Um navio afundado da Segunda Guerra Mundial e grafite urbano: um olhar diferente sobre Aruba, a ilha que mistura história e cultura caribenha.

O catamarã parou, assim como a música. "Kingston Town", do UB40, um clássico em qualquer viagem ao Caribe, estava tocando. Andrew, um guia da Red Sail Sports, anunciou aos passageiros que eles estavam prestes a conhecer uma das atrações históricas e turísticas mais icônicas de Aruba.
“Bem aqui, abaixo de nós, repousa uma joia histórica: o SS Antilla, conhecido como o 'navio fantasma de Aruba'. É um cargueiro alemão construído para o comércio entre o Caribe e a Alemanha”, explica Andrew aos turistas, a maioria americanos.
O barco partiu de Palm Beach, no Píer De Palm, um dos principais pontos de partida de catamarãs e outras embarcações que navegam pelo Caribe. Aruba fica lá, no sul do Caribe, a apenas 25 quilômetros da Venezuela.
Após um breve briefing de segurança, no qual Andrew e sua equipe detalham as regras e os equipamentos básicos para explorar o mar aberto, mais de 50 turistas entram na água. Em meio aos tons turquesa e bolhas, eles iniciam a busca pelo lendário "Navio Fantasma de Aruba".
Não é preciso ser um profissional para admirar os restos deste navio, afundado por sua própria tripulação em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, após a invasão alemã da Holanda. Na costa de Aruba, decidiram submergi-lo para evitar que caísse em mãos inimigas.
Basta mergulhar a cabeça debaixo d'água para descobrir a silhueta deste gigante de 122 metros, outrora um dos navios mais imponentes. Hoje, ele repousa pacificamente, cercado por cardumes de peixes coloridos que deslizam entre sua estrutura, transformada ao longo dos anos em um vibrante recife artificial.

O SS Antilla foi afundado em 1940. Foto: Cortesia - Aruba
Para quem não está acostumado a mergulhar com snorkel, descer aos 18 metros abaixo da superfície onde o SS Antilla repousa parece uma tarefa assustadora. Andrew, no entanto, conhece bem o impacto dessa imagem: num piscar de olhos, sua silhueta surge nadando pelas passagens do navio naufragado. Impressionados, vários de nós levantamos as mãos e fizemos o sinal de "OK", celebrando o feito do guia.
"Estou acostumado, faço isso todos os dias. Vivo no mar", responde Andrew assim que emerge, quando turistas perguntam como ele consegue descer a tais profundidades.
Continente No horizonte, ergue-se o Monte Jamanota, a montanha mais alta de Aruba, com 188 metros. Contornamos a montanha enquanto viajamos pelo nordeste da ilha, em direção ao Parque Nacional Arikok, a maior área natural protegida deste território caribenho, com 4.000 hectares.
Fazemos este passeio em um veículo 4x4 com bancos traseiros rebatíveis, pois estes são um dos poucos veículos — além das picapes — que, devido à sua robustez, conseguem entrar e circular pelo parque, devido ao terreno montanhoso e árido. É por isso que a maioria desses passeios é realizada neste tipo de veículo, que pode até ser conduzido pelos próprios turistas.
Nesta jornada terrestre, somos acompanhados por Erick, um guia da empresa Isla Aruba, que nos guia pelos segredos do Parque Nacional Arikok. Aberto diariamente das 9h às 16h, o parque convida você a se perder por trilhas que levam a cavernas misteriosas, descobrir espécies que só habitam esta ilha e se refrescar em piscinas naturais que parecem deliberadamente escondidas pela natureza.
A trilha de paralelepípedos serpenteia por pequenas colinas e, embora de difícil acesso, oferece uma aventura ousada para descobrir um dos segredos mais bem guardados do Parque Nacional de Arikok: suas cavernas. A trilha escura e úmida começa na Caverna Fontein, uma das cavernas mais famosas desta reserva natural. O guia explica sua importância, pois ali se encontram preservadas pinturas rupestres que demonstram a presença de comunidades indígenas.
A 10 minutos a pé de Arikok fica outra maravilha natural, a Caverna Quadirikiri. Ao contrário da primeira, esta é muito maior e muito procurada pelos turistas porque os raios de sol que filtram pela caverna criam um coração artificial, que, segundo a lenda, é uma referência a uma história de amor.
“Os avós dizem que aqui viveu uma história de amor impossível: a filha de um chefe e um jovem guerreiro que não podia estar com ela. Ao descobri-los, o pai decidiu trancar a menina nesta caverna e o rapaz em outra próxima. Mas o amor era mais forte que as pedras. Uma noite, eles conseguiram se encontrar neste mesmo lugar. Aqui, sob esses raios de sol que entram pelo teto, selaram seu destino: morreram juntos, mas suas almas escaparam pelos buracos da caverna e, desde então, viajam livremente pelo céu de Aruba. Então, quando você olhar para cima e vir a luz atravessando a caverna, lembre-se de que não é apenas o sol: é também a memória daqueles amantes que continuam a iluminar este lugar”, disse Erick.
Dica: reserve um tempo para encontrar a silhueta do coração e tire uma foto digna de impressionar seus seguidores nas redes sociais.

Visão geral da Caverna Quadirikiri. Foto: Julio Herrera
Mas nem tudo é calor neste parque. Nosso guia avisa que é hora de se refrescar, pois a temperatura chega a 32 graus Celsius. A estrada é mais acidentada, mas a paisagem compensa. Daqui, você consegue avistar quase toda Aruba, já que estamos em um dos pontos mais altos da ilha. E com vista para o Caribe, uma piscina natural perfeitamente formada, entre grandes rochas, bate forte no mar, formando ondas naturais que refrescam os turistas que vêm nadar lá.

