É possível investir no Irã? Sobre o mercado de ações, economia e... estações de esqui! RESUMO DE PB

O Irã é só sobre sanções, aiatolás e guerra? No PB Brief de hoje, falamos sobre como é a economia deste país inacessível – e se é possível investir legalmente lá. Maciej Wojtal, da Amtelon Capital, fala sobre suas experiências com a bolsa de valores iraniana e o potencial oculto no antigo império persa. E também: o solstício de verão, uma reunião dos ministros das Finanças da UE e notícias de Varsóvia e dos mercados globais. Confira o que vai acontecer hoje e no próximo fim de semana.

No sábado, 21 de junho, o Sol atingirá seu ponto mais alto no céu. Este é o solstício de verão, o início astronômico do verão no hemisfério norte. O dia será o mais longo do ano – em Varsóvia, durará 17 horas e 4 minutos – e a noite será a mais curta.
A partir de domingo, os dias começarão a ficar mais curtos – embora no início as diferenças sejam quase imperceptíveis. O sol irá, lenta e gradualmente, se pôr cada vez mais baixo no céu.
É um momento compartilhado por bilhões de pessoas – da Escandinávia à Califórnia, do Japão ao Canadá. Durante séculos, foi celebrado com fogo, música e dança – celebrando a luz, a vida e todo o poder da natureza. Na Suécia, hoje é dia de folga do trabalho.
Mas o solstício também é um ponto de virada. O dia não será mais longo. Portanto, este momento – embora cheio de luz – carrega consigo um pouco de sombra.
Hoje, Luxemburgo sediará uma reunião do Conselho ECOFIN, o Conselho dos Ministros das Finanças da União Europeia, que será presidido pela última vez pelo Ministro das Finanças polonês, Andrzej Domański, devido ao fim da presidência polonesa. Os principais tópicos da reunião incluem a reforma da união aduaneira, para a qual a Polônia deseja obter a adoção de um mandato de negociação durante sua presidência, e o pacote de primavera do Semestre Europeu de 2025, que contém recomendações para cada Estado-Membro.
Os ministros também tratarão da aprovação de decisões no âmbito do Pacto de Estabilidade e Crescimento – incluindo, entre outras, a avaliação dos planos fiscais de médio prazo e o procedimento por défice excessivo. O tema da ampliação da zona do euro também será um ponto importante – serão discutidos o relatório de convergência da Bulgária e a possível adoção de uma recomendação que permita ao país aderir à zona do euro a partir de janeiro de 2026.
A pauta também incluiu uma discussão sobre a competitividade da economia da UE no contexto do aumento dos preços da energia, aprovação de mudanças nos Planos Nacionais de Recuperação (RRF) para oito países e uma avaliação dos efeitos da agressão russa contra a Ucrânia e medidas de apoio.
Os ministros também discutirão a tributação, incluindo a adoção de um relatório resumindo o primeiro semestre, discutindo o progresso nos trabalhos de revisão da diretiva de tributação de energia e as atividades do grupo de código de conduta. A seção sobre serviços financeiros inclui uma revisão das regulamentações mais recentes e o estado da implementação da união dos mercados de capitais.
A reunião começará pela manhã com uma transmissão da chegada dos ministros e terminará com uma coletiva de imprensa à tarde com a participação do Ministro Domański e do Comissário Valdis Dombrovskis.
E quais dados os mercados financeiros adotarão hoje?
Sexta-feira promete ser um dia típico de negócios para os mercados financeiros — pelo menos em teoria. Na prática, os investidores tanto em Wall Street quanto na Bolsa de Valores de Varsóvia podem estar aproveitando um feriado prolongado, o que pode limitar as negociações e a liquidez. Os mercados asiáticos, no entanto, estão operando normalmente.
Do ponto de vista macroeconômico, o dia trará alguns dados interessantes. Às 8h, teremos a leitura do IPP de maio da Alemanha. O consenso pressupõe uma nova queda anual de 1,2% nos preços ao produtor – em comparação com a queda de 0,9% em abril. Ao mesmo tempo, serão publicadas as vendas no varejo da Grã-Bretanha – um aumento esperado de 1,6%, mas uma clara desaceleração em comparação com o aumento de 5% do mês anterior. Teremos que aguardar os dados do exterior até as 16h – então teremos o índice de indicadores antecedentes de maio do Conference Board, que pode dar pistas sobre a condição futura da economia americana.
