Indonésia destitui comandante após morte em protestos

As autoridades da Indonésia destituíram um comandante da polícia devido à morte de um manifestante, numa onda de protestos que começaram em Jacarta há 11 dias, provocando pelo menos 10 mortos e quatro mil detenções.
A Comissão Nacional de Ética Policial determinou a demissão de Kosmas Kaju Gae, comandante de uma brigada móvel, por “violação grave” dos regulamentos no incidente que causou, a 28 de agosto, a morte de Affan Kurniawan, um jovem condutor da plataforma GoJek — o equivalente local ao Uber.
De acordo com a imprensa local, incluindo o portal Jakarta Globe, outros seis agentes estarão implicados na morte, após a vítima ter sido alegadamente atropelada por um veículo policial.
Segundo a Amnistia Internacional, Kurniawan foi a primeira das pelo menos dez vítimas mortais das manifestações. A Comissão para Pessoas Desaparecidas e Vítimas de Violência (KontraS) denunciou ainda o desaparecimento de 20 manifestantes.
Os protestos eclodiram após ser divulgado que os 580 deputados da Câmara dos Representantes passariam a receber até 14 mil dólares mensais (cerca de 12 mil euros), na sequência de um aumento orçamental.
Sindicatos e organizações estudantis apontaram que a maioria dos trabalhadores indonésios aufere menos de 3% desse valor por mês.
A morte do condutor da GoJek intensificou a vaga de protestos e confrontos nas ruas, incluindo atos de vandalismo e repressão policial.
Na sequência da crise, o Presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, anunciou cortes nos privilégios parlamentares e ordenou às Forças Armadas e à polícia que tomem “medidas firmes”.
Na terça-feira, a imprensa local noticiou a descoberta de 48 cartuchos de gás lacrimogéneo nos arredores de dois campi universitários.
Na véspera, a Aliança de Mulheres da Indonésia convocou uma vigília frente ao parlamento, e novas manifestações estavam previstas para esta quinta-feira.
observador