Moda. Apropriação cultural ou inspiração estética? A polêmica das sandálias Adidas cresce

A marca de três listras foi acusada de apropriação cultural pelo México em relação a um de seus designs de sandálias. O designer Willy Chavarria, ele próprio de ascendência mexicana, admitiu a acusação.
Trata-se de roubo cultural ou expressão artística inspirada? Essa questão ressurgiu no noticiário desde que o governo mexicano exigiu indenização da Adidas para uma comunidade no estado de Oaxaca. A marca de três listras é acusada de apropriação cultural em um dos designs de suas sandálias.
Sob a liderança do designer americano de ascendência mexicana Willy Chavarria, a fabricante alemã de artigos esportivos lançou sandálias chamadas "Oaxaca Slip-On". No entanto, de acordo com as autoridades do estado mexicano, a Adidas não tinha autorização nem expressava qualquer reconhecimento aos seus criadores autênticos, ou seja, a comunidade de Villa de Hidalgo Yalalag. Os calçados Adidas reinterpretam o modelo "huarache" dessa comunidade indígena, sandálias que datam da era pré-colombiana e são confeccionadas de forma tradicional.
"Lamento profundamente""Isso é propriedade intelectual, propriedade coletiva, deve haver reparação, devemos respeitar a lei patrimonial e veremos se isso se resolve por meio de discussão. Também estamos estudando a via legal", disse a presidente mexicana Claudia Sheinbaum em uma coletiva de imprensa.
Uma reclamação poderia até ser registrada no Instituto Mexicano de Propriedade Industrial, o que poderia levar à proibição da venda do produto no país.
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Neste sábado, Willy Charravia admitiu a apropriação cultural de seu modelo: "Lamento profundamente que este modelo tenha se apropriado do nome e não tenha sido desenvolvido em parceria direta e significativa com o povo de Oaxaca", disse o estilista em um comunicado. O lançamento das sandálias "não reflete a abordagem respeitosa e colaborativa" que a comunidade de Villa Hidalgo Yalalag merece, acrescentou.
Marant, Zara, Shein...Esta está longe de ser a primeira vez que o México acusa marcas de apropriação cultural. Em 2020, Alejandra Frausto, então Ministra da Cultura do México, criticou a estilista francesa Isabel Marant. Para sua coleção de outono/inverno, a estilista apresentou capas (com preço de varejo de € 490) com motivos semelhantes aos de uma comunidade indígena do estado de Michoacán, os Purépechas. A estilista acabou se desculpando e afirmou que essa exploração tinha como objetivo "valorizar e destacar" a mistura cultural.
Um ano depois, o mesmo ministro atacou Zara, Antropologie e Patowl por usarem designs de comunidades indígenas do estado de Oaxaca, sem qualquer compensação. Em 2023, a gigante chinesa Shein foi alvo de críticas por comercializar "roupas com elementos distintivos e característicos da cultura e identidade do povo Nahua", segundo um comunicado do Ministério da Cultura do México.
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Para seus denunciantes, a apropriação cultural não se resume a uma simples questão de empréstimo abusivo e não remunerado. É uma forma de perpetuar a opressão de uma cultura dominada pela cultura dominante, a saber, a cultura ocidental. Assim, nessa prática, o objeto, vestimenta ou motivo é reduzido a uma simples expressão estética, despojando-o de seu valor simbólico ou social.
Proibir a apropriação cultural?O termo "apropriação cultural" surgiu nos Estados Unidos na década de 1980, graças ao desenvolvimento dos chamados estudos acadêmicos pós-coloniais. Embora os exemplos sejam numerosos, um dos primeiros estudos de caso documentados é o dos povos nativos americanos, cuja cultura foi dominada e posteriormente exterminada pelos colonizadores europeus nos Estados Unidos.
Elementos culturais nativos americanos, e em particular o cocar de penas, têm sido regularmente explorados comercialmente por marcas ou personalidades: uma modelo em um desfile de moda da Victoria's Secret em 2012, o cantor Pharell Williams, o festival Coachella, calcinhas "Navajo" na Urban Outfitters...
Abusos que levaram comunidades nativas americanas a solicitar à ONU a proibição da pilhagem cultural. Mas, como aponta a jurista Clara Gavelli em um artigo publicado no ano passado: "propriedade cultural coletiva é difícil de conceber em nosso sistema jurídico".
Le Progrès