O Banco da Inglaterra manteve ontem as taxas de juros em 4,25%, mas sugeriu possíveis cortes ainda este ano. A maioria dos membros do comitê votou pela manutenção das taxas, mas três votaram por reduzi-las para 4%. O motivo é apontado como uma deterioração significativa da economia – a economia contraiu em abril, o desemprego está aumentando e o crescimento dos salários está enfraquecendo. Apesar de um aumento temporário da inflação devido ao aumento do preço da energia, o Banco espera que ela caia no segundo semestre do ano. Os mercados esperam o primeiro corte de juros em agosto, com mais cortes no outono e inverno. Ao mesmo tempo, as autoridades monetárias alertam para a grande imprevisibilidade da situação global – desde tarifas nos EUA até o conflito no Oriente Médio.
O que você pode ler no pb.pl?
No artigo "O que está acontecendo nas disputas da Saule", Kamil Kosiński ("Puls Biznesu", 19/06/2025) descreve o crescente conflito dentro da Saule, pioneira na tecnologia de células solares flexíveis baseadas em perovskitas. A disputa envolve o controle da empresa e o futuro da tecnologia inovadora criada por Olga Malinkiewicz. As principais partes envolvidas no conflito são, de um lado, Malinkiewicz e Piotr Krych (cofundadores da Saule) e, de outro, os investidores Columbus Energy e sua empresa coligada DC24 ASI.
A causa das tensões não são apenas os empréstimos concedidos a Saule, mas também os poderes corporativos que conferem à Columbus e à DC24 ASI influência real nas decisões da empresa. Malinkiewicz acusa essas entidades de bloquear o acesso a novos investidores e tentar assumir o controle da empresa, e foi demitida do conselho após apresentar notificações ao Ministério Público. O caso foi a julgamento, e o relatório interno do novo conselho mina o nível de desenvolvimento tecnológico declarado por Malinkiewicz. Ela, por sua vez, responde que o relatório é uma apresentação manipulada. Embora o tribunal tenha concordado com Krych, anulando uma resolução importante da assembleia geral, o conflito provavelmente se intensificará.
O autor do texto, Kamil Kosiński, acompanha a empresa há anos, por isso o registro cronológico da disputa inclui links úteis para artigos nos quais ele discutiu a situação da empresa e vários problemas que estavam surgindo dentro dela, mesmo antes do conflito atual se agravar tanto.
No podcast de hoje, você pode ouvir uma conversa com Maciej Wojtal, gestor do fundo Amtelon Capital e um dos poucos europeus que investiram legalmente na bolsa de valores iraniana. Pergunto a ele sobre a economia iraniana por dentro, onde reside o maior potencial, como as empresas locais e o mercado de capitais operam. E o que vale a pena ver e comer ao visitar a antiga Pérsia. Esta é uma conversa sobre investir apesar das manchetes mundiais – e sobre um país que conhecemos muito menos do que imaginamos. Esta será uma longa conversa, embora apenas um fragmento dela, que você lerá na íntegra em breve nas páginas do Puls Biznesu.
É possível investir no Irã – o país dos aiatolás, sanções e guerra?
PULS BIZNESU: Uma guerra aberta está em curso entre o Irã e Israel há uma semana. Para muitos de nós, este é um conflito distante — geográfica, política e culturalmente. Vemos imagens de Teerã e paisagens montanhosas na mídia, e é preciso admitir honestamente que, para a maioria dos poloneses, essas são algumas das primeiras imagens do Irã que já viram. Sabemos muito pouco sobre este país — ele está principalmente associado à política.
Enquanto isso, o Irã é um país com quase 90 milhões de habitantes, vastos recursos, séculos de história e uma economia que, apesar do isolamento, pode surpreender. A Polônia mantém relações diplomáticas com o Irã – antiga Pérsia – desde 1474, e novamente desde 1927. Esta é uma das relações ininterruptas mais antigas da história da nossa diplomacia.
Hoje, porém, não falaremos de guerra, mas sim de economia. Sobre o Irã como um país onde nosso convidado, Maciej Wojtal, CIO do fundo Amtelon Capital, um dos poucos investidores ocidentais com experiência real naquele mercado, investiu com sucesso há apenas alguns meses. Maciej, obrigado por aceitar o convite. Primeiro, conte-nos um pouco sobre você – quem você é, como foi sua trajetória profissional, também na Polônia, e o que o levou aos mercados emergentes.
MACIEJ WOJTAL: Muito obrigado pelo convite. O Irã, como você mencionou, é um país fascinante. Não se trata apenas de uma grande população – 90 milhões de pessoas – mas também de mais de 5.000 anos de história registrada. E, mais importante, os iranianos têm consciência dessa herança. É uma cultura profundamente enraizada que se pode sentir.
