Guarda Nacional nas ruas de Los Angeles: protestos contra a política de imigração de Trump

Tudo começou em 6 de junho. Naquele dia, o serviço federal ICE (Immigration and Customs Enforcement) em Los Angeles, em cooperação com o DHS (Departamento de Segurança Interna), realizou batidas policiais como parte de uma campanha para combater a migração ilegal de mão de obra e o uso de passaportes falsificados. Eles foram ao "setor paralelo", onde, segundo os serviços, a mão de obra de imigrantes era ativamente utilizada. Estamos falando de fábricas têxteis, armazéns e canteiros de obras. Durante a batida, pelo menos 44 pessoas foram detidas, e cerca de 118 em uma semana.

No mesmo dia, ativistas tentaram bloquear o trabalho dos agentes. Bloquearam pontes e entradas de prédios. Os primeiros confrontos ocorreram. A polícia de Los Angeles classificou o protesto como uma reunião ilegal. Em resposta, as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo, balas de borracha, granadas de efeito moral e spray de pimenta.

No dia seguinte, a situação piorou. Centenas de manifestantes se juntaram aos ativistas. Eles bloquearam saídas de prédios federais e estacionamentos, atiraram pedras grandes em funcionários e veículos oficiais. O Axios relata centenas de prisões.

"Multidões violentas atacaram agentes do ICE e agentes federais que realizavam grandes operações de deportação em Los Angeles", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Caroline Leavitt , que também criticou o estado por não proteger seus cidadãos.

O presidente dos EUA, Donald Trump, enviou 2.000 soldados da Guarda Nacional da Califórnia às ruas. Aliás, a última vez que o líder americano usou a Guarda Nacional foi para reprimir protestos em Minneapolis, após o policial matar George Floyd. O governador da Califórnia, Gavin Newsom (democrata), se manifestou contra isso.

"O governo federal está semeando o caos para ter uma desculpa para escalar a situação. Não é assim que qualquer país civilizado se comporta", disse Newsom.

Vale destacar que os manifestantes conseguiram invadir o primeiro andar do Edifício Federal Edward R. Roybal, onde ficava a sede do ICE. Ali, o líder sindical do SEIU Califórnia, David Huerta, foi detido.

O diretor interino do ICE, Todd Lyons, acusou a prefeita Karen Bass de apoiar os manifestantes. Ele disse que a polícia de Los Angeles levou mais de duas horas para responder ao ataque aos agentes. Ele afirmou que mais de mil manifestantes invadiram o prédio, superando em número os policiais que estavam lá dentro.

"O que aconteceu ontem em Los Angeles foi horrível. Enquanto manifestantes atacavam policiais federais do ICE e da polícia nas ruas de Los Angeles, o prefeito Bass se aliou ao caos e à ilegalidade em detrimento da lei e da ordem", diz o comunicado.

Bass, no entanto, disse que está trabalhando com as autoridades federais para encontrar as melhores soluções. Ela criticou as ações das autoridades federais de imigração, dizendo que elas estão semeando o terror nas comunidades e minando os princípios básicos de segurança. Ela também condenou a violência vista nas ruas da cidade.

“Se o governador da Califórnia, Gavin Newsom, e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, não conseguem fazer seus trabalhos, e todos sabem que eles não conseguem, então o governo federal vai intervir e resolver esse problema de tumultos e saques da maneira que deve ser resolvido”, disse Trump , acusando o estado de lentidão, citando os incêndios .

O secretário de Defesa, Pete Hegseth, alertou que o Pentágono estava preparado para enviar tropas "se a violência continuar". Os fuzileiros navais em Camp Pendleton já foram colocados em alerta máximo.

O governador do estado chamou a decisão de deliberadamente provocativa, dizendo que "a ameaça de mobilizar fuzileiros navais da ativa em solo americano contra nossos próprios cidadãos" era evidência do "comportamento anormal" de Hegseth.

"Rebeldes agitando bandeiras estrangeiras estão atacando autoridades de imigração enquanto metade da liderança política dos Estados Unidos decidiu que a segurança da fronteira é um mal", disse o vice-presidente J.D. Vance .

Trump exigiu que os protestos em Los Angeles fossem reprimidos e agradeceu à Guarda Nacional por seu trabalho. Ele também disse que, a partir de agora, o uso de máscaras em protestos é proibido. Enquanto isso, os primeiros confrontos ocorreram em Nova York.

A situação na Califórnia não se estabilizou. É possível que a agitação continue e o confronto possa se intensificar devido às medidas duras e à divisão nos círculos políticos americanos.