Pele de tilápia, transfusão de sangue e tomografia: hospital veterinário oferece 'tratamento de luxo' para animais silvestres no DF
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Hospital em Taguatinga (DF) oferece tratamento de ponta para dezenas de animais resgatados
Capivaras, araras, lobos-guará e tartarugas: essa é a lista de pacientes que diariamente são atendidos pelo Hospital e Centro de Reabilitação da Fauna Silvestre (HFAUS).
Localizado em Taguatinga, ele é o primeiro e único hospital do Brasil especializado no atendimento a animais silvestres.
Filhote de Sagui HFAUS — Foto: Divulgação/Caio Cavalcante
Apesar de uma lista de pacientes para lá de exóticos, o HFAUS tem se tornado uma referência por oferecer "tratamentos tradicionais de humanos" aos bichos.
O biólogo Thiago Marques, responsável pela unidade, cita como exemplos uma transfusão de sangue recebida por um lobo-guará atendido e um urubu que trata uma ferida na asa com aplicação de pele de tilápia.
Veja mais detalhes dos tratamentos abaixo.
Urubu sendo tratado com pele de tilápia no HFAUS — Foto: Carinne Souza/g1
- 🔎 Tratamento com pele de tilápia: a pele é usada como curativo biológico para tratar queimaduras e feridas. Rica em colágeno, ela promove a cicatrização acelerada, reduz a dor, diminui a troca de curativos e tem baixo risco de infecção.
Um dos urubus atendidos pelo hospital tem tido a técnica aplicada em sua asa, que possui um grave ferimento (veja foto acima).
Outra técnica amplamente utilizada nos animais atendidos pelos HFAUS é a transfusão de sangue. O procedimento é realizado para tratar anemias, sangramentos e repor componentes essenciais.
Na unidade, um lobo-guará que foi resgatado após ser capturado por caçadores em uma armadilha, realizou o procedimento dentro da unidade (veja acima).
Resgatado em estado grave, atualmente o animal apresenta um quadro clínico estável e está perto de receber alta.
Tartaruga teve casco reconstituido com resina dental — Foto: Carinne Souza/g1
Outra técnica amplamente utilizada por humanos e que também é usada no HFAUS é a reconstrução com resina.
O material é usado por dentistas na reconstrução de dentes, mas na unidade ganha um novo uso: reconstruir cascos de tartaruga (veja foto acima).
Os animais que tiveram o casco quebrado após atropelamentos ou devido a maus tratos humanos, recebem um temporário feito com resina dentária. A peça protege a tartaruga até que seu casco natural cresça novamente.
"Elas ficam aqui até estarem aptas para voltarem à natureza. Caso isso ocorra antes do casco se regenerar por completo, a gente pinta a resina em tons parecidos com o natural para que esse animal não chame muita atenção em seu habitat natural. Depois que o casco cresce, o de resina cai", conta Thiago Marques, responsável pelo HFAUS.

Hospital em Taguatinga (DF) oferece tratamento de ponta para dezenas de animais resgatados
O HFAUS conta ainda com uma unidade hospitalar de ponta e um centro cirúrgico onde os animais passam por procedimento médicos modernos.
Por lá, os bichos têm a possibilidade de realizarem tomografias, ultrassons, raio-x e outros diversos procedimentos médicos que são capazes de dar um diagnóstico detalhado para que o tratamento mais adequado seja implementado àquele animal.
Capivaras atropeladas no Lago Sul passando por um ultrassom no HFAUS — Foto: Hfaus/Divulgação
Thiago Marques conta que a ideia do HFAUS surgiu da necessidade de ter um local especializado no atendimento a animais silvestres.
A unidade foi inaugurada em 2024 e já recebeu mais de 2,4 mil animais para atendimento.
"Brasília não tinha um local para receber esses animais, que são muito típicos do cerrado. Na maioria das vezes esse atendimento era feito pelo zoológico ou universidades de uma forma voluntária, mas não é o ideal", conta Marques.
Filhotes de psittaciformes resgatados e sendo tratados no HFAUS — Foto: Divulgação/Caio Cavalcante
Os bichos chegam à unidade através de órgãos como Ibama ou a Polícia Militar Ambiental, que resgatam os animais. No HFAUS, eles passam por tratamentos até se recuperarem e estarem aptos a voltar à natureza.
Passaram por lá, em julho, os dois filhotes de capivaras que foram atropeladas no Lago Sul no início de julho – um acidente que matou 12 animais adultos da espécie.

Capivara que sobreviveu a atropelamento no Lago Sul é devolvida à natureza.
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