Encurralado, o Google se opõe ao seu desmantelamento


O Google está lançando suas últimas forças na batalha jurídica para tentar evitar ser desmembrado.
Na sexta-feira, o Google lançou suas últimas forças na batalha legal contra o governo dos EUA, tentando convencer um juiz federal a não desmembrar o grupo, que foi considerado culpado de monopólio no mercado de buscas online. Depois de considerar o Google culpado de práticas anticompetitivas em agosto, o magistrado de Washington, Amit Mehta, agora deve determinar a sentença aplicável à empresa de Mountain View, Califórnia.
Após três semanas de debates, que terminaram no início de maio, a sexta-feira é dedicada às alegações, antes da decisão do juiz, prevista para agosto. O Departamento de Justiça dos EUA está exigindo que o Google venda seu navegador Chrome e o proíba de firmar acordos exclusivos com fabricantes de smartphones para instalar seu mecanismo de busca padrão.
Ele também exige que a gigante da tecnologia seja forçada a compartilhar os dados que usa para produzir resultados de pesquisa em seu mecanismo. O Google, por sua vez, propõe medidas muito mais limitadas, abrindo, principalmente, a possibilidade de os fabricantes de equipamentos telefônicos pré-instalarem sua loja de aplicativos (Google Play) sem adicionar o Chrome ou o mecanismo de busca.
As primeiras horas da audiência de sexta-feira foram dedicadas a argumentos técnicos. O advogado do Google, John Schmidtlein, disse que o governo não conseguiu provar que os concorrentes do Google teriam conquistado mais participação de mercado sem os notórios acordos de exclusividade.
"Ninguém disse: 'Se eu tivesse mais flexibilidade, teria pré-instalado o Bing.'"
Ele citou o exemplo da operadora telefônica americana Verizon que, apesar de ter comprado o mecanismo de busca Yahoo! em 2017, preferiu instalar o mecanismo de busca do Google em seus smartphones – sem sequer estar vinculada ao grupo californiano por contrato. Entre as cem testemunhas que compareceram ao julgamento, "ninguém disse: se eu tivesse tido mais flexibilidade, teria pré-instalado o Bing", declarou John Schmidtlein, o mecanismo de busca da Microsoft, principal concorrente do Google nesse mercado.
A Apple, à qual o Google paga mais de US$ 20 bilhões por ano para instalar seu mecanismo padrão em iPhones, "tem pedido repetidamente por mais flexibilidade", respondeu David Dahlquist, um funcionário do governo. "E o Google respondeu: sem instalação padrão, sem compartilhamento de receita", lembrou ele, com base em documentos arquivados no caso.
"Queremos ajudar os concorrentes a começar"
Os riscos desse teste são altos para o Google, cujo negócio de buscas já está sob pressão da IA, que também é capaz de pesquisar informações na internet. Durante as três semanas de depoimento, o vice-presidente de serviços da Apple, Eddy Cue, revelou que o tráfego para o mecanismo de busca padrão do Google em iPhones caiu em abril pela primeira vez em 20 anos.
As partes discutiram então, a convite do juiz, o possível compartilhamento de dados solicitados pelo governo. "Não queremos colocar o Google de joelhos", disse Adam Sever, do Departamento de Justiça, "mas queremos ter certeza de que é possível competir com ele". "Queremos ajudar os concorrentes a começar", continuou ele, "sem colocá-los em pé de igualdade com o Google desde o início".
(o/jw)
20 Minutes