Piscina Natural em Aruba, no Parque Nacional Arikok. Foto: Julio Herrera
Nas ilhas caribenhas, a arte é uma ferramenta constante para redefinir seus territórios, e Aruba não é exceção. San Nicolás, a segunda maior cidade da ilha, consolidou-se como seu centro artístico. Ao contrário de Oranjestad, a capital, esta cidade preserva a arquitetura e o aroma tradicionais de Aruba, enquanto a capital se caracteriza pela presença de grandes e luxuosos hotéis.
San Nicolás pode ser explorada através de seus grafites, criados por diversos artistas que, por meio de formas e cores, narram a cultura e a história da ilha. Tito Bolívar, diretor da Feira de Arte de Aruba e promotor dessas expressões, explicou sua importância ao EL TIEMPO.
“Eles (os grafites) transformaram completamente a imagem da cidade. Costumava ser conhecida como uma área de prostituição e tolerância, mas hoje, graças aos murais, foi nomeada pela revista Forbes como a 'Capital da Arte do Caribe'. Isso atraiu turistas em busca de cultura, autenticidade e arte, algo que não encontram na zona hoteleira”, reflete Bolívar.
Ao longo do passeio, você poderá apreciar uma variedade de técnicas de desenho: murais anamórficos, mosaicos, intervenções com materiais industriais e até propostas experimentais com aerossóis e rolos. São estilos variados de artistas do mundo todo que vêm a Aruba para mostrar seus talentos.
“Tivemos o Ensein 51, da Grécia, o único artista anamórfico do mundo. Também tivemos o Walt Drain, de Bali, especialista em arte anamórfica. Também tivemos a Isidora Paz, uma das melhores mosaicistas do mundo; o Seps, de Medellín, altamente reconhecido internacionalmente; o 7.1, que trabalha com metais e deixou duas obras na ilha; e o Gemis, da República Tcheca, que esteve presente em todos os nossos festivais. Vimos também o trabalho do anjo de Omaena Silva; o Ken Lee Queen com sua obra 'Nomas', que reflete nossa visão para São Nicolau; e até o Mysterio, com seu mural dedicado a 'Sara Quito Fringa', atualmente considerada uma das artistas mais importantes do mundo”, explica Bolívar sobre os artistas que visitaram São Nicolau para fazer seus grafites.

Grafite em San Nicolás, Aruba Foto: Julio Herrera
A capital de Aruba, Oranjestad, raramente dorme. Sua diversificada oferta gastronômica atrai turistas do mundo todo, principalmente dos Estados Unidos, seguido pela América Latina como o segundo maior mercado.
Se você é um viajante que gosta de experimentar a culinária local e internacional, considere estas recomendações. A primeira é o Papillon, localizado no The Village Mall, uma área cercada por bares e restaurantes, onde você pode saborear pratos franceses autênticos. A segunda sugestão é mais romântica, mas igualmente requintada: El Faro Blanco, um restaurante que os moradores consideram um dos melhores para saborear uma boa pizza, localizado bem ao lado do famoso Faro California. A próxima opção é o L'Avenue Belgian Bistro, uma culinária que destaca, por exemplo, pratos belgas clássicos como o mexilhão com fritas, preparado em estilo clássico com vinho branco e ervas.
Se você é fã da comida típica local, não deixe de visitar o The Old Cunucu House, um restaurante com mais de 150 anos de história que delicia seus clientes com a culinária crioula arubiana. Lá, você pode experimentar o tradicional keshi yena — queijo Gouda assado recheado com carnes temperadas —, ensopados de frango e cabra cozidos lentamente e peixes frescos locais , acompanhados de clássicos da ilha como pan bati, funchi e arroz com feijão.

Ensopados de frango e cabra cozidos lentamente Foto: Camilo Peña Castañeda
Para os colombianos, viajar para Aruba não exige visto, embora a carteira de vacinação contra febre amarela seja essencial. A ilha tem seu próprio governo, mas faz parte do Reino dos Países Baixos, e esse contraste cultural se reflete, por exemplo, no idioma: papiamento, uma mistura de inglês, português, holandês e espanhol, é falado em Aruba. No entanto, a maioria dos moradores também é fluente em inglês e espanhol. A moeda oficial da ilha é o florim arubiano, mas a grande maioria dos pagamentos é feita em dólares.
Em termos de conectividade, a Wingo tem uma das operações mais robustas para esse destino, com voos diretos de Bogotá, Cali e Medellín.
"Cerca de 60% dos passageiros da Wingo com destino e origem em Aruba são colombianos, o que reafirma a importância do país como principal emissor de turismo latino-americano para a ilha. Do total de passageiros transportados pela companhia aérea, 3% são em rotas para Aruba", disse Jorge Jiménez, vice-presidente de Vendas e Planejamento da Wingo.
Informações Finais: Todas as praias de Aruba são públicas. Não há serviço de Uber, mas táxis e transporte público estão disponíveis. Como as distâncias são curtas, patinetes elétricos também são uma opção de transporte popular. Quanto à água, a ilha garante um sistema de purificação de alta qualidade, tanto que é possível bebê-la direto da torneira. Entre os muitos hotéis da ilha, recomendamos se hospedar no Courtyard by Marriott Aruba Resort.
Camilo Peña Castaneda - Editor de viagens
A CONVITE DO ESCRITÓRIO DE TURISMO DE ARUBA E DA WINGO
eltiempo