Não irrite Hansi Flick

O rei da improvisação e o rei do planejamento remam lado a lado há pouco mais de um ano na panela de pressão que é o Barça . Um abraçado pelo seu carisma (Joan Laporta) e o outro pelo seu trabalho (Hansi Flick), eles coabitam em um clube que mais uma vez não registrou todos os seus jogadores no início da La Liga e nem sabe em qual estádio jogará sua primeira partida em casa da temporada. Aparentemente, o catalão e o alemão são como água e óleo, mas combinaram maravilhosamente em termos de resultados esportivos. Laporta fez a escolha certa com a contratação do treinador, e o técnico está encantado com a maioria dos seus jogadores e seu dia a dia no Barcelona .

Mas seria sensato não irritar o treinador. Sempre comedido e sem precisar bater a cabeça na mesa, Flick tem feito birra em mais de uma ocasião nas últimas semanas. Naturalmente, os altos e baixos da turnê asiática (ora sim, ora não, ora sim) não lhe agradaram, assim como a perda de Iñigo Martínez, que era um de seus pilares e uma extensão de sua ambição em campo. Disseram-lhe que o time não seria enfraquecido nem perderia jogadores-chave. É por isso que ele não quer ouvir falar de saídas mais significativas, mesmo que Fermín não seja titular indiscutível e mesmo que Casadó possa acabar ficando entediado no banco.

Flick está torcendo o nariz, mas está certo em se concentrar no que pode controlar.

O técnico também não ficou satisfeito com o fato de seu time não ter conseguido vencer o Mallorca, que tinha nove jogadores, porque sua abordagem ao futebol se resume a ir, ir e ir de novo em direção ao gol adversário. Mas ele é o responsável por isso, pelo time, e já disse a eles, pública e privadamente, o que considera apropriado.

Sua maneira de sobreviver na selva blaugrana passa por se esconder atrás do inglês, estudar muito as respostas e não se enlouquecer com coisas que não pode controlar. Por isso, se manteve firme quando perguntado se jogar tantos jogos fora de casa no início da temporada não o estava afetando. Ele está focado em manter o elenco competitivo. O que não é pouca coisa. Tenta se manter distante dos demais, principalmente em público. Se não o fizesse, já teria perdido a compostura há muito tempo, e isso teria afetado seu trabalho. Mas isso não o impede de esconder uma cara menos alegre do que em outros momentos. Parece sério e mais comedido com as palavras do que na temporada passada. Sua paciência com as convulsões do clube também deve ter limites. O certo é que não quer mais sustos ou surpresas que estejam além do seu controle.