João Almeida não pensa em igualar Joaquim Agostinho

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Igualar Joaquim Agostinho não é algo que João Almeida ambicione, garantiu o português da UAE Emirates à Lusa, defendendo que o ciclismo atual é “muito mais rico” do que quando o falecido corredor foi terceiro no Tour.
“Não é algo que esteja muito presente também na minha cabeça. Dou o meu melhor, tento maximizar o que tenho, as minhas pernas. É sempre bom quando se ganha corridas e tem-se resultados”, afirmou.
João Almeida é tão pragmático nas declarações como é na estrada: prestes a iniciar a sua segunda participação na Volta a França, o corredor de 26 anos desmistifica a possibilidade de equiparar-se a Agostinho, o único português a subir ao pódio da maior corrida do mundo.
Foi na década de 70 do século passado que o ciclista, nascido em Torres Vedras em 07 de abril de 1943, ocupou por duas vezes o último degrau do pódio final da ‘Grande Boucle’, mais concretamente em 1978 e 1979, um feito inédito e não mais replicado.
Vice-campeão da Vuelta1974, o antigo corredor que morreu em 1984, na sequência de uma queda sofrida durante a Volta ao Algarve, parecia inalcançável até ao aparecimento de Almeida, que já soma seis classificações (em oito participações, duas terminadas precocemente devido a doença) entre os 10 primeiros em grandes Voltas e que foi quarto na estreia no Tour, no ano passado.
“São alturas de ciclismo diferentes, não é? A minha e a dele. Portanto, mesmo que o igualasse, acho que não poderíamos dizer exatamente que era igual, porque são alturas bastante diferentes. Hoje em dia, é um ciclismo muito mais rico. Com muito mais informação…”, avaliou o corredor de A-dos-Francos (Caldas da Rainha).
Para Almeida, na altura de Joaquim Agostinho, que ficou 11 vezes no top 10 em grandes Voltas, existia “um ciclismo mais de força pura”, “mais rijo, se calhar”, com a modalidade a ser muito mais competitiva hoje em dia.
Comparações à parte, Almeida (e)leva atualmente o ciclismo português como o fazia aquele que ainda é o melhor voltista português da história e estará na 112.ª edição da ‘Grande Boucle’, que arranca no sábado, em Lille, como um dos dois representantes nacionais – o outro é Nelson Oliveira (Movistar).
Aconteça o que acontecer até 27 de julho, dia em que o Tour termina em Paris, o ciclista da UAE Emirates é já o segundo melhor português de sempre na prova e o primeiro a fechar as três grandes Voltas no top 5.
Ao concluir a estreia no Tour na quarta posição, Almeida superou o quinto posto de José Azevedo em 2004 e ‘aproximou-se’ de Agostinho.
Depois de, em 2023, ter sido o primeiro português a concluir a Volta a Itália entre os três primeiros, fechou a passada ‘Grande Boucle’ com um feito inédito: foi o primeiro luso a figurar nos cinco primeiros de todas as grandes Voltas, já que também foi quinto na Vuelta2022 – haveria de subir a quarto com a desclassificação de Miguel Ángel López.
A sua história nas três ‘grandes’ começou com o quarto posto no Giro2020, em que escreveu uma das mais bonitas páginas do ciclismo português, depois de 15 dias como líder da geral da ‘corsa rosa’.
Nesse ano, mais do que melhorar o registo de José Azevedo, que, em 2001, no papel de gregário do espanhol Abraham Olano, foi quinto – o mesmo lugar que alcançou no Tour2004 -, o ‘miúdo’ de A-dos-Francos fez Portugal sonhar com um inédito triunfo numas das grandes Voltas.
Seguiu-se o sexto lugar de 2021, a desilusão por covid-19 no ano seguinte, que ‘redimiu’ com o quarto posto na estreia na Vuelta, prova em que foi nono em 2023.
O corredor da UAE Emirates não conhece mesmo outra realidade nas grandes Voltas a não ser os 10 primeiros, tirando os percalços de 2022, quando lutava pelo pódio final da ‘corsa rosa’ e um positivo à covid-19 o tirou de prova, e 2024, quando também desistiu da Vuelta por ter contraído o mesmo vírus.
*com Agência Lusa
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