Frete e tarifas estão aumentando? Transportadores alertam para reforma tributária


A Colfecar alerta que o aumento dos impostos sobre o diesel e do imposto de auto-retenção impactarão suas finanças e elevarão os preços de seus serviços.
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Para cobrir o déficit de US$ 26,3 trilhões no Orçamento Geral da União de 2026, o governo apresentou ao Congresso um novo projeto de reforma tributária. A proposta busca modificar impostos como renda, patrimônio, consumo, IVA e carbono. Embora o Executivo projete uma receita de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB), as transportadoras alertam que as medidas pressionarão seus custos, especialmente devido ao impacto no preço do diesel e à carga tributária que já enfrentam.
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Durante a apresentação, o Ministro da Fazenda, Germán Ávila, explicou: “Dos US$ 556,9 bilhões do orçamento, precisamos de US$ 26,3 bilhões. Não pretendemos apenas cobrir as necessidades fiscais de 2026, mas também garantir a estabilidade fiscal a médio prazo. Esperamos um debate sério e responsável, no qual as opiniões dos diferentes atores sejam ouvidas.” A iniciativa sucede duas tentativas anteriores do atual governo: a reforma de 2022, aprovada por José Antonio Ocampo e que gerou uma receita de US$ 20 bilhões, e a reforma de 2023, apresentada por Ricardo Bonilla, que não prosperou no Congresso, apesar de projetar um orçamento de US$ 12 bilhões.
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Impacto da reforma tributária no transporte: diesel, frete e tarifas em risco
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O projeto de lei propõe ajustes em diversos impostos que impactarão pessoas físicas e jurídicas. As mudanças incluem aumento de impostos sobre bebidas alcoólicas, cigarros, jogos de azar online, cirurgias plásticas e a compra de motocicletas de alta cilindrada. Medidas que afetariam proprietários de veículos híbridos e produtores de combustível também estão incluídas.
O governo sustenta que essas mudanças garantirão o encerramento do ano fiscal de 2026 e a continuidade dos programas sociais e de investimento. No entanto, a falta de consenso no Congresso gera incerteza quanto à sua viabilidade, devido às posições divididas entre os partidos e ao custo político dos novos encargos tributários.
Preocupação com o transporte de cargasUm dos setores que mais expressou preocupação é o do transporte de cargas. Nidia Hernández Jiménez, CEO da Colfecar, declarou: “O setor de transporte de cargas tem enfrentado pressão e alta incerteza devido às inúmeras regulamentações emitidas por diversas entidades governamentais, além daquelas atualmente em andamento. A reforma tributária é completamente inoportuna e inaceitável. Este ano, quando fomos atingidos por um aumento de 218% na autodeclaração de imposto de renda, essa decisão continuará a sufocar as empresas de transporte.”
Hernández observou que o impacto mais significativo seria nos preços dos combustíveis: "Também estamos preocupados com o preço do diesel devido ao aumento do IVA de 5% para 19% sobre a renda do produtor, além do aumento do imposto sobre o carbono. Esses fatores combinados representam um golpe muito sério para o nosso setor, já que o combustível representa 40% da nossa estrutura de custos e, com esse aumento, estima-se que o aumento do diesel possa chegar a 12%."
Segundo a Colfecar, o diesel já registrou um aumento de 16% até o momento, o que resultou em um aumento de 20% a 30% no frete . "Isso não tem sido fácil para os setores produtivos, que também foram duramente atingidos nos últimos três anos, e as tarifas de transporte público claramente também aumentarão, impactando a inflação", acrescentou o sindicalista.Você pode estar interessado em:

A importância do combustível na estrutura de custos torna esse insumo um fator crítico para o transporte de cargas e passageiros.
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A importância do combustível na estrutura de custos torna este insumo um fator crítico para o transporte de cargas e passageiros. Segundo cálculos do sindicato, um reajuste tributário que aumente o preço do diesel teria impacto imediato em toda a cadeia produtiva, elevando os custos de distribuição e logística, repassando-os aos preços finais ao consumidor.
Líderes empresariais alertam que, com a combinação do imposto de auto-retenção e das taxas adicionais de combustível, as empresas de transporte enfrentam dificuldades financeiras. Os setores industrial e comercial que dependem do transporte de cargas preveem que os ajustes aumentarão seus custos operacionais, com efeitos diretos na competitividade e nos preços ao consumidor.
Enquanto o governo defende a necessidade de fechar o déficit fiscal e garantir receitas estáveis, o setor de transportes insiste que uma reforma nos moldes propostos "será um golpe gravíssimo para nossas operações", segundo a Colfecar. O debate no Congresso será crucial para definir o alcance das medidas e seu impacto em um dos setores estratégicos da economia nacional.
Paula Galeano BalagueraJornalista de Portfólio
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