Editorial. Superturismo: flagelo do verão ou problema dos ricos?

Nesta sociedade de insatisfação crônica, nada escapa à crítica. Férias eram antes poupadas de recriminações. Mas isso acabou. Desde a invenção do "overtourism", toda cidade chique assumiu um ar cansado, desprezando os visitantes de outros lugares. Demasiados numerosos, demasiado barulhentos, impedem os locais de desfrutar dos prazeres exclusivos dos seus arredores. Uma crise de esnobismo atinge o sul da França, alguns locais renomados do Oeste e os Alpes. Para destinos renomados, essas queixas são, acima de tudo, uma oportunidade para expressar a sua insatisfação com as pessoas comuns que passam as suas férias pagas no parque de campismo Flots Bleus. Este plebeu mal-educado, vindo de terras comuns ou de regiões outrora industriais, tem a audácia de visitar áreas elogiadas por revistas de luxo. E lá está ele, a passear pelas ruas sombreadas de Gordes, outro a dar um mergulho no maravilhoso Lago Annecy, enquanto o terceiro quer mostrar aos mais jovens a magnificência do Monte Saint-Michel na hora do rush. Para piorar a situação, esse homo touristicus contemporâneo tem poder de compra limitado...
Não se engane: essa noção de "transbordamento" esconde, em segundo plano, a nostalgia do turista escolhido, com suas dicas fáceis e maneiras distintas. Desde então, o turismo de massa chegou. Aqueles que reclamam agora construíram casas aos milhares. Atraíram o espectador prometendo-lhe o paraíso, enquanto ele se encontra no inferno das sardinhas em lata. Fizeram lobby por rodovias que hoje abominam. Conseguiram aeroportos que, doravante, repudiam. Abençoaram as operadoras de turismo, estenderam o tapete vermelho para o Airbnb e fizeram alarde sobre as empresas de cruzeiros. A única pergunta que importa é: quem realmente matou a galinha dos ovos de ouro?
Le Républicain Lorrain