Um homem que foi sequestrado no município de Ocozocoautla, Chiapas, foi encontrado vivo.


TUXTLA GUTIÉRREZ, Chis. (apro).- Na tarde de segunda-feira, 16 de junho, por volta das 16h30, homens encapuzados e armados invadiram um bar na comunidade de Vicente Guerrero, no município de Ocozocoautla, e sequestraram à força Héctor Zúñiga Trejo. Seu desaparecimento deixou a comunidade rural apreensiva, e há relatos da presença de indivíduos circulando com armas em caminhonetes.
A comunidade, localizada a apenas 15 quilômetros da capital, relata a presença e a atividade do crime organizado na região. Moradores relatam que a Força de Reação Imediata Pakal (FRIP), unidade de elite criada pelo governador Eduardo Ramírez Aguilar e posicionada em pontos estratégicos de Chiapas com equipamentos especializados para combater o crime organizado, ainda não chegou.
Seis meses após a posse de Ramírez Aguilar, Chiapas viu uma redução significativa em alguns crimes de alto impacto, como homicídios, extorsão e desaparecimentos, graças à Estratégia de Consolidação da Paz. No entanto, mais pessoas estão se atrevendo a denunciar, como as mães de quatro estudantes de 15 e 16 anos do ensino fundamental e médio que estão desaparecidos desde agosto do ano passado no município de Arriaga, na região costeira.
Dez meses depois, as famílias de Yuritzi Pérez Fericano, 16; Martín Gustavo Ramos Cruz, 15; Ángel Fabrizio Santiago Torales, 15; e Emmanuel Alemán Camacho, 16 anos, solicitarão a intervenção das autoridades durante uma peregrinação organizada pela paróquia do Sagrado Coração de Jesus.
As famílias dos jovens, que consideram "educados, estudiosos e trabalhadores", se mobilizarão dez meses após o desaparecimento forçado. Elas alegam que funcionários do Ministério Público e da Comissão Estadual de Busca e Resgate os mantiveram intimidados, aconselhando-os a não publicar nada nas redes sociais sobre o desaparecimento, pois os sequestradores poderiam ficar furiosos e se recusar a devolvê-los vivos.
O Ministério Público não está procurando por vocêO desaparecimento forçado de Héctor Zúñiga Trejo, na última segunda-feira, no município de Ocozocoautla, causou profunda preocupação entre os moradores, pois, segundo eles, há meses cinco caminhões entraram no povoado, os meninos que conversavam na calçada fizeram barulho, os homens retornaram, os espancaram e os alertaram para não serem muito corajosos.
Hector, 29, negociante de gado, conta sua irmã Iris, que foi entregar algumas vacas ao matadouro municipal no caminhão do pai na manhã de segunda-feira. Na volta, saiu com os amigos para tomar umas cervejas. Como sempre, postou onde estava no chat da família, chegando a enviar uma foto.
A última ligação que tivemos com ele foi às 16h. A partir daí, percebemos que as mensagens dele não estavam chegando, então meu pai foi procurá-lo. A caminhonete estava abandonada no bar com as janelas abertas. Não havia ninguém lá. Quando perguntamos aos amigos dele e ao barman, eles disseram que não sabiam de nada e que não tinham visto nada.
Hector, conta sua irmã, foi levado com outro amigo, mas voltou no dia seguinte, todo espancado. "Ele está em choque; diz que estava enfaixado. Abandonaram-no no bairro."
A família de Hector denunciou seu desaparecimento ao Ministério Público de Ocozocoautla. Iris conta que perguntou o que aconteceria depois do boletim de ocorrência e recebeu a seguinte resposta: "Vamos espalhar a notícia e, quando tivermos alguma informação, avisaremos vocês". Iris conta que solicitou o rastreamento do celular do irmão, mas recebeu a resposta de que isso não seria possível porque o aparelho estava desligado.
Marcharão pelos desaparecidos em Arriaga
Na cidade de Arriaga, município que faz fronteira com o estado de Oaxaca, moradores farão uma peregrinação no próximo domingo, 22 de junho, para exigir o retorno seguro dos quatro adolescentes e das demais pessoas desaparecidas.
Naquela cidade, moradores relatam outros desaparecimentos forçados e execuções extrajudiciais, ocorridos em meio à disputa entre organizações criminosas que disputam o controle territorial desde 2020.
"Amigos e familiares, quem quiser me apoiar com sua valiosa presença neste dia 22 de junho, às 5h da manhã, saindo do Calvário, haverá uma procissão com tochas, lanternas e velas, vestidos com roupas brancas e, se desejarem, uma foto", diz o convite lançado aos familiares de outras pessoas desaparecidas em Arriaga.
As mães dos quatro jovens desaparecidos dizem que, até o momento, as únicas informações que têm sobre o desaparecimento dos filhos vêm dos autos expedidos pelo Ministério Público Estadual, mas, dez meses depois, os sequestradores não lhes enviaram nenhuma mensagem.
As mulheres estão convencidas de que seus filhos podem voltar para casa e continuar os estudos, porque sonhavam em ir para a universidade e servir a comunidade como médicos, engenheiros e professores.
Os desaparecimentosA crise de desaparecimentos em Chiapas é um fenômeno complexo e doloroso, em grande parte ligado ao confronto entre grupos do crime organizado que disputam território. Embora a criminalidade tenha diminuído, os desaparecimentos são uma realidade persistente e preocupante que não só não desapareceu, como, em algumas áreas e entre certos segmentos da população, está, na verdade, aumentando, segundo organizações da sociedade civil.
2023 foi o ano com maior concentração de desaparecimentos em Chiapas, com 304 pessoas ainda desaparecidas.
Em 2024, os desaparecimentos forçados aumentaram entre janeiro e outubro, dobrando o número de jovens e crianças desaparecidos, com 208 casos ativos somente nesse período. Isso representa um aumento de 90% nos registros atuais em comparação com 2023, segundo dados da Secretaria Executiva do Sistema Nacional de Segurança Pública.
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