<![CDATA[ O mundo pelos olhos de Natália Correia ]]>

Sempre achei que a Natália Correia era uma figura digna de um filme e há muito tempo que tinha vontade de a levar ao grande ecrã, mas à medida que o centenário se aproximava, a ideia tornou-se mais premente”, revela Rosa Coutinho Cabral, que estreia amanhã, nos cinemas, a obra documental ‘A Mulher que Morreu de Pé’. A própria realizadora – que chegou a conhecer a poetisa, no Botequim (lendário bar que a escritora dirigiu e por onde passou grande parte da intelectualidade portuguesa do século XX) – descreve este trabalho como “um filme ensaio”. Mistura teatro, cinema, fotografia, poesia, num todo “caótico mas com ordem” que foi construído, sem guião, ao sabor da imaginação e da criatividade. Além de fotos e imagens de arquivo, de excertos de textos da autora de ‘O Encoberto’, a cineasta usou atores que, desafiados a encontrarem “a Natália de cada um”, deram contributos criativos para um todo que flui. “Não dava para criar um filme organizado por ordem cronológica: a personagem que retratamos é demasiado grande, demasiado caótica e multifacetada para caber num registo muito certinho e alinhado”, lembra a criadora.

No elenco, estão atores como Alexandra Sargento, Joana Seixas, Hugo Mestre Amaro, João Araújo, Paula Guedes e Lídia Franco, todos eles “livres para acrescentarem peças ao puzzle” de beleza que é ‘A Mulher que Morreu de Pé’. “Gostaria que todos vissem o filme. Velhos e novos. Que percebessem que estes tempos terríveis que vivemos foram antecipados por Natália, qual profeta. E que as liberdades conquistadas por Abril estão em causa, mais do que nunca”, conclui Rosa Coutinho Cabral.