É possível fazer exercícios com dores musculares e como evitá-las?

A sessão de ontem foi boa: intensa, rítmica e satisfatória. Mas, ao acordar, é um banho frio, tanto literal quanto figurativamente. Suas pernas estão pesadas, seu corpo inteiro está rígido e cada movimento faz você estremecer. As dores lembram que seu corpo não estava totalmente preparado para a explosão de energia que você dedicou a ele. Um pequeno consolo: você não está sozinho nessa situação. Essas pequenas dores causadas pelo esforço já afetaram a todos, de amadores a campeões como Carlos Alcaraz ou Kevin Mayer .

Dores musculares são familiares para nós, mas permanecem um tanto misteriosas. A ciência as define como "inflamação muscular devido à eliminação de resíduos durante o exercício", conforme detalhado pelo Instituto Pasteur. Em termos concretos, a atividade física queima toxinas, resíduos de alimentos processados ​​ou poluição que desequilibram o corpo, causando fadiga, falta de concentração e até inchaço. No entanto, também causa a liberação de ácido lático, uma substância bem conhecida por corredores de 400m e 800m, produzida pelos glóbulos vermelhos e células musculares quando estes carecem de oxigênio, como durante exercícios intensos.

A eliminação desse ácido lático pode causar desconforto mais ou menos desagradável. A sensação de contratura surge um pouco mais tarde e se origina da "reconstrução de elementos danificados nas células musculares" . Entenda: seu corpo trabalha para reparar as fibras musculares rompidas durante o esforço. As primeiras dores ocorrem algumas horas depois, ou uma noite (o pico ocorre entre 24 e 72 horas após a sessão), enquanto o corpo tenta reconstruir sua saúde.

Mas, embora a presença de dores musculares possa dificultar os movimentos diários, não é um problema médico. Ela apenas sinaliza que os músculos estão bem aquecidos e é hora de relaxar. Porque, para aliviar o desconforto, o melhor remédio ainda é o repouso. A menos que você tenha um massagista profissional à disposição para melhorar a circulação sanguínea ou um aparelho de crioterapia para eliminar o ácido lático com mais facilidade, não é para todos.

Analgésicos ou compressas quentes também podem ajudar, mas para se livrar da rigidez, é preciso esperar entre dois e cinco dias. Depois disso, é aconselhável consultar um médico, pois a lesão pode ser sinal de uma ruptura muscular.

Até lá, descanse. "Dolorido, o músculo está em processo de reconstrução: fazer outra sessão intensa em cima disso não é uma boa ideia", insiste Martin Barillon, fisioterapeuta esportivo. Se você realmente não consegue ficar parado, o médico recomenda praticar um esporte que não force os membros doloridos. Em termos concretos, nada de jogos de futebol se as pernas doerem, ou tênis se os ombros estiverem doendo!

Independentemente da disciplina escolhida, microlesões impactarão negativamente seu desempenho. "Dores musculares intensas levam à perda da força máxima e, portanto, à perda da força geral", resume Martin Barillon. Esqueça a ideia de perseguir recordes, pois você já estará enfraquecido.

Munique, 27 de maio de 1993: Uma breve atualização para os jogadores do OM que acabaram de ser coroados campeões europeus (da esquerda para a direita, Jean-Jacques Eydelie, Didier Deschamps e Éric Di Meco). (Alain De Martignac/L'Équipe)

Paciência é especialmente recomendada porque, uma vez que os tecidos se regenerem, teoricamente estarão mais fortes do que antes. Para evitar ficar jogado no sofá, o ideal é uma curta caminhada pela casa ou uma corrida leve para desintoxicar – entre 20 e 25 minutos em um ritmo que permita manter uma conversa.

Embora não haja consenso científico sobre a eficácia física dessa desintoxicação, pesquisadores demonstraram que ela auxilia na recuperação psicológica. Isso explica por que preparadores físicos em clubes profissionais, de todos os esportes, planejam sessões bem leves no dia seguinte às competições. Ou por que ciclistas pedalam suavemente em seus treinadores domésticos por apenas alguns minutos depois de percorrer centenas de quilômetros.