Destruição de contraceptivos pelos EUA: tensões diplomáticas entre a Bélgica e Washington

"Continuamos a defender vigorosamente, por meio de canais diplomáticos, para garantir que não haja tal desperdício", disse o Ministro das Relações Exteriores da Bélgica, Maxime Prévot, na sexta-feira. O governo americano, proprietário do estoque armazenado em Flandres, no norte da Bélgica, anunciou em meados de julho que queria destruí-lo, gerando protestos entre ONGs e grupos feministas, principalmente na França.
A intenção do governo Trump é "destruir certos produtos contraceptivos abortivos dos contratos da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) assinados durante o governo do presidente Joe Biden", explicou um porta-voz do Departamento de Estado. Isso ilustra as novas direções políticas em Washington durante a era Trump, com uma forte redução na ajuda internacional e uma redução no apoio a programas que promovem o planejamento familiar ou o aborto.

As críticas foram particularmente direcionadas à França, onde se falou em julho que o estoque da USAID seria destruído por incineração naquele país, segundo diversos meios de comunicação. "Fui informado de que essa informação era infundada", disse Maxime Prévot.
"Há estoques no valor de vários milhões de euros, principalmente de anticoncepcionais, originalmente destinados à África, que ainda estão em solo belga" e são propriedade dos Estados Unidos, acrescentou o ministro. Ele explicou que alguns dos produtos (implantes, DIUs, etc.) foram transferidos do galpão original e que as más condições de armazenamento também podem alterar seu estado.
Há várias semanas, a diplomacia belga se sente "ofendida" com a situação, segundo o ministro. "Seja aqui na embaixada americana ou diretamente em Washington, intervimos para dizer: 'Ok, vocês estão mudando sua política, lamentamos, mas, por favor, pelo menos deixem o que já foi comprado ir para os destinatários apropriados'", acrescentou.