Reclusos pedem fim de greves nas prisões

A associação de apoio ao recluso alertou esta quinta-feira o Governo para a “necessidade urgente” de terminar as greves de guardas prisionais e melhorar as condições nas prisões, ameaçando apresentar queixas “em massa” na Europa contra o Estado.
Uma delegação da Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso (APAR) reuniu-se esta quinta-feira, durante cerca de uma hora e meia, no Ministério da Justiça, em Lisboa, com o secretário de Estado Adjunto e da Justiça, Gonçalo da Cunha Pires.
À saída do encontro, o secretário-geral da associação, Vítor Ilharco, referiu que um dos temas abordados na reunião foram as “greves [de guardas prisionais] exageradas e absurdas” em curso há vários meses nas cadeias.
“Alertámos para a necessidade urgente de terminar com estas greves e melhorar a alimentação e saúde dos reclusos, sob pena de termos de partir para outros tipos de luta, com a apresentação em massa de queixas no Tribunal Europeu [dos Direitos Humanos”], sublinhou.
Tal, acrescentou, poderia traduzir-se num aumento para “20 ou 30 milhões de euros” do montante que o Estado português pode ser obrigado a pagar em indemnizações a reclusos por falta de condições nas prisões – um valor, defendeu, que seria mais bem aplicado no sistema prisional.
Desde dezembro de 2019, o Estado português já desembolsou 1.552.075 euros nesse âmbito, segundo o mais recente relatório do Mecanismo Nacional de Prevenção, do Provedor de Justiça.
À Lusa, Vítor Ilharco garantiu que há já um grupo de advogados disponível para apresentar “100, 200 queixas” por semana, mas ressalvou que a APAR tem estado “a evitar” que tal aconteça.
“Não tomamos medidas radicais, mas também exigimos uma coisa muito simples: que o Ministério da Justiça cumpra a lei de execução de penas”, sublinhou o secretário-geral.
A APAR apresentou ainda “uma proposta para alteração do regulamento prisional”.
Segundo o secretário-geral da associação, Gonçalo da Cunha Pires concordou com as necessidades apontadas pela APAR, tendo expressado a intenção de intervir no sistema prisional ao nível dos edifícios, da formação dos profissionais e da cultura nas cadeias, que pretende que seja “menos violenta e mais de reinserção social”.
“Viemos entusiasmados, foi um encontro positivo”, concluiu Vítor Ilharco.
observador