Turnê pela Espanha ainda é interrompida por protestos pró-palestinos
Alvo novamente na sexta-feira, 5 de setembro, de manifestações pró-palestinas de proporções sem precedentes durante o Tour da Espanha, membros da equipe de ciclismo Israel PT expressaram sua apreensão com mais de uma semana de provas restantes até a chegada em Madri. "Estamos com medo. Estamos recebendo insultos, todo tipo de agressões verbais, é difícil", confidenciou um dos dois diretores esportivos presentes na prova, o espanhol Oscar Guerrero, à rádio Onda Cero.
Várias etapas já foram interrompidas e, na sexta-feira, a fuga foi bloqueada por alguns instantes por manifestantes ao pé da formidável subida de Angliru. O incidente mais significativo ocorreu na quarta-feira em Bilbao , durante a 11ª etapa, que foi encurtada após empurrões e confrontos entre manifestantes e policiais.
"Imagino que alguns dos nossos ciclistas estejam pensando em desistir e, se fosse esse o caso, a equipe não os impediria", acrescentou outro membro da equipe de gestão, o belga Eric Van Lancker, que não está presente, mas está em contato com seus colegas. "Vimos protestos, inclusive em corridas na Bélgica, mas eles permaneceram em silêncio. O que está acontecendo aqui é extremo", disse ele à rádio flamenga De Ochtend.
A Israel PT, que é uma organização privada e não uma equipe estatal como os Emirados Árabes Unidos, por exemplo, se beneficia de maior proteção durante as corridas. A equipe também pede há muito tempo aos seus ciclistas que não usem camisas com a inscrição "Israel" durante os treinos para evitar serem alvos. Mas a escala dos protestos durante esta 80ª edição da Vuelta atingiu um novo patamar em um país onde o apoio à causa palestina é muito forte.
Diante dessa escalada, o diretor técnico da Vuelta, Kiko Garcia, considerou que, para garantir a segurança do pelotão, o melhor seria a retirada da equipe Israel-Premier Tech da corrida, lembrando que a decisão caberia à União Ciclista Internacional (UCI). Esta última condenou "firmemente" as "ações" dos manifestantes em Bilbao e lembrou "a importância fundamental da neutralidade política nas competições esportivas reunidas no movimento olímpico".
O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, afirmou na quinta-feira à rádio RNE que era "a favor" da retirada da equipe do PT israelense da corrida, acrescentando que o governo não tinha poder para tomar essa decisão, segundo a Associated Press. "Devemos enviar a mensagem a Israel e à sociedade israelense de que a Europa e Israel só podem ter relações normais quando os direitos humanos forem respeitados", disse ele.
"Boicotes sem fim"Por sua vez, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apoiou a equipe na sexta-feira em uma mensagem no X: "Parabéns a Sylvan [Adams, o bilionário israelense-canadense dono da Israel PT] e à equipe israelense de ciclismo por não cederem ao ódio e à intimidação. Vocês deixam Israel orgulhoso", escreveu ele, segundo a AP.