Berta Abellán, sucessora de Laia Sanz que herdou sua força mental

A sétima vez foi decisiva para Berta Abellán Marsiñach. A ciclista de 25 anos de Terrassa finalmente conquistou o título das eliminatórias após seis tentativas que quase chegaram perto do objetivo. Agora é seguro dizer que ela é a herdeira de Laia Sanz, a digna sucessora da 14 vezes campeã mundial. É o fruto do que a ciclista de Corbera de Llobregat semeou.
"Após seis vice-campeonatos (entre 2018 e 2024), a vitória finalmente chegou", diz a nova campeã mundial de Terrassa, entre feliz e aliviada. Desde que entrou na elite, ela teve que enfrentar dois monstros do trial: Emma Bristow, com 10 títulos, e Laia Sanz, com 14.
Entre dois monstros Berta Abellán conseguiu revelar-se depois de se aposentar de Bristow (10 títulos) e se mudar para Dakar Sanz (14)Com a aposentadoria da inglesa de 34 anos no ano passado e a catalã de 39 anos agora imersa no Dakar, Berta se viu liderando a nova geração de ciclistas. E ela provou ser a aluna mais talentosa das duas divas. "Graças ao fato de ambas terem sido grandes rivais, consegui lutar e avançar para estar no topo. Ganhei o título sem a Emma, mas se não fosse pelos últimos anos de luta contra ela, eu não teria a mentalidade que tenho agora; sou muito grata por ter tido essas duas rivais", reconhece Abellán, que não hesita em apontar Laia como seu modelo. "Sempre a tive em mente; ela abriu o caminho e sou eu quem o continua."

Berta Abellán comemora seu título no pódio no UK Trials.
PEP SEGALÉSApesar de serem de gerações diferentes, separados por 14 anos, Abellán e Sanz têm um bom relacionamento. “Ela sempre esteve perto de mim e me aconselhou. No ano em que voltou para o Campeonato Mundial (2021), estava muito focada em competir, mas de 2022 para cá nos encontramos para treinar. Toda vez que vamos, ela me leva ao limite porque é mentalmente muito forte e sempre me incentiva. Estou indo muito bem. O que mais aprendi com ela é sua mentalidade forte, saber que você pode fazer algo, mesmo que não consiga ver. Ela sempre me diz: 'Você tem que acreditar'. O que mais absorvi dela foi autoconfiança”, explica Abellán, que conheceu Laia aos 8 anos em um curso que ela dava com Carla Calderer, as duas melhores ciclistas de trial do momento, em Santa Margarida de Montbui.
"Laia Sanz abriu caminho, e eu continuo. Ela sempre me leva ao limite. Aprendo muito com ela."“Havia muitas meninas... só eu fiquei na Copa do Mundo. Todas desistiram por falta de apoio. Também teve a Alba Villegas, minha mochileira nos últimos quatro anos. Atrás de mim estão a Laia Pi (19) e a Daniela Hernando (16). Continuo sendo o único exemplo a seguir. Espero que muitas outras venham depois de mim e me peçam conselhos, e eu as ajudarei no que precisarem”, ela oferece.

Berta Abellán e sua mochileira Alba Villegas fazendo uma pausa em uma das áreas do UK Trials
PEP SEGALÉSE o caminho para chegar ao topo está longe de ser fácil, devido à dupla complicação de uma disciplina minoritária — embora com longa tradição na Catalunha — e ao fato de ela ser uma mulher.
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“Sempre tentei conciliar os trial com os estudos. Tive a sorte de encontrar patrocinadores suficientes para me apoiar”, explica Abellán, que depois de uma década no Campeonato Mundial consegue “sobreviver” como profissional. “Por enquanto, estou cobrindo minhas despesas. Se eu ganhar corridas, consigo me virar com os bônus que a Scorpa (sua marca de motos) me paga. Não tanto quanto um companheiro de equipe.” Embora Berta precise complementar seu salário trabalhando como treinadora e dando aulas de trial.

Berta Abellán nas recentes seletivas do Reino Unido, onde se tornou campeã mundial.
PEP SEGALÉS"Eu adoraria me concentrar apenas nos testes e estar 100% em forma, mas gosto de ter um plano B caso eu perca minha equipe, me machuque ou não consiga cobrir os custos. Minha alternativa é me candidatar a bombeira", para a qual ela se formou em atendimento médico de emergência "para ganhar mais mérito".
"Meu plano B, se eu perder minha equipe ou me machucar, é ser bombeiro; e eu adoraria ir ao Dakar."Berta reflete, e Laia reaparece no horizonte, mais uma vez um modelo a seguir em seus passos futuros.
– Se eu tivesse recursos, mudaria para o enduro. E o Dakar, se eu encontrar recursos, ficaria feliz em participar. Vendo a Laia e a Sandra Gómez [suas companheiras de equipe no Trial das Nações de 2021], adoraria correr.
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