Colômbia x Venezuela: Néstor Lorenzo tem toda a razão (Meluk diz a ele)

Há anos venho repetindo o que Néstor Lorenzo, técnico da seleção colombiana, tão bem disse nesta segunda-feira, véspera da partida contra a Venezuela, em Maturín, na última rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, para a qual a Colômbia já está classificada.
Basta consultar o arquivo do jornal ou folhear um pouco para constatar que há anos venho colocando o dedo na ferida imensa do patriotismo barato, do chauvinismo vulgar que vende o nosso futebol, a sua Liga, os seus clubes, os seus jogadores e as suas seleções como os melhores do mundo, do universo e do seu entorno.
"Essa crença narcisista, beirando a paranoia e a mitomania, de que o que é seu é melhor", como o chauvinismo também é definido, tem servido para distorcer a realidade, criar falsas expectativas e gerar agendas de vaidade e pressão para promover demissões e nomeações.

Néstor Lorenzo. Foto: Instagram @nestorglorenzo
O patriotismo, que "cria argumentos falsos para fomentar simpatia e sentimentos, em vez de promover a razão e a racionalidade", irrompe como uma erupção cutânea.
Seleção Colombiana: As Coisas na Proporção Certa Nós, colombianos, especialmente no futebol, somos maiores que um sapato de criança, e temos uma arrogância nascida da imprensa fanática que vende o produto aos torcedores como o melhor do mundo. Um pouco da mentira permanece.

Colômbia x Venezuela Foto: Vanexa Romero/ETCE
Hoje, como ontem, e como há anos nesta coluna, precisamos colocar as coisas em perspectiva. A visita desta terça-feira à Venezuela é um jogo complicado para a Colômbia, porque, se vencer, não terá vencido nada, pois "o natural e óbvio" é derrotar a Venezuela, e se empatar ou perder, será motivo para o técnico ser demitido e até mesmo o ninho do cachorro ser destruído. Isso vai acontecer, com certeza.
A Colômbia está em pé de igualdade com Paraguai, Equador, Chile e Peru, e naturalmente oscila entre o quarto e o sétimo lugar na América do Sul, e é aí que estamos. Insisto: temos que manter os pés no chão e entender que temos futebol tamanho M, embora aqui se acredite erroneamente que seja XXG.

Jogo que antecede as eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. Foto: Oscar Berrocal. Agência Kronos
Vale lembrar que a Venezuela de hoje, contra quem já vencemos e perdemos, está invicta em casa nesta fase das eliminatórias: venceu Paraguai, Chile, Peru e Bolívia, e empatou com Argentina, Brasil, Uruguai e Equador.
E nesse chauvinismo arrogante, patriótico, vaidoso e às vezes teleguiado, já pedem para a Colômbia ser campeã do mundo como se o Brasil não tivesse tentado novamente por mais de 20 anos, como se a Argentina não tivesse demorado 36 anos para vencê-lo novamente... A Inglaterra tentará vencê-lo depois de 60 anos!
Sonhar é livre, fácil e legítimo para um torcedor, e em uma Copa do Mundo sempre há um time surpresa que chega às semifinais porque combina garra, habilidade e sorte. Mas é importante lembrar, por exemplo, que a Colômbia tem apenas um jogador em um clube de elite (Luis Díaz, do Bayern de Munique), enquanto o Equador, por exemplo, tem três: Caicedo (Chelsea, campeão mundial de clubes), Pacho (PSG, campeão da Liga dos Campeões) e Hincapié (Arsenal).

Foto de Luis Díaz : AFP
Mas, patriotas, fanfarrões e vendedores de fumaça, foi dito aqui há alguns meses que Daniel Muñoz "é o melhor lateral-direito do mundo", que ele joga no modesto Crystal Palace, e não no Real Madrid, que contratou Alexander-Arnold, que é o reserva de Carvajal.
Sem nenhuma vergonha, sem nenhum constrangimento, distorcendo a realidade para o público, eles afirmaram sem pudor que Miguel Borja, o atacante do River Plate, "é um dos três melhores centroavantes do mundo", quando ele nem sequer está na seleção. Com certeza!
E assim, mentem de graça sob a falácia da opinião. Otimismo é algo muito diferente de mentir para criar expectativas irracionais.
Néstor Lorenzo pode ter cometido alguns erros em algumas partidas, mas acertou em tudo o que disse nesta segunda-feira.
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