Cientistas temem impacto enquanto senadores apoiam pesquisa com primatas

Hospitais universitários e organizações científicas holandesas alertaram sobre uma decisão parlamentar de eliminar gradualmente o financiamento governamental para pesquisas médicas envolvendo primatas, alertando que isso poderia prejudicar gravemente a saúde pública e forçar o fechamento do principal centro de pesquisa de primatas da Holanda.
Na semana passada, a maioria na Câmara dos Representantes apoiou inesperadamente uma proposta do PvdD, partido pró-animais, de retirar gradualmente € 12,5 milhões em subsídios anuais do Centro de Pesquisa Biomédica de Primatas (BPRC) em Rijswijk. A medida foi inserida no orçamento do Ministério da Educação, que foi então aprovado pelos senadores na tarde de terça-feira.
A mudança instrui o Ministério da Educação a redirecionar o financiamento para métodos alternativos de pesquisa e diz que o subsídio deve ser totalmente retirado até 2030.
Antes da votação de terça-feira, universidades e a academia holandesa de ciências KNAW escreveram ao parlamento, chamando a medida de "abrangente, mal pensada e prejudicial à saúde pública".
“A pesquisa com primatas é essencial para o progresso da medicina”, dizia a carta. Ela também foi assinada por quatro instituições de pesquisa europeias, além da HollandBio e da associação holandesa de medicamentos inovadores, que representa empresas de biotecnologia e farmacêuticas.
O BPRC é a maior instalação do gênero na Europa. Participa de pesquisas sobre doenças infecciosas, como malária e Covid, e sobre condições neurológicas, como Parkinson e Alzheimer. Anualmente, no máximo 150 macacos podem ser utilizados em estudos.
A diretora do BPRC, Merel Langelaar, disse ao Financieele Dagblad que o centro corre risco de fechamento. "A mudança no subsídio nos dá algum espaço para buscar outras fontes de renda, mas na prática isso é muito difícil. Somos um instituto científico — não queremos assumir contratos de pesquisa comercial", disse ela.
Os hospitais universitários e a KNAW consideraram "ingênuo" acreditar que alternativas eficazes — como modelos de computador ou mini-órgãos cultivados em laboratório — podem substituir totalmente os estudos com macacos, especialmente para sistemas complexos como o cérebro ou o sistema imunológico.
O BPRC tem sido alvo de protestos pelos direitos dos animais há muito tempo e sua equipe já enfrentou ameaças de ativistas.
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