Gulbenkian dedica ciclo a Pierre Boulez na abertura da temporada de música

Estes concertos estão marcados para a próxima semana, nos dias 08, 12 e 13, e, segundo a Gulbenkian, "evidenciam a diversidade e profundidade da obra do compositor francês", que nasceu em março de 1925, em Montbrison, e morreu aos 90 anos, em janeiro de 2016, em Paris.

No recital de abertura, na segunda-feira, a pianista Tamara Stefanovich abrirá caminho para a Sonata n.º 2, de Boulez, confrontando expressões pioneiras de diferentes épocas.

A 2.ª Sonata para piano, "obra de grande força expressiva", segundo a Gulbenkian, culminará um percurso que tem início no Barroco tardio de Domenico Scarlatti, segue com o pré-classicismo de Carl Philipp Emanuel Bach e de Antonio Soler, o contraponto pós-romântico de Ferruccio Busoni, e desagua na modernidade de Béla Bartók, antecedendo a contemporaneidade de Boulez.

Na sexta-feira, 12 de setembro, a Orquestra Gulbenkian, sob a direção do maestro e compositor Pedro Amaral, novo diretor artístico do Teatro Nacional de São Carlos, interpretará 'Pli selon Pli', sobre poemas de Stéphane Mallarmé, obra para soprano e orquestra, "uma das criações mais emblemáticas de Pierre Boulez", sublinha a Gulbenkian. Será solista a soprano Camila Mandillo.

O 'Ciclo Boulez' encerra no próximo sábado, 13 de setembro, com o regresso do Ensemble Intercontemporain, ao Grande Auditório Gulbenkian.

Fundado pelo próprio Boulez, o ensemble, dirigido pelo maestro Jean Deroyer, apresentará um programa centrado em 'Le Marteau sans Maître', para contralto e seis instrumentos, que reafirma "a relevância e atualidade da linguagem" do compositor. Inclui ainda 'Incises', para piano, 'Sonatine', para flauta e piano, e 'Dialogue de l'ombre double', para clarinete solo e eletrónica.

"Figura maior da música contemporânea, Boulez distinguiu-se pela sua escrita de enorme rigor estrutural e imaginação poética, tendo também desempenhado um papel fundamental na difusão dos grandes compositores do nosso tempo", lê-se nas notas de programa da Gulbenkian.

A fundação recorda ainda o regente Boulez, que dirigiu "algumas das mais prestigiadas orquestras internacionais", e o "fundador de instituições de referência", como o Institut de Recherche et Coordination Acoustique/Musique (IRCAM) e o Ensemble Intercontemporain.

A primeira atuação do Coro e da Orquestra Gulbenkian, na temporada 2025/2026, realiza-se hoje, fora de portas, com o já tradicional concerto no Vale do Silêncio, em Lisboa, integrado nas Festas da Rua, da cidade.

A direção é do maestro Pedro Neves, titular da Orquestra Metropolitana, num programa "pensado para um público variado", com "grandes momentos musicais do cinema" e "obras maiores" de compositores como Aaron Copland, John Williams, Ethel Smyth, Richard Wagner, Dmitri Shostakovich, Dmitri Kabalevsky e Giuseppe Verdi.

Até maio do próximo ano, a temporada prevê mais de 120 concertos.

Beethoven, Mahler, Brahms, Schumann, Shostakovich, Alban Berg, Hans Werner Henze e Magnus Lindberg são alguns dos compositores dos diferentes programas.

Entre os "grandes intérpretes", contam-se os pianistas Grigory Sokolov, András Schiff e Elisabeth Leonskaja, Mitsuko Uchida, Christian Zacharias e Alexander Melnikov, a violinista Isabelle Faust, o maestro Jordi Savall, o ensemble Il Pomo d'Oro, os quartetos Belcea e Casals.

Esta é a última Temporada Gulbenkian Música sob a direção artística do musicólogo Risto Nieminen, que se reforma após 16 anos à frente do Serviço de Música da fundação. Em 01 de abril de 2026, a liderança será entregue ao músico Fredrik Andersson, antigo diretor da Royal Stockholm Philharmonic Orchestra.

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