Nós somos as tílias das estrelas


Negri As tílias da minha aldeia, Melzo, são tão bonitas quanto todas as suas outras irmãs arbóreas que dão sombra e perfumam...
Negri As tílias da minha aldeia, Melzo, são tão belas quanto todas as suas irmãs arbóreas que sombreiam e perfumam as avenidas da Europa. Na verdade, não: as nossas da Viale Gavazzi são ainda mais belas. Especialmente aquelas destinadas à serra elétrica por necessidade, sem virtude, de uma entrada de automóveis. Sim, são as mais belas. Porque entre os galhos, mesmo com ventos calmos e mesmo despidos de folhas, farfalham as experiências de quase um século do nosso povo. Elas, as tílias, são um pouco de nós, e nós, em última análise, somos um pouco delas. Histórias de família. Ai de quem tocar nos seus filhos. Ou nas tílias, de quem somos filhos. Peço desculpas, sou apenas um colunista e o que escrevo se perde entre as folhas, mas eu realmente gostaria que as minhas cotovias servissem para alguma coisa. Conto impressões, pensando na estrada entre as jovens tílias que ainda cortava o campo em direção ao norte: no final do trecho reto, com a pirâmide marrom de Grigna, emergia uma sensação de continuidade arbórea, marcada pela flor da tília. Um Caminho Verde milagroso e sombreado de Melzo a Innsbruck e depois até Berlim, chegando a Unter den Linden, sob as tílias, precisamente. Ah, talvez. As lendas, como sabemos, são cheias de mentiras, mas é bom contá-las, se ao menos pudessem impedir a execução. Como morador do bairro, porém, tenho mais lembranças do que fábulas. As duas tílias em frente à antiga escola secundária que não existe mais: era lindo vê-las das salas de aula sob o vento desgrenhado de abril ou, encharcadas por mil chuvas, amarelando acima do forte tronco marrom, imunes às neblinas reais. Até o pátio interno da escola era um condado de tílias, e elas se faziam ouvir, de fato, especialmente na primavera. Para onde vou? A lugar nenhum: palavras, palavras, palavras. Entre elas, incluo as de um passado de guerras de zarabatanas — as xícaras — ao longo do fosso verde e seco da avenida, com as tílias sempre discretas e imparciais. E incluo também um maio quente e inquieto, quando descobrimos a existência das meninas. Elas estavam sentadas na beira de um banco, prontas para fugir, rindo. Tinham flores de tília nos cabelos, mas isso é apenas uma impressão transbordante.
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