Estes são os artigos que mais serão polêmicos na conciliação da reforma trabalhista

Faltam pouco mais de 48 horas para o final da sessão legislativa, e a conciliação da reforma trabalhista ainda está pendente. A proposta foi muito semelhante no Senado e na Câmara dos Deputados, portanto, espera-se que seja apenas uma questão processual. María Fernanda Carrascal (Pacto Histórico) e Juan Camilo Londoño (Aliança Verde) foram designados para essa tarefa pela Câmara, enquanto Juan Sammy Merheg (Partido Conservador) e Carlos Abraham Jiménez (Cambio Radical) foram nomeados relatores no Senado.
Embora os textos sejam muito semelhantes, ambos os presidentes do Senado se opõem ao projeto aprovado nesta terça-feira, portanto, pode haver divergências de opinião que possam atrasar o processo. É importante lembrar que estamos em uma corrida contra o tempo, pois o texto precisa ser conciliado e votado em ambas as casas antes do final da sexta-feira, 20 de junho, dia do encerramento da terceira legislatura. Caso contrário, a proposta afundará, já que as duas legislaturas em que foi debatida já se esgotaram.

O plenário do Senado aprovou a reforma trabalhista. Foto: César Melgarejo/El Tiempo
O governo de Gustavo Petro está atento a essa questão. Não se trata apenas do futuro da segunda reforma social aprovada pelo Congresso, mas também do ponto que ele estabeleceu como condição para não avançar com o que ficou conhecido como "decretazo" — a decisão de convocar um referendo sobre a reforma trabalhista por decreto, ignorando o parecer negativo do Senado.
O presidente Gustavo Petro reiterou na reunião ministerial de terça-feira que só retirará o controverso decreto presidencial quando o texto for finalizado. Ontem, ele reiterou esse ponto após a decisão do Conselho de Estado de suspender o decreto: "É claro que a diretoria do Senado pode usar a suspensão para interromper o processo de conciliação e pôr fim aos direitos recentemente adquiridos por milhões de trabalhadores colombianos."
Os pontos de discussão Embora a proposta do Senado fosse muito semelhante ao texto da Câmara, especialmente nos pontos-chave que o presidente apresentou em vários tuítes e discursos, o governo Petro já alertou que haverá questões nas quais insistirá durante o processo de conciliação. "O contrato agrário está ausente, e as mulheres, se apresentarem alguma anormalidade durante o período menstrual ou dores intensas, devem poder ir ao médico. Essas são as duas coisas que nos faltaram no Senado. Fora isso, nos saímos muito bem", disse o ministro do Interior, Armando Benedetti, ao EL TIEMPO.

O plenário do Senado aprovou a reforma trabalhista. Foto: César Melgarejo/El Tiempo @cesarmelgarejoa
No primeiro caso, a Câmara eliminou os artigos relativos aos contratos agrícolas. Em contrapartida, o Senado tramitou um artigo que contemplava essa possibilidade por meio de outra lei. "No primeiro ano de vigência desta lei, o Estado formulará uma política pública de apoio ao trabalho agrícola. Essa política terá como objetivo apoiar, acompanhar e proteger as unidades produtivas nacionais dedicadas à atividade agrícola, para que seus trabalhadores possam usufruir de todos os direitos e garantias consagrados na Constituição e nas leis, observadas as especificidades do setor", afirma o artigo 40, aprovado pelo plenário.
Por outro lado, em relação à chamada licença menstrual, o Senado aprovou texto que estabelece explicitamente que apenas mulheres e indivíduos menstruados podem utilizar essa opção "para o diagnóstico e tratamento da endometriose". Em contrapartida, a Câmara estendeu a licença a qualquer "trabalhadora que apresente ciclos menstruais debilitantes, dismenorreia ou tensão abdominal em decorrência da menstruação".
Uma questão que o Ministro Benedetti não mencionou, mas que certamente terá divergências durante a conciliação, é a da licença-paternidade. "A licença-paternidade na Colômbia aumentará progressivamente até atingir quatro (4) semanas em 2026, da seguinte forma: em 2025, aumentará para três (3) semanas, em 2026, atingirá quatro (4) semanas", afirma o Artigo 49 aprovado na Câmara. No entanto, no Senado, foi mantido como está: 14 dias. A relatora da Câmara, María Fernanda Carrascal, criticou duramente a não inclusão deste ponto.

Reforma trabalhista aprovada em plenário do Senado. Foto: César Melgarejo/El Tiempo @melgarejocesarnew
Outra questão que promete ser debatida é a remuneração que os aprendizes do SENA receberão durante seus anos escolares. A Câmara dos Deputados decidiu fixá-la em 60% do salário mínimo, enquanto o Senado decidiu fixá-la em 75%, uma diferença de 15 pontos percentuais. Sobre este e outros pontos, o Ministro Benedetti afirmou : "O que foi aprovado no Senado é muito mais importante e mais progressista do que o que veio da Câmara dos Deputados."
Os tempos da conciliação O presidente do Senado, Efraín Cepeda, só nomeou os conciliadores no final da tarde de quarta-feira. Isso significa que é altamente provável que a sessão de quarta-feira tenha sido completamente perdida para a padronização dos textos. Isso significa que o texto precisa estar pronto antes do encerramento das sessões plenárias do Senado e da Câmara hoje, quinta-feira. Isso porque o voto de conciliação precisa ser anunciado em cada casa legislativa, e o relatório a ser discutido precisa ser publicado no Diário do Congresso.
Ambas as sessões plenárias estão marcadas para sexta-feira para votar os textos acordados. Se qualquer um dos dois órgãos não aceitar o texto ou emitir uma decisão até a meia-noite, a proposta será rejeitada. Isso significaria que o presidente Gustavo Petro voltaria a insistir em sua proposta de referendo popular e em sua ameaça de até mesmo realizar uma assembleia constituinte.
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A reforma trabalhista foi aprovada no plenário do Senado. Foto:
Juan Sebastián Lombo Delgado
eltiempo