"Um desafio estratégico sem precedentes": Japão expressa preocupação com a escalada militar chinesa em seu Livro Branco de Defesa

Entre os episódios considerados preocupantes, o Ministério da Defesa japonês cita a intrusão de uma aeronave militar chinesa no espaço aéreo japonês, em agosto passado: um fato inédito, descrito como uma "grave violação" da soberania nacional.
O Japão alertou na terça-feira, 15 de julho, contra a intensificação das atividades militares da China em seu território, estimando em seu Livro Branco de Defesa anual que essas manobras "poderiam afetar seriamente" sua segurança nacional.
O relatório, aprovado na manhã de terça-feira pelo governo do primeiro-ministro Shigeru Ishiba, destaca o número crescente de incursões e demonstrações de força dos militares chineses ao redor do Japão, incluindo no Mar da China Oriental e ao redor de Taiwan.
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Pule o anúncioEntre os episódios considerados preocupantes, o Ministério da Defesa japonês cita a intrusão de uma aeronave militar chinesa no espaço aéreo japonês em agosto passado: um fato inédito, descrito como uma "grave violação" da soberania nacional. O documento também se refere à passagem, em setembro, de um grupo naval chinês, incluindo um porta-aviões, entre duas ilhas japonesas localizadas perto de Taiwan. Esse tipo de manobra, segundo Tóquio, "cria uma situação que pode ter um sério impacto na segurança do país".
Na semana passada, caças chineses voaram a menos de 30 metros de uma aeronave de patrulha japonesa sobre as águas disputadas do Mar da China Oriental, reforçando a preocupação do governo. O Livro Branco também observa que navios chineses navegaram 355 vezes em 2024 perto das Ilhas Senkaku, administradas pelo Japão, mas reivindicadas por Pequim. Observa ainda que dois porta-aviões chineses operaram simultaneamente no Pacífico pela primeira vez em junho passado, incluindo um na zona econômica exclusiva do Japão.
Um porta-voz da Marinha chinesa, Wang Xuemeng, respondeu então que se tratava de um "exercício de rotina" destinado a "melhorar continuamente as capacidades de cumprimento da missão ". "Não tem como alvo nenhum país ou alvo específico", enfatizou. Por fim, Tóquio critica as manobras militares conjuntas conduzidas pela China e pela Rússia perto de seu território, acreditando que visam claramente intimidá-la.
Diante dessa dinâmica, o Ministério da Defesa considera as ambições militares de Pequim "um desafio estratégico sem precedentes e extremamente sério" para o Japão e a comunidade internacional. O documento também reitera que os programas de armas norte-coreanos representam uma ameaça "mais séria e iminente do que nunca".
Nesse contexto, o Japão prossegue seu fortalecimento militar, com o objetivo de alinhar seus gastos com defesa aos padrões da OTAN, ou seja, cerca de 2% do PIB. Também está fortalecendo sua cooperação com os Estados Unidos, enquanto Washington pressiona Tóquio a esclarecer seu papel em caso de conflito por Taiwan.
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