O Irã também é um país excepcionalmente incompreendido. É um dos países que provavelmente tem a pior reputação do mundo. Por isso, se alguém quiser conhecê-lo, vale muito a pena ir e ver com os próprios olhos. A diferença entre o que lemos na mídia e o que vemos e sentimos na prática – em conversas com as pessoas – é colossal. Os iranianos são extremamente curiosos sobre estrangeiros, pois não há muitos deles por lá. Se você fala inglês, alguém certamente virá até você e conversará.
PULS BIZNESU: Antes de começarmos, diga-nos quem você é. Nós falamos polonês, você tem um sobrenome polonês, mas mora em Londres e investe no Irã. Como tudo começou?
MACIEJ WOJTAL: Sou polonês, nascido e criado na Polônia. Depois de me formar na Polônia, consegui um emprego no JP Morgan, em Londres, em um banco de investimento. Eu queria muito trabalhar em um mercado financeiro grande e sério, então saí. Com o tempo, migrei para o chamado buy side, ou fundos de hedge. Adquiri experiência em mercados emergentes e mercados de fronteira, que são ainda menos desenvolvidos. Investimos na Nigéria, Quênia, Vietnã e China.
O Irã emergiu como um país com um mercado enorme e completamente subvalorizado. A Bolsa de Valores de Teerã é a maior bolsa de valores da qual ninguém ouviu falar – cerca de 700 empresas, cuja capitalização, após as quedas recentes, é de cerca de US$ 150 bilhões. Se o Irã fosse incluído nos índices MSCI, seria o maior mercado no grupo de mercados de fronteira e talvez até um candidato a mercados emergentes.
E o ponto de virada foi o levantamento das sanções da ONU em 2016. A partir daquele momento, exceto os americanos, todos podiam legalmente pensar em investir no Irã.
PULS BIZNESU: O Irã é um país com uma população maior que a da Alemanha, com mais de 60% da população com menos de 35 anos. Segundo o FMI, seu PIB gira em torno de US$ 400 bilhões. Quais — na sua perspectiva — são os principais ativos econômicos deste país?
MACIEJ WOJTAL: Nossas estimativas estão mais próximas de US$ 250 bilhões, porque há discrepâncias resultantes de diferentes taxas de câmbio. Mas as comparações com a Alemanha são enganosas — o Irã deveria ser comparado à Turquia e à Arábia Saudita.
A Turquia tem população e extensão territorial semelhantes, e um PIB de mais de US$ 1,1 trilhão — apesar de não possuir recursos naturais. A Arábia Saudita, por outro lado, possui US$ 1,2 trilhão, fortemente dependente do petróleo. O Irã possui reservas combinadas de petróleo e gás maiores que as sauditas. Em um cenário otimista, sua economia poderia chegar a US$ 2,5 trilhões — dez vezes maior do que a atual.
Quanto às empresas, apesar das sanções, elas exportam para a região. Oferecem grandes descontos para que qualquer pessoa compre delas, e enfrentam problemas com transporte, seguro e pagamentos. Suas margens são consumidas pelos custos de transação. Além disso, há uma enorme incerteza – as empresas não planejam para cinco anos, apenas para alguns meses. Se o Irã se abrisse, a remoção dessas barreiras, por si só, permitiria que as empresas respirassem e aumentassem significativamente seus lucros. Além disso, a inflação mais baixa, as taxas de juros mais baixas, o surgimento do crédito – não existe um mercado real para hipotecas lá hoje.
Esta é uma economia que opera constantemente como se estivesse em guerra — mesmo antes da guerra.
PULS BIZNESU: E se pudéssemos voltar ao Irã — o que vale a pena ver lá? E o que comer?
MACIEJ WOJTAL: Eu começaria com Teerã – não é uma cidade bonita no sentido clássico, mas você consegue sentir a energia e o empreendedorismo de lá. Esta cidade é cheia de vida, os engarrafamentos são lendários, mas também há muitas galerias, pessoas fantásticas e conversas com artistas.
Além disso: Isfahan e Shiraz. Em Shiraz, encontraremos Persépolis – ruínas de grande valor histórico. Isfahan é mais tranquila, rica em cultura e também vale a pena visitar.
Terceiro ponto – esqui! Teerã fica no alto, e a meia hora de carro da cidade você encontra teleféricos que chegam a 4.000 metros acima do nível do mar. Na década de 1960, o Xá construiu estações de esqui lá – elas se parecem com Kasprowy nos anos 1990, mas as condições são fantásticas.
E a comida? É motivo suficiente para ir lá. Carnes, romãs, ervas aromáticas. A culinária varia de região para região. Teerã tem ótimos restaurantes, do tradicional ao moderno. Eu sempre como demais lá.
najnowsze