Editorial. PSG, vitória a todo custo

O PSG tem um senso de propósito, mas também um senso de negócios. Na manhã de domingo, poucas horas após a vitória dos jogadores da capital na final da Liga dos Campeões, a nova camisa de "colecionador" do clube, estampada com a estrela do campeão europeu, já estava à venda por € 130 cada. O título conquistado em Munique valida a mudança tomada sob a liderança do técnico Luis Enrique, que incutiu o espírito de equipe em seus jogadores, enquanto seus antecessores lutavam para reunir personalidades fortes. Mas este triunfo esportivo também é um sucesso econômico. Desde sua chegada, há quatorze anos, os proprietários catarianos do PSG têm buscado torná-lo uma marca global, investindo em estrelas perto do fim de suas carreiras, como Beckham e Messi. Com seus recursos praticamente ilimitados, eles construíram um império antes de considerarem formar um time. Bingo. A avaliação do clube subiu de € 70 milhões para € 4,2 bilhões entre 2011 e 2024, segundo a revista Forbes. A vitória parisiense também é o ápice de uma estratégia política. Emmanuel Macron teve o cuidado, durante a recepção dos campeões no Palácio do Eliseu, de parabenizar o Emir do Catar. Duas horas depois, o Parque dos Príncipes entoou o nome do presidente do PSG, Nasser al-Khelaïfi , tão criticado. O ápice de longos anos de "soft power" para os catarianos, que usaram o futebol como ferramenta para desenvolver sua influência. Podemos comemorar ou lamentar, ver nisso uma tremenda oportunidade de crescimento para o futebol francês ou, ao contrário, o símbolo da mercantilização da bola redonda. Mas é claro que, em um momento em que os rumores de uma possível aquisição saudita do Olympique de Marselha ressurgem, a vitória do PSG não é resultado apenas da incrível atuação de Kvaratskhelia ou do talento insolente de Désiré Doué .