A Almond Company quer taxar as amêndoas da Califórnia

A Compagnie des amandes, cofundada por Arnaud Montebourg para revitalizar a indústria francesa de amêndoas, acaba de enviar uma solicitação muito oficial à Comissão Europeia, exigindo contramedidas contra os Estados Unidos, visando a importação de amêndoas da Califórnia para a Europa.
A empresa sediada em Aix, que administra 230 hectares de pomares na França e está prestes a abrir uma unidade de britagem em Brignoles, na região de Var, refere-se em sua carta às "importações excessivas da União Europeia de nozes produzidas nos Estados Unidos da América".
Assinada pelo ex-ministro da Recuperação Industrial e pelo CEO da Compagnie des amandes, François Moulias, a carta pede medidas retaliatórias genuínas no contexto da guerra comercial declarada pelo presidente Trump. "Diante das taxas alfandegárias americanas, a Europa deve estabelecer contramedidas robustas e duradouras para proteger seus setores agroalimentares, em particular o de amêndoas. Isso é tanto uma necessidade quanto uma oportunidade."
E lembra o desequilíbrio entre a produção europeia e a internacional: um rendimento de 3 toneladas por hectare na Califórnia, comparado a 1 a 2 toneladas na Europa, onde o cultivo de amêndoas é muito menos intensivo.
A dupla de empreendedores destaca o consumo excessivo de água na Califórnia para as necessidades desta cultura, que seca os lençóis freáticos: entre 9.150 m3/ha e 13.200 m3/ha segundo ONGs americanas, contra 4.000 a 6.000 m³/ha na Espanha, 3.500 a 5.000 m³/ha na Itália.
"Na França, a Compagnie des Amandes (o principal pomar da França) expressou uma necessidade que, dependendo das condições climáticas, varia entre 2.500 e 4.000 m3/ha por ano."
Abelhas em movimentoOutro ataque ambiental, destaca a empresa sediada em Aix, é o deslocamento de milhões de abelhas para polinizar os pomares californianos, abandonados por insetos devido às práticas agrícolas intensivas.
"Todos os anos, durante a floração das amendoeiras, os agricultores da Califórnia trazem aproximadamente 2,2 milhões de colmeias (número de 2023, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos)."
Tantos pontos negros que, no entanto, tornam economicamente mais forte a indústria amendoeira americana, cujos frutos são vendidos mais baratos, em detrimento dos produtores europeus, que são, no entanto, cada vez mais numerosos e cujos volumes crescem: os espanhóis aproximam-se das 370.000 toneladas, os italianos das 75.000 toneladas, os portugueses das 62.000 toneladas, os gregos das 28.000 toneladas.
A França continua sendo um pequeno produtor, com cerca de 2.200 toneladas, e esse número está aumentando constantemente. A Compagnie des amandes, portanto, solicita a criação de um imposto aduaneiro de 50% sobre as amêndoas americanas importadas.
"As importações de amêndoas americanas para a Europa são muito altas, já que a UE ainda é uma importadora líquida e está muito longe de ser autossuficiente, já que somente as importações de amêndoas americanas representam quase um bilhão de euros", lembram os cofundadores da empresa provençal, que apresentaram este memorando como parte da consulta pública organizada pela Comissão Europeia sobre as novas medidas tarifárias dos Estados Unidos sobre as importações de vários produtos originários da UE ou provenientes da UE, e as medidas da UE previstas em resposta.
Nice Matin