Seul suspende emissões de propaganda para Coreia do Norte

A Coreia do Sul anunciou a suspensão, após 15 anos, das transmissões radiofónicas de propaganda dirigidas aos norte-coreanos, em mais um gesto de reconciliação intercoreana por parte de Seul.
“O Ministério da Defesa suspendeu a transmissão da Voz da Liberdade como parte das medidas para reduzir as tensões militares com a Coreia do Norte”, disse o porta-voz do ministério, Lee Kyung-ho, aos jornalistas.
A Voz da Liberdade, uma frequência cujo conteúdo é produzido pelo Ministério da Defesa, tinha sido reativada em maio de 2010, após um ataque do Norte ter afundado a corveta sul-coreana Cheonan.
A suspensão surge após o Governo do Presidente Lee Jae-myung, que assumiu o cargo em junho, ter implementado outras medidas para reduzir as tensões na península.
O novo Governo de Seul desligou os altifalantes de propaganda na fronteira, e o Serviço Nacional de Informações sul-coreano interrompeu em julho as transmissões de rádio e televisão para o Norte, que estavam ativas há décadas.
Park Won-gon, professor de estudos norte-coreanos na Universidade Feminina Ewha, em Seul, disse na semana passada que o único poder de negociação real de Seul com o Norte é cortar as transmissões de propaganda.
Na quarta-feira, a Coreia do Norte criticou o que descreveu como a hipocrisia de Lee Jae-myung, ao falar sobre a possível desnuclearização da península coreana.
Pyongyang afirmou que a Coreia do Sul é o “único país que entregou toda a soberania aos Estados Unidos”, de acordo com um editorial publicado pela agência de notícias estatal norte-coreana KCNA.
A agência, que transmite a posição oficial de Pyongyang sobre política nacional e internacional, lamentou que Seul esteja a promover “ilusões vazias sobre a desnuclearização”.
Reafirmou ainda que a Coreia do Norte nunca entregará as armas nucleares que possui.
“Lee deve compreender que continuar a alimentar este sonho sobre a desnuclearização não vai ajudar ninguém”, afirmou.
A Coreia, que foi colonizada pelo Japão entre 1910 e 1945, foi dividida pelos Estados Unidos e pela União Soviética em duas zonas administrativas, separadas pelo paralelo 38, depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Dessa divisão resultou a Guerra da Coreia (1950-1953), que opôs a República Democrática Popular da Coreia (Norte), apoiada pela União Soviética e a China, e a República da Coreia (Sul), apoiada por uma força internacional liderada pelos Estados Unidos.
O conflito armado causou cerca de 2,5 milhões de mortos, maioritariamente coreanos, e terminou com um armistício, mas sem que tivesse sido assinado um acordo de paz, pelo que tecnicamente Pyongyang e Seul continuam em guerra.
As duas Coreias continuam divididas pelo paralelo 38, tendo sido criada uma zona desmilitarizada perto da aldeia de Panmunjom, onde foi assinado o armistício em 27 de julho de 1953.
observador