Rocío Ramos, psicóloga infantil: "Geolocalizar seus filhos pode ajudar a aumentar sua autonomia, mas..."

Criar filhos na era digital apresenta novos desafios e oportunidades. Entre notificações, mídias sociais e aplicativos móveis, os pais se deparam com decisões que nem sequer poderiam imaginar algumas décadas atrás. Desde como apoiar seus filhos em sua independência até como garantir sua segurança, a linha entre proteção e controle está se tornando cada vez mais tênue. Nesse contexto, surgem ferramentas tecnológicas que prometem facilitar a parentalidade , mas também levantam questões importantes sobre desenvolvimento e confiança.
Prós da geolocalização de criançasRocío Ramos, conhecida como Supernanny , destaca que essa tecnologia "dá muita tranquilidade aos pais, pois ajuda a localizá-los em caso de emergência". Para crianças menores, pode até ter um benefício prático, já que "com as crianças menores, pode ajudar a aumentar sua autonomia".
Dessa forma, as crianças podem realizar pequenas tarefas com segurança: "Vou dar-lhes tarefas ou deixá-los sair sozinhos nesta área segura que criamos", explica a psicóloga no programa de rádio Atrévete .
Além disso, a geolocalização "evita certos perigos; você se antecipa e previne coisas que podem acontecer", o que proporciona paz de espírito em situações inesperadas.
Contras da geolocalizaçãoNo entanto, nem tudo são vantagens. Rocío Ramos alerta que "também, e aqui vêm as desvantagens, isso afetará sua autonomia e desenvolvimento". As crianças aprendem habilidades importantes resolvendo problemas sozinhas: "Quanto nos ensinou a resolver problemas? Estou perdida, esta não é a rua que eu conheço, vou perguntar a alguém...?"
À medida que as crianças crescem, o uso da geolocalização pode se tornar uma ferramenta de controle em vez de segurança. Como explica a psicóloga: "O principal problema para mim, quando eles começam a crescer, é quando os pais não querem mais apenas paz de espírito, mas a usam como ferramenta de controle", acrescenta. "Não se trata tanto de segurança, mas sim de saber que estou monitorando meu filho constantemente."
Além disso, monitorar constantemente as crianças pode afetar sua autoestima e sensação de segurança. Rocío Ramos enfatiza: "Se eu as acompanho, as crianças sentem que tudo se resolverá... O que contribui muito pouco para sua autonomia e, portanto, para sua autoestima , algo que nos beneficia muito quando conquistamos as coisas por conta própria."
Antes de geolocalizar... pergunte-se estas perguntasPara decidir se você deve ou não geolocalizar seus filhos, o especialista sugere algumas variáveis-chave: "Primeiro, e fundamentalmente, você precisa avisá-los. Segundo, vamos permitir que eles cometam erros e se frustrem enquanto crescem."
Antes de tomar a decisão, considere o seguinte: "A geolocalização que estou propondo é necessária ou é para a minha tranquilidade? Se for para a sua tranquilidade, exerça o autocontrole, já que você é o adulto, e permita que ele faça as coisas sem a sua supervisão. Confie em tudo o que você fez até agora."
Por fim, ela enfatiza a importância da comunicação e da confiança: "Deixe-os cometer erros, deixe-os se frustrar, porque isso é essencial para o desenvolvimento deles" e "Se eu me comunicar bem com meu filho, posso dizer a ele: 'Me ligue se algo acontecer com você', e confiar nele". Dessa forma, os pais podem equilibrar segurança e autonomia, promovendo um desenvolvimento saudável sem recorrer à geolocalização constante.
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