Polônia entre os países com secularização mais rápida do mundo

Desde 2016, a Polônia vem se secularizando no ritmo mais acelerado do mundo. A religião está perdendo importância, especialmente entre os jovens, de acordo com uma pesquisa publicada recentemente. Segundo a professora Katarzyna Zielińska, socióloga da religião da Universidade Jaguelônica, isso se deve, entre outros fatores, à politização da Igreja Católica, à sua abordagem aos fiéis e à pandemia.
Uma pesquisa do professor Joerg Stolz, da Universidade de Lausanne, publicada na Nature Communications (https://www.nature.com/articles/s41467-025-62452-z), analisou como as atitudes em relação à religião estão mudando entre as faixas etárias. Constatou-se que os jovens em todo o mundo são agora menos religiosos do que os mais velhos. No entanto, a Polônia revelou-se o país onde as diferenças intergeracionais em religiosidade são as maiores (tanto em termos de participação em práticas religiosas, quanto da importância da religião na vida e do senso de pertencimento).
"De fato, a Polônia parece ser o país que se seculariza mais rapidamente no mundo", comentou o professor Stolz à PAP. Em sua opinião, isso se deve ao fato de nosso país estar se modernizando muito rapidamente, passando por um desenvolvimento econômico e tecnológico significativo. "Isso leva à secularização e se traduz em diferenças intergeracionais nas atitudes em relação à religião", acrescentou o pesquisador.
Referindo-se a esta pesquisa, a socióloga da religião Dra. Katarzyna Zielińska, professora da Universidade Jaguelônica, enfatizou que a Polônia ainda está atrasada em relação à Europa Ocidental em termos de secularização geral. "A Polônia ainda é significativamente mais religiosa do que a maioria dos outros países europeus. Portanto, temos uma trajetória de mudanças atrasada em relação à secularização", observou.
Até recentemente, falava-se de "secularização progressiva" na Polônia, mas na última década o afastamento das pessoas da religião se acelerou claramente.
"Desde aproximadamente 2016, observamos uma reversão nas tendências anteriores, um declínio no número de pessoas que se declaram crentes e participam de práticas religiosas. Também observamos um aumento no número de pessoas que se declaram não crentes", destacou o professor Zielińska.
Isso fica evidente nos resultados do censo: entre 2011 e 2021, a porcentagem de pessoas que se declararam católicas caiu de 87% para 71%. Enquanto isso, nos últimos anos, segundo pesquisa da CBOS, a porcentagem de pessoas que se declararam não crentes aumentou de alguns pontos percentuais para 14%.
Mas por que a secularização na Polônia está progredindo agora? A professora Zielińska explicou que a alta posição da Igreja Católica está ligada à história do país. Por centenas de anos, ela serviu como veículo para a identidade nacional e representante da nação perante regimes, especialmente durante as partições e o comunismo. Na República Popular da Polônia, embora unisse a oposição, também foi tratada com relativa indulgência pelas autoridades – em parte em troca de ajudar a acalmar as tensões sociais. A Igreja permaneceu forte mesmo depois de 1989, quando muitos políticos no poder se sentiram obrigados a retribuí-la por seu papel na República Popular da Polônia.
Em sua opinião, porém, a percepção do papel da Igreja Católica mudou significativamente na última década – especialmente durante o governo da Direita Unida (2015-2023). Ela acrescentou que a Igreja se envolveu profundamente politicamente na época, aliando-se ao partido no poder. A Igreja se manifestou contra a comunidade LGBT+ e foi vista como corresponsável pelo endurecimento das leis sobre aborto. "As greves das mulheres tinham uma dimensão anticlerical e secularista muito clara", destacou a professora Zielińska.
"A Igreja sempre se engajou politicamente, mas no período de 2015 a 2023, esse envolvimento deixou de ser aceito em alguns círculos católicos. Alertas foram levantados de que laços tão estreitos entre a Igreja e um único partido político poderiam afetar negativamente sua posição", concluiu o sociólogo da Universidade Jaguelônica.
Outro fator foi a pandemia de COVID-19, que interrompeu o hábito de participação religiosa regular — até então típico da religiosidade polonesa. Fiéis que antes não conseguiam imaginar perder a missa deixaram de frequentar a igreja durante os lockdowns e, muitas vezes, nunca mais retornaram.
Segundo a socióloga, cada vez mais pessoas também começaram a sentir a necessidade de mudanças na forma como a Igreja se comunica com os fiéis e a sociedade. Ela explicou que, durante a era comunista, quando outros países europeus estavam secularizando e forçando mudanças em suas igrejas, não havia pressão por reformas na Polônia. "Como resultado, ainda temos uma Igreja tradicional, onde o padre é a figura mais importante e os leigos estão lá apenas para ajudar", disse a professora Zielińska. Ela acrescentou que os jovens são desencorajados a frequentar essa instituição por acreditarem que a Igreja não responde às suas necessidades e vozes.
As pessoas também estão abandonando a Igreja, indignadas com sua resposta aos escândalos de abuso sexual. "Muitas pessoas religiosamente comprometidas podem acreditar que a Igreja não está cumprindo sua missão", avaliou a pesquisadora.
Segundo ela, a mudança nos papéis de gênero e a maior participação das mulheres no mercado de trabalho também estão contribuindo para a secularização. As mulheres na Polônia — tradicionalmente mais religiosas do que os homens — estão se secularizando mais rapidamente. E, no entanto, elas eram tradicionalmente responsáveis por criar os filhos na fé.
Outro fator é a quebra da socialização religiosa tradicional: cada vez menos pais, especialmente nas grandes cidades, enviam seus filhos para a educação religiosa na escola, o que enfraquece a transmissão do conhecimento e das práticas religiosas.
Questionada sobre se a secularização na Polônia continuaria a atingir o nível dos países da Europa Ocidental, a Professora Zielińska respondeu que era difícil prever. "Muito depende de como a Igreja Católica responderá aos processos que ocorrem na sociedade. A situação internacional também é importante – incluindo a guerra além da fronteira oriental. A história mostra que, em situações de crise, quando há falta de segurança existencial, a religião frequentemente se torna uma solução atraente", concluiu.
Ludwik Tomal (PAP)
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