Foram apontadas as razões para a redução dos volumes de importação paralela

O mecanismo de importação paralela, que antes se tornou uma panaceia anti-sanções, uma verdadeira salvação para o mercado consumidor russo, está claramente perdendo seu significado aos olhos do Estado hoje. Em maio, o volume de mercadorias importadas com sua ajuda chegou a US$ 2,3 bilhões – mais de três vezes menor do que no pico de entregas em 2022. Funcionários do Ministério da Indústria e Comércio atribuem a situação a dois fatores: o desenvolvimento da produção nacional e o estabelecimento de canais legais de fornecimento.
O Ministério da Indústria e Comércio não apenas observa uma tendência constante de redução no volume de produtos importados por meio de importações paralelas (IP), como também a apoia, observou o vice-ministro Roman Chekushev. "Entraremos na trajetória de relações jurídicas normais com detentores estrangeiros de direitos autorais", acrescentou. Como o Ministro Anton Alikhanov explicou anteriormente, a demanda por produtos importados na Rússia está diminuindo (em particular, nos segmentos de vestuário, calçados e eletrônicos), visto que produtos e marcas nacionais estão surgindo no mercado e "conquistando reconhecimento" entre os cidadãos. Além disso, "a estrutura de suprimentos está mudando, e mais produtos alternativos estão sendo fornecidos por países amigos".
Segundo Alikhanov, em 2026 o governo planeja uma atualização "direcionada" da lista de bens cuja importação é permitida pela IP. A lista será "definitivamente" reduzida, com cautela para evitar a escassez de determinados itens. A lista foi revisada pela última vez em abril deste ano: laptops de diversas marcas, impressoras a laser e alguns tipos de cosméticos foram excluídos. De acordo com o Ministério da Indústria e Comércio, existem atualmente mais de 800 fabricantes nacionais de cosméticos e perfumes na Federação Russa.
O mecanismo de PI — importação de mercadorias para o país sem o consentimento do fabricante ou detentor dos direitos autorais — está em vigor desde a primavera de 2022. A lista inicialmente consistia em carros de marcas ocidentais descontinuadas e peças de reposição para elas, eletrônicos de consumo, celulares, instrumentos musicais, câmeras, móveis e roupas de cama. O problema estava na baixa diversificação, pois o PI abrangia, em primeiro lugar, a esfera do consumo doméstico, e a indústria nacional se beneficiava muito pouco disso. Especialistas observaram que é muito mais difícil colocar a importação de equipamentos e tecnologias em trilhos "paralelos". E entre as desvantagens críticas para o consumidor médio, eles destacaram a falta do suporte de serviço pós-venda usual do fabricante, a incapacidade de fornecer garantia, reparo e substituição dos produtos adquiridos. Bem, o preço, como regra, acabou sendo 10-20% mais alto do que com a importação direta — o que pode ser explicado pelo aumento dos custos logísticos.
A dinâmica da redução dos volumes médios mensais de PI nos últimos quatro anos fala por si: em 2022, eles somaram US$ 7,5 bilhões, em 2023 - US$ 6,2 bilhões, em 2024 - US$ 4,8 bilhões, agora - US$ 2,5 bilhões. A propósito, para efeito de comparação, em abril deste ano, US$ 22,6 bilhões em produtos importados foram importados para a Rússia. O volume de importações de automóveis sob PI de janeiro a maio caiu 74% em relação ao ano anterior, para 19 mil unidades. No total, 311,8 mil carros entraram na Federação Russa através dos países da ex-URSS (principalmente através do Quirguistão e do Cazaquistão) em 3,5 anos.
"A necessidade de importações paralelas praticamente desapareceu, uma vez que foi possível estabelecer o fornecimento legal de quase toda a gama necessária de produtos", afirma Alexey Zubets, diretor do Centro de Pesquisa em Economia Social. "Por exemplo, peças de reposição para caminhões, que antes eram exportadas da Europa em 'jardins', agora são compradas oficialmente na China. Esses fornecimentos são realizados com o pagamento de todos os impostos e controlados em parte pelo Estado e em parte por grandes empresas."
Quanto ao problema das liquidações de comércio exterior, ele também é amplamente resolvido hoje por meio de escambo. Por exemplo, explica Zubets, quando o petróleo russo vai para a China, a moeda paga por ele permanece lá: não há pagamentos transfronteiriços e, portanto, não há ameaça de sanções secundárias para eles. Com esse dinheiro, os importadores compram todos os produtos de que precisam na China, que depois são enviados para a Federação Russa.
"Por um lado, o valor de US$ 2,3 bilhões de maio indica uma redução nos volumes de importação paralela e, por outro, indica mudanças importantes", afirma Artur Leer, vice-presidente da Associação de Exportadores e Importadores (AEI). "Primeiramente, a produção nacional avançou. Isso é especialmente perceptível no setor de bens de consumo de rápido movimento (FMCG): os nichos que antes eram preenchidos com produtos importados pelo mecanismo de importação paralela estão agora sendo desenvolvidos com confiança por empreendedores na Federação Russa. Em segundo lugar, onde antes era necessário usar esquemas complexos de importação paralela, canais de importação direta ou mais simples foram estabelecidos – com a mesma funcionalidade e qualidade, mas sem os riscos de sanções."
Segundo Leer, a queda nos volumes de PI não é um indicador de déficit, mas sim o resultado de uma redistribuição: alguns produtos agora são simplesmente entregues por outras rotas logísticas. Quanto à questão dos pagamentos, as empresas russas desenvolveram esquemas sustentáveis e eficazes até o momento.
mk.ru