No sul da França, face ao aumento dos incêndios, assistiu-se ao surgimento de uma “cultura de risco”.

A negligência de alguns moradores de sua cidade diante dos riscos de incêndio irrita Yann Soubielle com frequência. No início de julho, com a multiplicação dos incêndios no departamento dos Pirineus Orientais, o empreiteiro de obras públicas acaba de escrever ao prefeito de Saint-André, à sua cidade, ao prefeito e ao Serviço Nacional de Florestas, solicitando que cumpram as obrigações legais de desmatamento.
Localizada não muito longe de Argelès, a comuna de Saint-André fica no sopé do maciço de Albères, na parte oriental dos Pireneus, com encostas arborizadas de azinheiras, sobreiros e castanheiros. A poucos quilômetros do Mediterrâneo, a vegetação é densa ao redor das casas e nas terras em pousio. As plantas estão desidratadas pelo sol e pela falta de chuva.
"Antes, estávamos em uma área vinícola, mas hoje muitos proprietários esperam que suas terras se tornem edificáveis antes de vendê-las", lamenta o Sr. Soubielle. "Com essas plantas não podadas, criamos uma reserva de combustível que nos impedirá de salvar casas em caso de incêndio, ou complicará o trabalho dos bombeiros, colocando-os em perigo, colocando-nos também em perigo e, junto com isso, nossas montanhas", lamenta. Segundo dados do Ministério do Interior, nos incêndios, 90% das casas destruídas pelas chamas não foram mantidas ou foram mal conservadas; a limpeza não foi feita ou foi feita de forma inadequada.
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Le Monde