Consórcio português avança com projeto de 10 milhões para criar chip inovador nas telecomunicações

Cinco empresas do setor da microeletrónica apresentaram candidatura a uma mini agenda do PT2030 para um projeto de 10 milhões de euros para criar um chip inovador para as telecomunicações de fibra ótica. O dispositivo, concebido integralmente com propriedade intelectual portuguesa, pretende reduzir a dependência dos grandes fornecedores globais de chips para telecomunicações. Será ainda criado um hub de fotónica em Aveiro.
A mini agenda apresentada pela PICadvanced, HFA, Altice Labs, Instituto de Telecomunicações e Falkata, uma empresa de chip design de Viseu. Irá chamar-se micro-ampere, enquanto o novo hub de fotónica em Aveiro surge como uma “consequência do PRR”, adiantou ao ECO Carlos Alves, fundador e administrador da HFA e membro do comité estratégico e executivo da Agenda da Microeletrónica.
A indústria da microeletrónica, que já executou cerca de 80% da agenda de 68 milhões de euros do setor no âmbito das agendas mobilizadoras do PRR, dá assim continuidade à experiência positiva do projeto liderado pela Amkor Technology, que uniu 17 entidades do setor da microeletrónica e semicondutores para avançar com novos investimentos que promovem o espírito de parceria e cooperação entre várias entidades.

O objetivo desta mini agenda é desenvolver “um dispositivo a utilizar nas telecomunicações por fibra ótica, com propriedade intelectual totalmente portuguesa e que combina um chip de microeletrónica com um chip fotónico, permitindo maior flexibilidade e independência dos grandes fornecedores globais de chips para telecomunicações”, explica Carlos Alves.
“Este dispositivo será de pequenas dimensões e de maior eficiência energética permitindo ocupar menos espaço nas centrais de telecomunicações e centros de dados. Será ainda compatível com a geração atual de fibra ótica, mas estará preparado para as próximas gerações de 50 e 100 Gbps, que existirão dentro de 5 a 7 anos”, detalha.
O fundador da HFA, uma das empresas neste projeto, acrescenta que “ao contrário das atuais soluções comerciais, dominadas por um número restrito de fornecedores com tecnologia proprietária, esta abordagem baseia-se em princípios de arquitetura aberta, interoperabilidade e independência tecnológica“. Ou seja, criar um “chip específico para fazer uma panóplia de funções que hoje é feito por várias placas e vários sistemas”, utilizando a fotónica.
Objetivo é desenvolver um dispositivo a utilizar nas telecomunicações por fibra ótica, com propriedade intelectual totalmente portuguesa e que combina um chip de microeletrónica com um chip fotónico, permitindo maior flexibilidade e independência dos grandes fornecedores globais de chips para telecomunicações.
“Aguardamos a decisão [da aprovação da mini agenda], mas, independentemente dela, alguns dos parceiros já estão a trabalhar”, adianta o responsável, que dá conta que, no caso da HFA, a empresa já criou um laboratório e já está a trabalhar no projeto. “Já arrancámos”, assegura.
Quanto ao hub de fotónica, que vai implicar um investimento de “muitos milhões” e envolver a construção de um novo edifício a ser construído em Aveiro, este centro é “o resultado do trabalho da agenda mobilizadora, mas não está ainda integrado em nenhum programa”, explica Carlos Alves.
ECO-Economia Online