Existe um ambiente para reduzir o orçamento de 2026 e evitar sua edição por decreto, como aconteceu no ano passado? É assim que o debate no Congresso está se desenrolando.

Na próxima segunda-feira, encerra-se o prazo para as comissões econômicas do Congresso votarem o orçamento, inicialmente apresentado pelo governo de Gustavo Petro em 556,9 bilhões de pesos. A proposta do governo está subfinanciada em 26 bilhões de pesos, o que significa que sua aprovação exigiria uma reforma tributária para cobrir o déficit.
É improvável que isso aconteça, visto que opositores do governo e setores independentes já declararam que não aprovarão uma reforma tributária para este governo em meio a um período eleitoral. Eles a veem como uma recompensa para um governo que aumentou os gastos, utilizou a cláusula de salvaguarda da regra fiscal e não atingiu as metas de receita.

O Ministro da Fazenda, Germán Ávila, apresenta o Orçamento de 2026 ao Congresso. Foto: Maurício Moreno. El Tiempo
Nos últimos dias, a proposta de redução do valor ganhou força. A oposição afirma que essa é a única maneira de aprovar o orçamento. Além disso, figuras como o senador Juan Felipe Lemos, relator e membro do Partido U, disseram que essa é a única maneira de prosseguir, pois não podem permitir que o orçamento seja aprovado novamente por decreto.
Em entrevista ao EL TIEMPO há alguns dias, ele explicou que, embora o governo tenha tido um orçamento negado há um ano, não pode repetir essa possibilidade desta vez, pois a proposta orçamentária inclui poderes para o presidente Gustavo Petro modificar períodos orçamentários futuros. Se isso acontecesse, afirmou, colocaria em risco importantes projetos de infraestrutura.
A proposta de redução orçamentária ganhou um importante aliado nos últimos dias: o deputado Wilmer Castellanos, presidente da Terceira Comissão da Câmara e próximo ao governo. Neste fim de semana, foi revelado que ele apresentou uma proposta de redução orçamentária. Inicialmente, sua proposta buscava reduzir o orçamento e eliminar o déficit de 26 bilhões de pesos do orçamento proposto. Em seguida, seria tramitada uma reforma tributária e, com os recursos obtidos com esse projeto fiscal, seria feito um acréscimo orçamentário.

Sessão conjunta da Terceira e Quarta Comissão Econômica. Foto: MAURICIO MORENO
No entanto, o governo de Gustavo Petro teria desaprovado a proposta, e agora o deputado afirmou que busca a possibilidade de chegar a um acordo para reduzir o valor. "O que pedimos ao governo nacional é uma margem de manobra para que a história de promulgação do orçamento por decreto não se repita", disse Castellanos à imprensa. Na mesma declaração, ele garantiu que o governo nacional estaria aberto ao diálogo.
Senadores que se encontraram com o Ministro da Fazenda ontem à tarde afirmam que o Ministro da Fazenda, Germán Ávila, com suas declarações na reunião, abriu caminho para considerar uma redução no financiamento solicitado para o próximo ano. Essa possibilidade será explorada na reunião de hoje entre Ávila e os presidentes das comissões econômicas.
No entanto, há setores que consideram a proposta de diálogo do governo pouco genuína. Por exemplo, a senadora Angélica Lozano questionou a posição do governo em relação à forma como apresentou o orçamento. "Esta é uma estratégia política de dizer: 'Não me deixaram, o Congresso negou', e é uma estratégia de campanha eleitoral para as chapas do Pacto Histórico no Congresso", disse a senadora Angélica Lozano.

Sessão Conjunta da Terceira e Quarta Comissões Econômicas Foto: MAURICIO MORENO
Outros parlamentares, como o senador Jhon Jairo Roldán, também expressaram dúvidas sobre a possibilidade de o governo concordar em alterar o valor. Ele explicou que há várias propostas em pauta: "Há propostas para reduzir em 40 bilhões; para reduzir para evitar a lei de financiamento, ou seja, 26 bilhões; para reduzir em cerca de 16 bilhões e deixar na lei de financiamento; e o Ministério da Fazenda, que pede que o valor não seja alterado."
Uma demanda crescente Diante de tantas propostas e de nenhum anúncio público do governo Gustavo Petro ou de seu Ministro da Fazenda para negociar uma redução no valor, o sentimento inicial sugere que a proposta será rejeitada novamente e um decreto terá que ser editado. Esse cenário também tem poucos apoiadores, como demonstrado pela recente entrevista ao EL TIEMPO do presidente do Senado, Lidio García.
“Espero que o Congresso aprove o orçamento do Presidente. Isso enviaria uma boa mensagem de tranquilidade. Mas um orçamento que atenda fielmente às necessidades do povo colombiano”, disse García, acrescentando, sobre o orçamento: “A divulgação adequada do projeto de lei poderia permitir acordos. Mas se não o aprovarem, o Presidente terá que fazê-lo por decreto. Mas isso não enviaria uma boa mensagem. A política precisa virar a página todos os dias. Vamos deixar de lado a eleição do magistrado e buscar aprovar o orçamento que permitirá que o país avance”, afirmou.
A proposta de redução do valor também repercutiu entre os sindicatos, que alertaram para a necessidade de reduzir o valor e manter um orçamento equilibrado e responsável para as finanças do país. Por exemplo, Luis Fernando Mejía, diretor executivo da Fedesarrollo, ressalta que o valor deveria ter aumentado com base na inflação de 2025.
“O projeto de lei orçamentária de 2026, no valor de 557 trilhões de pesos, repete os mesmos erros do ano anterior: Um. Crescimento de gastos de 9%, o que dobra a inflação projetada para 2026 (4,5%). Esse aumento é calculado em comparação com o orçamento atual com decreto de adiamento, que equivale a 511 trilhões de pesos. Dois. Um aumento no déficit primário — a diferença entre gastos não relacionados a juros e receita — que passaria de 1,4% para 2,0% do PIB, o equivalente a 38,6 trilhões de pesos. Três. A ausência de qualquer esforço para iniciar um ajuste sério dos gastos públicos. Quatro. Uma reforma tributária com pouca margem de manobra política em um ano pré-eleitoral. A primeira discussão substantiva que o Congresso deve ter é o valor total do orçamento, que deve crescer em linha com a inflação esperada. Nesse caso, não deve exceder 531 trilhões de pesos”, afirmou Mejía.

#Colômbiaem5minutos: CNE aprovou a fusão do Pacto Histórico Foto:
Juan Sebastián Lombo Delgado
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