Esposa do ex-senador Bob Menendez pega 4 anos e meio de prisão por participação em esquema de suborno

NOVA YORK — A esposa do ex-senador americano Bob Menendez disse a um juiz que seu marido "não era o homem que eu pensava que era" antes de ser sentenciada na quinta-feira a 4 anos e meio de prisão por vender a influência do poderoso político de Nova Jersey em troca de subornos em dinheiro, barras de ouro e um carro de luxo.

O juiz distrital dos EUA Sidney H. Stein condenou Nadine Menendez, 58, depois que ela foi considerada culpada em abril por conluio de 2018 a 2023 com seu marido, o ex-presidente democrata do Comitê de Relações Exteriores do Senado, em uma variedade de esquemas corruptos, alguns envolvendo assistência ao governo egípcio.

Soluçando enquanto se dirigia ao juiz pouco antes de ser sentenciada, Nadine Menendez descreveu seu marido como um mentiroso manipulador.

"Coloquei minha vida nas mãos dele e ele me manipulava como se eu fosse uma marionete", disse ela. "A venda foi retirada. Agora sei que ele não é meu salvador. Ele não é o homem que eu pensava que era."

Stein disse à ré que ela não era a pessoa que foi retratada durante o julgamento do seu marido e dois empresários de Nova Jersey no ano passado, quando o juiz disse que ela foi retratada como "manipuladora, ávida por dinheiro e a verdadeira força por trás das conspirações".

Mas ele disse que ela também não era a "observadora inocente do que estava acontecendo ao seu redor", como foi retratada por seu advogado em seu julgamento.

"Você sabia o que estava fazendo. Seu papel tinha um propósito", disse ele.

Quando ela falou, Nadine Menendez culpou parcialmente o marido, dizendo que foi enganada por seu poder e posição e que se sentiu obrigada a fazer o que ele quisesse, como ligar ou se encontrar com certas pessoas.

"Eu nunca imaginaria que alguém do nível dele me colocaria nessa posição", disse ela, embora reconhecesse que, em retrospecto, ela era uma mulher adulta e deveria saber melhor.

Antes da audiência, Bob Menendez enviou uma carta ao juiz dizendo que lamentava não ter previsto completamente o que seu advogado disse sobre sua esposa durante o julgamento e nos argumentos finais.

“Sugerir que Nadine estava com fome de dinheiro ou em dificuldades financeiras e, portanto, pediria ajuda a outras pessoas é simplesmente errado”, escreveu ele.

Além da pena de prisão, Stein condenou Nadine Menendez a três anos de liberdade condicional. Ele afirmou ter concedido clemência a ela em parte devido ao julgamento que ela enfrentou, sua infância difícil no Líbano, seus parceiros românticos abusivos, suas condições de saúde e sua idade.

Stein disse que a pena de prisão era importante para fins de dissuasão geral: "As pessoas precisam entender que há consequências."

Nadine Menendez só terá que se entregar à prisão no próximo verão (no hemisfério norte). Stein fixou a data de apresentação do relatório para 10 de julho, atendendo ao pedido da defesa para que ela permanecesse em liberdade para realizar os procedimentos médicos necessários antes de ser presa. Os promotores federais não se opuseram ao pedido.

Os promotores pediram uma pena de prisão de pelo menos sete anos.

Sua advogada, Sarah Krissoff, pediu que ela cumprisse apenas um ano de prisão, alegando sua difícil recuperação do câncer de mama, diagnosticado pouco antes do julgamento do ano passado, quando ela seria julgada junto com o marido. Ela acabou sendo julgada separadamente.

Bob Menendez , 71, está cumprindo uma pena de 11 anos após sua condenação por acusações de aceitar subornos, extorsão e atuar como agente do governo egípcio.

Os promotores dizem que Nadine Menendez desempenhou um papel importante e crucial nos crimes de seu marido, servindo como intermediária entre o senador e três empresários de Nova Jersey que literalmente encheram os bolsos de seu casaco com dezenas de milhares de dólares em dinheiro em troca de favores que ele poderia conceder com sua influência política.

Durante uma operação do FBI na casa do casal em Nova Jersey em 2022, os investigadores encontraram US$ 480.000 em dinheiro, barras de ouro avaliadas em US$ 150.000 e um conversível de luxo na garagem.

Os promotores disseram que, entre outros atos de corrupção, o senador se encontrou com autoridades de inteligência egípcias e acelerou o acesso do país à ajuda militar dos EUA como parte de um esforço complexo para ajudar seus associados pagadores de propina, um dos quais tinha relações comerciais com o governo egípcio.