havia afundado de 4 a 6 metros, deixando para trás um dos sítios arqueológicos mais bem preservados do país.
Desde sua descoberta na década de 1940, arqueólogos têm gradualmente começado a desenterrar mais ruínas perdidas da Cidade do Pecado do Império Romano. Em 2023, mergulhadores descobriram um piso de mosaico intacto, sustentado por pequenas colunas de tijolos e cercado por fragmentos de cerâmica.
As termas fazem parte de uma rede mais ampla de salas, piscinas e corredores de serviço que atendiam à elite romana. Agora que os arqueólogos concluíram a documentação do sítio, acreditam que se trata dos restos da vila há muito perdida de Cícero. Nascido em 106 a.C., Marco Túlio Cícero foi um renomado estudioso e advogado nos últimos dias da República Romana, relata o Daily Mail. Durante sua vida, ele lutou em vão para preservar os valores republicanos de Roma enquanto a cidade mergulhava na guerra civil que eventualmente daria origem ao império.
Após o assassinato de Júlio César, Cícero tentou usar o filho adotivo de César, Otaviano, para manter o poder. No entanto, Otaviano se voltou contra Cícero e ordenou sua execução em dezembro de 43 a.C.
Fontes modernas observam que Cícero tinha uma vila em Baiae, onde passava férias quando não estava em Roma, mas a localização exata se perdeu no tempo.
Os pesquisadores classificaram o trabalho como "empolgante", mas afirmaram que mais pesquisas seriam necessárias para afirmar com certeza se se tratava da vila de Cícero. Eles escreveram: "Destacam-se os materiais cerâmicos encontrados durante as escavações e atualmente em estudo, que parecem fornecer informações importantes sobre a construção e a destruição do sítio arqueológico."
O trabalho de restauração do complexo de banhos, em particular dos pisos de mosaico e fragmentos de pinturas, começará no outono, escreve o Daily Mail.
Um membro da equipe de pesquisa acrescentou: "Esta descoberta não apenas ilumina a vida cotidiana da elite romana, mas também expande nossa compreensão da estrutura social e cultural da época."
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