Defesa: Novos exercícios militares conjuntos entre Rússia e Bielorrússia preocupam OTAN

Eles estão ocorrendo de sexta a terça-feira perto de uma cidade a leste de Minsk, a capital, de acordo com autoridades bielorrussas.
Polônia, Lituânia e Letônia, países-membros da OTAN e vizinhos da Bielorrússia, criticam a realização do exercício tão perto de suas fronteiras. Todos os três reforçaram a segurança e restringiram o tráfego aéreo em certas áreas, com Varsóvia também ordenando o fechamento completo de sua fronteira com a Bielorrússia durante os exercícios.
Moscou pediu na quinta-feira que Varsóvia "reconsidere a decisão tomada (de fechar a fronteira) o mais rápido possível", denunciando "medidas de confronto" e uma "política de escalada de tensões".
A intrusão de cerca de vinte drones no espaço aéreo polonês na noite de terça para quarta-feira, considerada deliberada por Varsóvia e seus aliados, mas negada por Moscou, provocou forte comoção na Polônia e foi descrita como uma provocação pelos países ocidentais. Varsóvia teve que mobilizar seus aviões e os de seus aliados da OTAN para abater os drones, que vinham dos céus da Ucrânia e da Bielorrússia.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, afirmou que a situação estava mais próxima de um "conflito aberto" do que desde a Segunda Guerra Mundial. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que o objetivo das manobras russo-bielorrussas "certamente não era defensivo". E que elas "não visavam apenas a Ucrânia", afirmou.
A Rússia minimizou as preocupações sobre os exercícios militares, apelidados de Zapad-2025 ("Oeste-2025", referindo-se ao fato de estarem ocorrendo na parte ocidental da aliança russo-bielorrussa). O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que se tratava de "exercícios planejados, não direcionados a ninguém".
Os exercícios Zapad são geralmente realizados a cada quatro anos. A edição de 2025 é a primeira desde o início do conflito na Ucrânia, em fevereiro de 2022. O exercício de 2021 mobilizou cerca de 200.000 soldados russos, poucos meses antes do lançamento do ataque. Desta vez, espera-se que a escala dos exercícios seja bem menor, com centenas de milhares de soldados russos mobilizados na Ucrânia. A Bielorrússia havia declarado em janeiro que 13.000 soldados participariam dos exercícios, mas indicou em maio que esse número seria reduzido pela metade.
Segundo Donald Tusk, as manobras visam simular a ocupação do Corredor Suwalki, que se estende ao longo da fronteira entre a Polônia e a Lituânia, com o enclave russo de Kaliningrado a oeste e a Bielorrússia a leste. Este corredor é frequentemente considerado um ponto fraco da OTAN, podendo ser o primeiro alvo de um hipotético ataque russo.
Esse medo é "um completo absurdo", descartou o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko. Seu país está tentando conciliar sua proximidade com a Rússia, da qual é altamente dependente, com o desejo de melhorar sua imagem entre os países ocidentais. O ministro da Defesa bielorrusso disse recentemente à mídia estatal que os exercícios Zapad foram transferidos para longe das fronteiras da Polônia e da Ucrânia para "reduzir as tensões".
Minsk, no entanto, disse em agosto que as manobras envolveriam os mísseis hipersônicos Oreshnik da Rússia, com capacidade nuclear, que seriam implantados em Belarus.
O analista militar Alexander Khramchikhin, baseado em Moscou, chamou os exercícios Zapad de "um mero espetáculo" sem significado real. Mas Vasily Kashin, analista do Conselho Russo de Assuntos Internacionais, ligado ao Kremlin, disse que os exercícios eram "tanto uma demonstração quanto um verdadeiro treinamento de combate". "Devemos estar prontos para defender a Bielorrússia, se necessário", disse ele.
SudOuest