A Rússia tem um novo foguete Benderol. A inteligência militar ucraniana divulgou dados

A inteligência militar ucraniana (HUR) revelou os dados de projeto do novo míssil S8000 Banderol usado pelo lado russo em ataques à Ucrânia, informou o Telegraph na terça-feira. O míssil é construído com componentes de diferentes países e é lançado por grandes drones russos Orion.
Segundo especialistas ucranianos, trata-se de um míssil de cruzeiro leve, barato e pequeno, que pode atingir velocidades de cerca de 650 km por hora e atacar alvos a quase 500 km de distância. O Banderol pode transportar ogivas pesando 115 kg. O HUR enfatizou que a característica única desta arma é que ela é lançada usando drones russos Orion, o que significa que a Rússia não usa aeronaves muito mais caras para esse propósito. No futuro, o Banderol será lançado por helicópteros de ataque Mi-28.
De acordo com o Telegraph, a arma teria sido usada em ataques russos no sul da Ucrânia neste ano e, segundo relatos não oficiais, seus alvos eram Odessa e Mykolaiv.
Segundo o analista militar Vijainder K Thakur, citado pelo jornal britânico, ao produzir essas armas a Rússia pode criar um "poderoso sistema de armas" que dará às suas forças "uma vantagem significativa no campo de batalha". Ele prevê que a produção em massa de um míssil barato pode ser um marco para o exército russo.
O HUR descobriu que 20 componentes principais do foguete Banderol vieram de 30 empresas, incluindo China, EUA, Suíça, Japão, Austrália e Coreia do Sul. O motor em si pode ser comprado nas plataformas de vendas chinesas AliExpress e Alibaba por US$ 12.000. libras. Além disso, foi determinado que o projétil continha, entre outras coisas: um dispositivo americano de rastreamento de movimento, um microcontrolador da Suíça, um modelo australiano de troca de informações e uma bateria do Japão.
Como observou o jornal britânico, "a dependência da Rússia de componentes estrangeiros destaca uma enorme brecha nas sanções que lhe permite contornar as restrições ocidentais usando cadeias de suprimentos complexas por meio de terceiros países, incluindo China, Turquia, Emirados Árabes Unidos e antigas repúblicas soviéticas vizinhas".
Segundo Kiev, o modelo S8000 Banderol foi desenvolvido pela empresa de armas russa Kronstadt, que está sujeita a sanções de países ocidentais.
A Rússia não concordará com um cessar-fogo de 30 dias porque está se preparando para uma ofensiva e planeja entrar na região de Dnipropetrovsk, disse o cientista político ucraniano Yevhen Mahda, chefe do Instituto de Política Mundial em Kiev, na terça-feira.
"A Rússia quer ditar as regras e, devido à sua posição política, está tentando mostrar que pode impor qualquer coisa. Portanto, no momento, esta é uma posição bastante clara. Não vejo razão para a Rússia concordar com um cessar-fogo de 30 dias. Ela está se preparando para uma ofensiva, onde concentrou forças significativas. Por exemplo, tem a perspectiva de entrar na região de Dnipropetrovsk, e isso é bastante realista", disse o especialista.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse na terça-feira que quer negociar um cessar-fogo incondicional de 30 dias em uma reunião presencial com Vladimir Putin durante negociações na Turquia esta semana, porque somente o líder russo pode decidir sobre isso.
"Acredito que um encontro entre Zelensky e Putin simplesmente não acontecerá. Não há ilusões sobre isso. Putin é um covarde. E, nesta situação, para ser honesto, não vejo razão para esperar que ele venha à Turquia", observou Mahda.
Na sua opinião, o líder ucraniano está fazendo um bom trabalho, mas suas expectativas são muito altas. "Espero sanções significativas, mas será que serão realistas? Até agora, provavelmente não", observou.
Zelensky lembrou na terça-feira que a Ucrânia convidou o presidente dos EUA, Donald Trump, para a reunião na quinta-feira, mas não houve confirmação de sua presença. "Não sei a decisão do presidente dos EUA, mas, de qualquer forma, se ele confirmar sua participação, acho que isso daria a Putin um ímpeto adicional para vir", acrescentou.
Segundo o especialista, Putin precisa do presidente americano Donald Trump como uma figura política que ele possa influenciar. "Na realidade, hipotéticas negociações trilaterais representam uma séria ameaça à Ucrânia. Porque, na minha experiência, a capacidade de Putin de influenciar psicologicamente Trump é maior do que a de Zelensky nesse aspecto", explicou.
O presidente ucraniano anunciou um encontro com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan em Ancara na quinta-feira e anunciou um acordo entre eles para voarem juntos para Istambul se Putin chegar lá.
"Erdogan pode ser visto como um potencial mediador; o assunto está sendo discutido e vemos que esforços estão sendo feitos para que isso aconteça. Por outro lado, a China sinaliza cautelosamente que apoia um cessar-fogo de 30 dias. Há sinais de que um grupo de mediadores pode ser formado, mas ainda há um longo caminho a percorrer", disse Mahda.
Segundo o especialista, a Ucrânia agora não tem outra escolha a não ser continuar a diplomacia e aumentar o apoio às Forças Armadas da Ucrânia.
"A Rússia não tem nenhum mecanismo instrumental que possa impedir a guerra. Eles acumularam tanta +escória+ em suas forças armadas que interromper a guerra agora significaria criar uma ameaça, espalhando-a dentro do país", explicou Mahda.
"Devemos entender que não haverá cessação completa das hostilidades na Ucrânia, apenas sua suspensão, e em caso de suspensão, a Rússia atacará um país da UE que faça fronteira com ela com uma probabilidade superior a 80%, a fim de destruir a unidade euro-atlântica. Na situação atual, tenho sérias dúvidas de que os Estados Unidos defenderão seus parceiros europeus", disse Mahda.
De Kiev Iryna Hirnyk
mzb/ mal/

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