Raoul Dufy tece sua arte no Museu Bancário do Var

Após o sucesso da exposição de Andy Warhol (e seus 40.000 visitantes), o Musée de la Banque em Hyères aposta em uma abordagem completamente diferente. Até 16 de novembro, o universo de Raoul Dufy está em evidência. Sabemos que o pintor, um mestre da cor, mergulhou no fauvismo antes de ser transformado por Cézanne. Mas Dufy também trabalhou extensivamente com têxteis e moda, um aspecto frequentemente negligenciado de sua carreira.
Obviamente, neste ano do 40º aniversário do Festival de Moda de Hyères, e com a ambição da cidade de se tornar um "polo territorial de indústrias culturais e criativas" dedicado à moda, isso faz todo o sentido. "Uma exposição como esta é rara. Ela apresenta técnica, materiais e história. Combina moda, alta-costura e know-how, tudo enriquecido por arquivos. Há um lugar real nos museus para o que hoje chamamos de design e que costumava fazer parte das artes decorativas. É importante mostrar essa ligação entre arte e costureiros", enfatiza Isabelle Maeght, que ajudou a cidade a organizar esta exposição e facilitou os encontros com a casa Brochier Soieries, que emprestou a maioria das peças.
Dufy, inspirado em HyèresAntes de descobrir as diversas peças em exposição, é importante entender como o pintor deu o salto para a moda. "Começou com as ilustrações para as coleções de Guillaume Apollinaire, chamadas Le Bestiaire. Depois disso, Paul Poiret notou essa obra, conheceu Raoul Dufy e lhe pediu modelos para seus vestidos", explica Franck Mei, diretor do Musée de la Banque e cocurador da exposição. A colaboração foi concluída sob o olhar atento de Charles Bianchini, então chefe de uma das maiores casas de seda da França. "Isso deu certa liberdade a Raoul Dufy, que criou até 3.000 modelos para a Bianchini-Férier", continua Franck Mei.
Entre os vestidos em exposição, um modelo de Paul Poiret dá as boas-vindas aos visitantes com o motivo "Perse" de Dufy: uma peça importante e atemporal. A exposição é então organizada em torno de cinco temas principais: Bestiário Estilizado, Cenas da Vida, Flores Celebradas, Mitos e Maravilhas e Abstração Têxtil. Além dos tecidos estampados criados por Dufy para os ateliês Bianchini-Férier e de peças de alta-costura — como modelos de Chanel, Agnès b. e Christian Lacroix, todos inspirados em seus motivos — a instalação também preserva um toque local. Os painéis que marcam a jornada da exposição pelo coração do museu apresentam gravuras de obras de Dufy inspiradas em sua estadia em Hyères, como suas representações da Place Stalingrad, do coreto e das fontes da cidade.
"Ele pintou cerca de trinta quadros em Hyères. Não temos nenhum vestígio dele aqui, exceto sua obra — e isso é o principal", sorri o diretor do sítio.
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Raoul Dufy e a Moda no Museu Bancário de Hyères. De 18 de julho a 16 de novembro. Terça a sexta, das 11h às 19h. Sábado, das 15h às 19h. Domingo, das 10h às 14h. Entrada: € 7.
Nice Matin