VISÃO DO DIA: O reformismo, segundo Luís Montenegro

Começa a ser uma espécie de evento institucional e social anual, como o início do ano judicial ou a abertura da sessão legislativa no Parlamento: ontem, lá tomou posse mais um governo, o XXV Governo Constitucional, que alguns classificam, não como um novo Executivo, mas como uma remodelação operada pelo (mesmo) primeiro-ministro, que fez um discurso programático, na tomada de posse. (O Presidente Marecelo falou de uma equipa que Montenegro “mantém e retoca“…). E, no entanto, dando de barato que se trata desta segunda hipótese, não deixa de ser uma grande remodelação que, mais do que a dança de nomes, nos dá uma perspetiva da ideia do PM para o País. Assim, por exemplo, a Cultura perde a autonomia de um ministério, com um coro de críticas, sendo integrada na Juventude e Desporto, que, por sua vez, volta a ter nome de ministério. Neste aspeto, poderíamos dizer que Monenegro já tinha dado um sinal, quando apareceu a jogar voleibol na Praia de Espinho, durante a campanha, ou de capacete de ciclista, no passeio Lisboa Oeiras do último fim-de-semana. Temos um primeiro-ministro desportista, ele que foi um futebolista de créditos firmados, nos verdes anos da sua juventude? Não é apenas isso. No plano estratégico de afirmação de um País, o Desporto tornou-se decisivo, e esse é o sinal que é dado. O Desporto não é a gestão dos três grandes do futebol. É uma ideia de promoção da saúde e bem estar (podia estar adstrito ao Ministério da Saúde…), da formação das camadas mais jovens (podia estar na Educação) e de afirmação externa do País (a diplomacia do Desporto até podia ser gerida no MNE…). Desporto escolar, fomento de boas práticas de convivência, investimento em centros de alto rendimento (a medalha de ouro no ciclismo de pista foi um dos frutos de um exemplo desses…) e aposta no setor olímpico, um vetor hoje decisivo nos índices de desenvolvimento de um país. A circunstância de haver agora, a presidir ao Comité Olímpico Português, um homem muito próximo do Governo, Fernando Gomes, é outra coincidência significativa. Um ministério “obrigatório” que, embora não desaparecendo, surge fundido com outro, o da Economia, agora agregada à Coesão Territorial.
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