Sánchez rejeita eleições antecipadas e desafia PP

Depois de reunir com a direção do PSOE, Pedro Sánchez prometeu esta segunda-feira que os socialistas espanhóis vão “dar a cara” pelas suspeitas de corrupção que envolvem o partido, rejeitando, porém, convocar eleições legislativas antecipadas. “Não vamos encobrir a corrupção nas nossas fileiras por mais doloroso que seja”, afirmou. O socialista desafiou os partidos da oposição, que têm pedido a sua demissão, a apresentarem uma moção de censura ao governo.
“Se querem governar, devem apresentar uma moção de censura e dizer ao Parlamento e aos cidadãos que modelo de país querem para Espanha. Devem explicar aos espanhóis que um governo de coligação progressista legitimado por 179 deputados deve demitir-se por causa de um caso de alegada corrupção que ainda está a ser investigado”, afirmou o Presidente do governo espanhol, citado pelo El País.
O também secretário-geral do PSOE garante que “a pedido próprio” se vai apresentar ao Congresso espanhol, assim que possível, para poder dar explicações aos deputados. Depois da reunião com a direção dos socialistas espanhóis, Sánchez afirmou que serão públicos os resultados da auditoria externa às contas do PSOE — prometida pelo próprio para “eliminar qualquer sombra de dúvida”, após as suspeitas de corrupção que envolvem os dois últimos secretários do partido.
Corrupção, fraude eleitoral, PSOE em xeque. O caso que deixa o lugar de Pedro Sánchez em risco
Um relatório da Guardia Civil apresentado na semana passada levantou suspeitas sobre José Luis Ábalos, antigo ministro das Obras Públicas de Sánchez que já era suspeito de corrupção, e Santos Cerdán, deputado e secretário do PSOE, que acabou por apresentar a sua demissão deste último cargo na semana passada. Ambos seriam peças centrais num esquema em que são suspeitos de cobrar comissões elevadas em troca de adjudicações para obras públicas, como a construção de estradas ou de vias férreas.
Sánchez anunciou esta segunda-feira que uma equipa de transição vai assumir o controlo sobre a secretaria de Organização do PSOE, até à próxima reunião do Comité Federal do partido, que se realiza a 5 de julho. À porta fechada, na reunião da direção dos socialistas espanhóis, o Presidente do governo espanhol terá dito, de acordo com o El País, que “o mais razoável é circunscrever a crise à secretaria de Organização”, o órgão do PSOE que é o epicentro das mais recentes suspeitas de corrupção no partido.
A equipa de transição anunciada pelo Presidente do governo espanhol terá como objetivo sugerir medidas drásticas para reestruturar a estrutura do PSOE e garantir que o partido não volta a ver o nome envolvido em escândalos como os que vieram a público recentemente. O grupo de transição será composto por quatro militantes socialistas que não têm ligações à anterior composição do secretariado de Organização, entre os quais, a presidente do PSOE, Cristina Narbona.
Na reunião do Comité Federal de julho, um dos pontos na agenda será a aprovação de uma remodelação deste órgão do partido. O local do encontro do órgão máximo do PSOE estava marcado para Sevilha, porém, após serem conhecidas as graves suspeitas de corrupção sobre o partido, vários dirigentes fizeram pressão à direção nacional para que a reunião ocorresse em Madrid. Pedro Sánchez acedeu e o Comité Federal vai reunir-se a 5 de julho na sede nacional do PSOE, na rua Ferraz, da capital espanhola.
Santos Cérdan apresentou na manhã desta segunda-feira a sua desfiliação voluntária do PSOE por escrito, de acordo com a imprensa espanhola. Este deverá ser também o seu último dia como deputado no parlamento espanhol, depois ter comunicado a sua demissão ao Supremo Tribunal de Espanha.
A gestão da saída de Cérdan acontece de maneira diferente da de José Luis Ábalos, o seu antecessor no lugar de secretário de Organização do PSOE, que é considerado o número 3 na hierarquia do partido. Quando foram conhecidas as primeiras suspeitas de corrupção que o envolviam, em fevereiro de 2024, Ábalos recusou a abdicar do seu lugar de deputado, sendo que o PSOE suspendeu a sua filiação do partido. Esse processo ficou igualmente resolvido esta segunda-feira com a oficialização da expulsão do antigo ministro das Obras Públicas.
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